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segunda-feira 14 de agosto de 2023 às 19:51h

PAC 3 está com o foco dado às concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs)

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O anúncio da terceira fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na sexta-feira (11), com investimentos de R$ 1,7 trilhão em obras e projetos, mostra a intenção correta do governo em avançar na infraestrutura. Mas questões como capacidade de execução dos projetos propostos e disciplina fiscal são pontos que ainda pesam sobre a forma como especialistas veem a possibilidade de sucesso do programa. O PAC 3 prevê investimentos de R$ 1,7 trilhão até 2030, sendo R$ 1,4 trilhão até 2026.

A conta inclui várias formas de investimentos, conforme Rafael Rosas, Rodrigo Carro e Caio Sartori, em reportagem do jornal Valor: R$ 371 bilhões previstos com recursos do Orçamento Geral da União; R$ 343 bilhões das empresas estatais; R$ 363 bilhões em financiamentos; e R$ 612 bilhões do setor privado.

O novo PAC tem nove eixos: Saúde (R$ 31 bilhões), Educação (R$ 45 bilhões), Infraestrutura Social e Inclusiva (R$ 2 bilhões), Cidades Sustentáveis e Resilientes (R$ 610 bilhões), Água Para Todos (R$ 30 bilhões), Transporte (R$ 349 bilhões), Defesa (R$ 53 bilhões), Transição e Segurança Energética (R$ 540 bilhões) e Inclusão Digital e Conectividade (R$ 28 bilhões). Na cerimônia de lançamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o papel de indutor do Estado será feito de forma “competente”. “Não podemos aceitar essa ideia de negar o Estado”, disse.

O governo dividiu o programa em cinco “grandes grupos”: aperfeiçoamento do ambiente regulatório e do licenciamento ambiental; expansão do crédito e incentivos econômicos; aprimoramento dos mecanismos de concessão e PPPs; alinhamento ao plano de transição ecológica; planejamento, gestão e compras públicas.

Entre os elogios feitos ao PAC 3 está o foco dado às concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs), além dos aportes previstos em ações para a transição energética. Do lado das críticas, os cuidados com a governança são encarados como prioritários para que não sejam repetidos os erros das duas primeiras versões do programa.

O especialista em infraestrutura Claudio Frischtak, da Inter.B Consultoria, afirma que a questão de primeira ordem é a governança. Ele lembra que muitas obras ficaram inacabadas nos PACs 1 e 2 e ressalta que “não é óbvio” que projetos paralisados tenham obrigatoriamente que ser retomados.

“Não é nada óbvio que precisa terminar todas as obras. Algumas sim, outras não. Tem que fazer conta”, resume Frischtak, para quem é fundamental se analisar a Taxa Social de Retorno de cada um dos empreendimentos parados antes de decidir retomá-los ou não. “Governança é ter certeza que projetos são de fato prioritários”, frisa.

Na apresentação do programa, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, lembrou das obras paralisadas das outras versões e disse que o PAC 3 as retomará para não criar “cemitérios de obras públicas.”

Recursos do setor privado só estão garantidos depois da contratação”
Giovani Loss
Frischtak ressalta ainda a importância da execução para que o PAC 3 seja bem-sucedido. E lembra da necessidade de projetos executivos bem realizados para que as obras tenham o desenrolar esperado. Ele frisa que cerca de metade das obras dos PACs anteriores criticadas nos relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) sofria com projetos de má qualidade.

Ele acrescenta que, em termos de governança, o mais adequado seria a administração do PAC 3 pelo Ministério do Planejamento, e não pela Casa Civil. “O Ministério do Planejamento [seria o ideal], por ser transversal, por não sofrer de hipertrofia e por estar aparelhado para ser o ‘locus’ da governança do PAC, em vez da Casa Civil”, diz.

Giovani Loss, sócio da área de energia e transição energética do Mattos Filho, afirma que ainda não está claro como o PAC “conversará” com os projetos de lei que tramitam no Congresso e tratam de transição energética. “O que está claro é que há intenção de que o setor de transição energética receberá investimentos e [o PAC] coloca isso à mostra. Nos PACs anteriores teve uma série de divulgações e muita coisa não aconteceu.”

Loss também alerta que há dúvidas sobre a parte fiscal, principalmente no que diz respeito aos recursos do Orçamento. “Não está claro como essa conta vai ser paga”, diz, lembrando que o arcabouço fiscal ainda tramita no Congresso. “E os recursos do setor privado só estão garantidos depois da contratação de fato.”

O advogado Fernando Vernalha, do escritório Vernalha Pereira, considerou positivo o anúncio, principalmente por haver um incentivo claro às concessões e às PPPs. “As edições anteriores eram focadas em investimento público. E havia problemas de execução de obras e recursos. As PPPs são mais céleres que o investimento público e o PAC tem carteira robusta de PPPs e concessões”, afirma.

Ana Karina Souza, sócia da área de infraestrutura e energia do Machado Meyer Advogados, diz que há direcionamento maior de investimentos para a transição energética, mas alerta que outros passos são necessários. “Para que haja volume maior de recursos, o governo federal precisa impulsionar políticas de incentivo além de propiciar um ambiente seguro de negócios para motivar o investimento por parte do setor privado no setor de energia e infraestrutura.”

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