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quarta-feira 8 de novembro de 2023 às 16:07h

Candidatos e pautas democratas vencem eleições regionais nos EUA

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Os Estados Unidos tiveram na noite da última terça-feira (7) um dia com eleições em diversos Estados – para governador, senado estadual e referendos para a aprovação de emendas constitucionais – com resultados que apontam para uma direção: os eleitores irão às urnas defender o direito ao aborto, uma boa notícia para o Partido Democrata.

Nos redutos republicanos de Ohio e Kentucky, bem como nos Estados-pêndulo de Virgínia e Pensilvânia, os defensores do direito ao aborto gastaram segundo  Aaron Zitner e Laura Kusisto, da Dow Jones, milhões de dólares em propagandas que diziam aos eleitores que não podiam confiar nos políticos do Partido Republicano para definir a política estadual de aborto depois que a Suprema Corte acabou no ano passado com o direito federal ao procedimento, delegando essa decisão aos Estados.

Os esforços funcionaram nas eleições de terça-feira, dando aos democratas esperanças de que possam aproveitar o tema mais uma vez em 2024 para compensar a visão ruim da população sobre a condução econômica do presidente Joe Biden.

“O aborto é uma questão que motiva e atrai os democratas, e essa vantagem para eles não vai desaparecer”, disse Tucker Martin, estrategista político republicano de longa data na Virgínia, onde os democratas mantiveram o controle sobre o senado estadual e ganharam controle sobre a câmara estadual.

Os resultados também indicam que os republicanos e os grupos antiaborto ainda não alinharam discurso sobre o assunto, já que os democratas se concentraram em combater as proibições estritas em alguns Estados para retratar o outro lado como extremista.

Em campanha para os candidatos republicanos ao legislativo da Virgínia, o governador Glenn Youngkin pediu a proibição do aborto após 15 semanas de gravidez, em vez do limite atual do Estado, que permite o procedimento após 26 semanas – uma ideia que está fora de questão agora que os democratas controlarão ambas as casas legislativas. O governador e os líderes nacionais antiaborto esperavam que as eleições de terça-feira mostrassem que a proposta de Youngkin atraísse os eleitores moderados.

Em Ohio, os eleitores aprovaram uma emenda à constituição estadual que protege o acesso ao aborto até que o feto possa viver fora do útero, geralmente por volta das 23 semanas de gravidez. A decisão foi uma resposta aos republicanos das casas legislativas estaduais e ao governador republicano Mike DeWine, que em 2019 aprovou a proibição do aborto após cerca de seis semanas de gravidez, decisão bloqueada judicialmente durante grande parte do ano passado.

Na Pensilvânia, o democrata Daniel McCaffery foi eleito para Supremo Tribunal estadual após publicar anúncios prometendo defender o direito ao aborto e o direito ao voto. A vitória sobre a republicana Carolyn Carluccio fortalece a maioria democrata existente em um tribunal que decidiu casos importantes sobre o acesso ao voto antes das eleições de 2020, naquele que é considerado um dos principais Estados-pêndulo dos EUA.

Em Kentucky, um Estado que o ex-presidente Donald Trump venceu duas vezes por mais de 25 pontos percentuais, os eleitores reelegeram o governador democrata Andy Beshear, que disputou com o procurador-geral republicano Daniel Cameron, que apoia a proibição quase total do aborto no Estado.

Beshear publicou um dos anúncios mais contundentes do ano relacionados ao aborto, apresentando uma jovem que diz ter sido estuprada pelo padrasto aos 12 anos.

“Isto é para você, Daniel Cameron”, ela diz para a câmera. “Dizer a uma menina de 12 anos que ela deve ter o filho do padrasto que a estuprou é impensável.”

Cameron chegou a indicar apoio a abrir exceções para o aborto em casos de estupro e incesto. Trey Grayson, republicano e ex-secretário de Estado do Kentucky, disse que a mudança postura de Cameron mostrou que o aborto se tornou um fator nas eleições, assim como o fato de Beshear ter destacado a questão. “No passado, os democratas não falavam muito sobre o aborto”, disse ele.

Desde que a Suprema Corte dos EUA derrubou a decisão Roe v. Wade – que previa a garantia federal do direito ao aborto – em junho passado, grupos de defesa do acesso ao procedimento obtiveram uma série de vitórias em Estados como Kansas, Kentucky, Michigan e Wisconsin. A questão também ajudou o Partido Democrata nas eleições de meio de mandato do ano passado, especialmente nas votações para governador no Arizona e no Michigan, onde o aborto foi um ponto central nas discussões entre os candidatos, bem como nas eleições para o Congresso.

A vitória em Ohio provavelmente criará um novo impulso para que o assunto do aborto volte a ser discutido nas eleições de 2024 em Estados como Arizona, Flórida, Nevada e Nebraska. Isso poderia ajudar a aumentar a participação dos eleitores democratas em locais que podem definir o controle das casas legislativas federais e a eleição para presidente.

Os dois partidos buscam por pistas nos resultados de terça-feira sobre como o aborto pode afetar a corrida presidencial de 2024.

Os resultados de alguns Estados sugerem que os eleitores dos subúrbios mais ricos fora das grandes cidades, que muitas vezes votam no Partido Republicano, apoiam o direito ao aborto.

Em Ohio, por exemplo, cerca de 60% dos eleitores no condado de Delaware, nos arredores de Columbus, apoiaram a emenda constitucional que protege o aborto – número maior do que os 53% dos eleitores da região que apoiaram Trump em 2020.

Mike Madrid, um consultor político republicano, disse que muitos destes eleitores, especialmente mulheres, estão abandonando o Partido Republicano.

“A tendência das mulheres republicanas suburbanas com formação universitária de votarem nos democratas é agora mais provável do que menos provável”, disse ele. “Não todos, mas uma parcela significativa.

Nos arredores de Richmond, Virgínia, uma senadora republicana perdeu seu posto para um democrata após fazer campanha a favor da proibição do aborto após 15 semanas. Os democratas também venceram uma disputa para o Senado nos subúrbios da Virgínia, nos arredores de Washington, D.C., na qual o candidato do partido prometeu evitar uma reversão do direito ao aborto.

A questão do aborto faz com que Trump seja pouco claro sobre sua posição em relação ao tema. Ele frequentemente destaca o fato de que seus indicados à Suprema Corte ajudaram a derrubar Roe v. Wade, mas não apoiou leis nacionais que proíbem o aborto em algum momento da gravidez.

Tom Bonier, da empresa democrata de dados eleitorais TargetSmart, disse que os resultados de terça-feira mostraram que o aborto pode impulsionar a tentativa de reeleição de Biden, o que atraiu um entusiasmo silencioso dos eleitores.

“O que você está vendo nesses resultados é que a questão do aborto ganhou importância”, disse Bonier.

Ele disse que os resultados eleitorais desde a decisão mostraram que o direito ao aborto podem motivar os eleitores democratas que até agora não estavam engajados, ao mesmo tempo que conquistavam “algum número de eleitores de Trump”.

Martin, o republicano da Virgínia, disse que embora o aborto seja uma questão poderosa, pode não ser a mais poderosa no dia das eleições do próximo ano. “Cada eleição é diferente na hierarquia de questões que são importantes para os eleitores”, disse ele. “Quando chegarmos às eleições presidenciais, com o mundo no seu Estado atual, pode ser a política externa. Pode ser a economia. Ninguém pode dizer qual será a questão principal em 2024.”

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