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Aline Peixoto, candidata ao TCM-BA, com o marido, o ministro da Casa Civil, Rui Costa Divulgação
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quarta-feira 8 de março de 2023 às 06:33h

Perfil Aline Peixoto: a ex-primeira-dama que abalou uma relação histórica no PT da Bahia

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Motivo de atritos entre aliados do presidente Lula (PT) na Bahia e de estremecimentos na base petista, a candidatura de Aline Peixoto a um cargo vitalício no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) no estado sustentou seu favoritismo segundo matéria de Bernardo Mello , no O Globo, mesmo sob artilharia constante, tanto de opositores quanto de aliados de seu marido e principal fiador, Rui Costa, atual ministro da Casa Civil. Com perspectiva de alcançar maioria folgada, hoje à tarde, no plenário da Assembleia Legislativa, Aline quase terminou sua sabatina na segunda-feira “aclamada”, em um ato falho da deputada estadual Maria Del Carmen (PT) ao anunciar a votação no fim da sessão.

Mesmo defendendo o ineditismo de uma mulher ser eleita ao TCM baiano e reclamando de “ataques sistemáticos (…) apenas por ser casada com o ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil”, Aline não se dissociou de Costa no processo: o marido se encontrou mais de uma vez com deputados no último mês e participou de uma reunião de secretariado do atual governador, Jerônimo Rodrigues, na semana passada. Outros três ministros de Lula, Renan Filho (Transportes), Waldez Góes (Integração Nacional) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social), também emplacaram esposas a tribunais de contas em Alagoas, Amapá e Piauí, respectivamente, sem enfrentar resistência. Costa e Aline, além de uma oposição mais volumosa na assembleia baiana, tiveram a contrariedade de Jaques Wagner (PT-BA), também ex-governador e líder do governo Lula no Senado.

Segundo interlocutores, o incômodo de Wagner envolve desgastes com Costa, a quem elegeu como sucessor no governo da Bahia em 2014, e entre as esposas de ambos. Durante o carnaval, o senador defendeu ao portal “BNews” que a vaga no TCM ficasse com um parlamentar — o concorrente de Aline, Tom Araújo, é ex-deputado e deixou de disputar a reeleição em 2022 para tratar um câncer no intestino. A mulher de Wagner, Fátima Mendonça, fez coro ao marido e cutucou a candidatura de Aline: “Eu digo que é desnecessário, pode ser tantas coisas. Só tem esse caminho?”, questionou, em entrevista ao site “Bahia Notícias”.

O secretário de governo, Jaques Wagner, e a mulher, Fátima Mendonça — Foto: Reprodução

O secretário de governo, Jaques Wagner, e a mulher, Fátima Mendonça — Foto: Reprodução

Três fontes, incluindo aliados de governos petistas na Bahia, relataram ao jornal O Globo que Fátima e Aline tiveram desentendimentos após Rui Costa assumir o governo, em 2015. Os atritos, segundo relatos, começaram com a exoneração de funcionários do Palácio de Ondina, residência oficial do governador, tidos como pessoas de confiança de Fátima, e também envolveram a passagem de bastão do programa Voluntárias Sociais, tocado pelas primeiras-damas na Bahia. Desde o ano passado, ambas têm evitado se encontrar, inclusive em eventos públicos, de acordo com interlocutores. O jornal não conseguiu contato com Fátima e Aline. Procurados, Wagner e Rui não quiseram falar sobre a eleição ao TCM.

À frente do Voluntárias Sociais, Aline conduziu programas de assistência social e de saúde com ênfase em Jequié, sua cidade natal, no sudoeste baiano, que foi uma das primeiras a receber um mutirão de cirurgias eletivas, lançado por Costa e a então primeira-dama em 2016. Naquele ano, Aline mergulhou na eleição municipal em Jequié e encabeçou atos de campanha para um candidato a prefeito, Tadeu Cafezeiro (PDT), que acabou derrotado por Sérgio da Gameleira (PSB), aliado de Costa.

Costuras de apoio

À época, Gameleira disse que a primeira-dama “induziu” Costa a retirar o apoio do PT à sua chapa. Em 2020, Aline ajudou a costurar o apoio de Costa a Zé Cocá (PP), que acabou eleito. Após o rompimento entre o PP e o governo petista, no ano passado, Costa citou sua mulher ao reclamar de uma “traição” do prefeito por se alinhar à oposição na disputa estadual: “Fiquei noites e noites conversando com minha esposa, dizendo ‘não é possível um negócio desses’”, lamentou.

Segundo interlocutores do PT baiano, a origem da empreitada pela vaga no TCM tem as digitais de Aline, e depois foi avalizada por Costa. Mesmo com a declaração pública de Wagner contrária à candidatura, deputados da base petista mantiveram o apoio à ex-primeira-dama, o que deve lhe garantir mais do que os 32 votos necessários para assumir a vaga no TCM, por entenderem que o próprio senador “tirou o pé” da articulação para não desagradar o ministro da Casa Civil. Costa e Wagner tiveram atritos às vésperas da campanha eleitoral de 2022, após o então governador articular a retirada da candidatura do PT ao governo para se lançar ao Senado, movimento que acabou não prosperando.

Aline Peixoto, durante campanha eleitoral para a prefeitura de Jequié — Foto: Reprodução

Aline Peixoto, durante campanha eleitoral para a prefeitura de Jequié — Foto: Reprodução

Aline conheceu Costa, à época secretário do governo Jaques Wagner, após ser nomeada, em 2008, diretora do Hospital Regional de Ipiaú, município vizinho a Jequié, onde havia atuado como enfermeira. Eles se casaram em 2013 e têm duas filhas; Costa tem mais dois filhos de outros casamentos.

— Tenho sido vítima do velho e ultrapassado hábito de tentar definir o lugar que a mulher deve ocupar na sociedade. É como se dissessem não pode ser conselheira do Tribunal de Contas — argumentou Aline em sua sabatina, na segunda-feira.

Durante o segundo mandato do marido, Aline manteve um cargo de assessora na secretaria estadual de Saúde, conforme revelou o jornal Folha de S. Paulo, mesmo acumulando as ações do Voluntárias Sociais. Em 2021, o nome da então primeira-dama também apareceu em uma troca de mensagens entre a ex-procuradora-geral de Justiça da Bahia, Ediene Lousado, e a também procuradora Sara Mandra Rusciolelli, obtida pela Polícia Federal no âmbito da Operação Faroeste, que apura venda de sentenças por desembargadores. Aline, que não é investigada no caso, é descrita por Sara Mandra — cuja irmã, a desembargadora Sandra Inês Rusciolelli, foi presa na Faroeste — como interlocutora próxima do empresário Cleber Isaac Andrade, alvo de outra operação, a Cianose, que tampouco mirou a mulher de Costa.

Isaac é acusado de intermediar uma compra de respiradores do Consórcio Nordeste, coordenada por Costa, com indício de fraude. Segundo o diálogo, Issac também fez uma transação imobiliária para Aline, o que fez Costa comentar durante um evento, “em tom irônico”, que se tratava de um amigo da primeira-dama.

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