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Quinteto de Stephan (um grupo de cinco galáxias na constelação de Pégaso), fotografado pelo Webb Telescópio James Webb/Nasa
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terça-feira 12 de julho de 2022 às 12:32h

Novas imagens do James Webb mostram pontos do universo jamais vistos antes

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A Nasa divulgou nesta terça-feira (12) as primeiras imagens do Observatório James Webb, após uma prévia na segunda, inaugurando uma nova era da exploração especial. O telescópio, o maior e mais caro já produzido, permite a observação de pontos nunca antes vistos do universo, e a expectativa é que ajude a Humanidade a ver as primeiras galáxias formadas logo após o Big Bang, há 14 bilhões de anos, e a responder questões-chave para o estudo do cosmos.

As imagens são um aperitivo do que o Webb, que orbita o sol a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, deve mostrar nos próximos anos. Já sinalizam, contudo, a importância do projeto encabeçado pela Nasa, mas que conta também com a participação das agências espaciais canadense e europeia: são uma janela para o passado do universo e para o futuro da ciência.

— O lançamento do James Webb representa uma conquista significativa para a humanidade e a abertura de uma nova era na astronomia — disse ao GLOBO Jaziel Goulart Coelho, professor do núcleo de Astrofísica e Cosmologia da Universidade Federal do Espírito Santo. — Ele permitirá abordar questões fundamentais sobre a natureza do universo e o ciclo cósmico de estrelas, planetas e a vida.

O Webb permitirá ver o passado porque, como a luz viaja a cerca de 300 mil quilômetros por segundo — o que faz, por exemplo, com que leve oito minutos para que a luz do Sol chegue até à Terra. As distâncias no espaço são tão grandes, contudo, são tão grandes que o Webb captará a luz emitida há milhões de anos atrás.

As imagens desta terça-feira mostram o planeta WASP-96 b, o Quinteto de Stephan (um grupo de cinco galáxias na constelação de Pégaso), a Nebulosa do Anel Sul e a Nebulosa Keel.

A primeira a ser divulgada foi a do exoplaneta WASP-96 b, que orbita uma estrela como o Sol a cerca de 1.120 anos-luz da Terra. Sua massa é maior que a de Saturno, mas cerca da metade da. de Júpiter. A imagem mostra evidências de vapor de água e nuvens nunca antes vistas.

A segunda foi a da Nebulosa do Anel Sul, a 2 mil anos-luz da terra, que inclui uma nuvem de gás ao redor de uma estrela que está morrendo, capturadas pelo telescópio. Ela, segundo a Nasa, irá “transformar nossa compreensão de como as estrelas se desenvolvem e influenciam seus ambientes”.

Houve uma prévia na segunda, quando a primeira foto do telescópio foi divulgada em um evento especial na Casa Branca, com a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Ela mostrava o aglomerado de galáxias SMACS 0723, a cerca de 4,6 bilhões de anos-luz de distância.

A imagem revela um pedaço do céu visível do Hemisfério Sul na Terra e frequentemente fotografado pelo Hubble e por outros telescópios em busca do passado profundo. Os astrônomos usam esse aglomerado de galáxias como uma espécie de telescópio cósmico. O enorme campo gravitacional do aglomerado atua como uma lente, distorcendo e ampliando a luz de galáxias localizadas atrás dele que, de outra forma, seriam muito fracas e distantes para serem vistas.

Ele observa o universo principalmente no espectro infravermelho, conseguindo ver além das nuvens de gás e poeira onde nascem as estrelas. Como explica Goulart Coelho, as galáxias que o Webb alcança se afastam rapidamente de nós devido à expansão do universo, o que torna o comprimento de onda de sua luz mais longo e invisível aos olhos humanos.

— Essas estrelas estão essencialmente escondidas aos nossos olhos, não importa o que tentemos fazer — disse ele. — O Webb observa o universo nesta região do espectro eletromagnético.

A capacidade de ver no espectro infravermelho é uma das grandes diferenças entre o Webb e o Hubble, que opera majoritariamente no espectro visível ao olho humano e um pouco no ultravioleta. Logo, por mais que olhem para lugares similares, o novo instrumento verá coisas novas e sem o empecilho da poeira cósmica que esconde os astros.

O poder do observatório fica claro por sua infraestrutura: o espelho coletor de luz, que forma a icônica estrutura que lembra uma colmeia, será composta por 18 partes hexagonais e terá 6,5 metros, o triplo do tamanho e cem vezes a sensibilidade do Hubble. O escudo solar tem 21 metros de altura e 14 metros de comprimento — dimensões similares a de uma quadra de tênis.

Os espelhos já tiveram alguns impactos com a poeira cósmica, mas uma supresa desagradável veio no fim de maio, quando um dos espelhos foi danificado por um micrometeorito. O impacto distorceu um pouco as observações, mas o prejuízo é quase imperceptível.

O telescópio, que levou 25 anos da concepção ao lançamento e custou cerca de US$ 10 bilhões, foi lançado no Natal do ano passado, de uma base na Guiana Francesa. Foi a bordo do foguete Ariane 5, dobrado como um origami, e aberto gradualmente a caminho do lugar onde orbitaria, em um processo que levou quase um mês.

Ele é batizado em homenagem a James Webb, o gerente da Nasa durante os anos das missões Apolo, que levaram o homem à Lua em 1969. Há críticas, contudo, há homenagem, já que Webb é acusado de ter sido uma figura central na caça às bruxas contra gays e lésbicas que trabalhavam para o governo americano e suas agências no meio do século XX. Uma petição para que o nome do projeto seja mudado já foi assinado por mais de 1,7 mil estudiosos da astrofísica.

O Webb é um das missões mais complexas já produzidas pela Nasa, e foi um desafio de engenharia do início ao fim: inicialmente concebido em 1996, a previsão era que o telescópio custasse cerca de US$ 500 milhões e levasse uma década para ficar pronto. Quando o desenho ficou pronto, contudo, ficou claro que não custaria menos de US$ 1 bilhão, que 10 anos não seriam suficientes e que a tecnologia disponível à época não era suficiente.

Ao longo dos anos, o cheque foi aumentando conforme a data prevista de lançamento era adiada. Em 2011, quando mais de US$ 5 bilhões já haviam sido gastos, o Congresso americano ameaçou cancelar o projeto, que seguiu em frente com a promessa de pôr o telescópio no céu em 2018, com um teto de US$ 8 bilhões.

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