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quinta-feira 7 de abril de 2022 às 07:36h

Polícia faz operação para cumprir 11 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao vereador Gabriel Monteiro

JUSTIÇA, NOTÍCIAS


A Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpre, na manhã desta quinta-feira (7) mandados de busca e apreensão contra sete pessoas, entre elas o vereador Gabriel Monteiro (PL). Além da casa e do gabinete do parlamentar na Câmara de Vereadores do Rio, agentes da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) e de outras delegacias distritais seguem para outros nove endereços de assessores, ex-assessores e até um empresário ligados a ele. Gabriel é investigado pelo crime de disponibilizar registros que contenham cenas de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente. O parlamentar está em casa e acompanha as buscas.

Na decisão do juiz Guilherme Grandmasson Ferreira Chaves, do plantão judicial, autoriza, a pedido do delegado Luís Armond, titular da 42ª DP, a apreensão de material e outros objetos que possa conter relação com a prática desse tipo de crime, como laptops, computadores, tablets, celulares, kindles, smartphones, mídias externas e portáteis, como HDs, pendrives, CDs e DVDs.

Por volta das 6h20, equipes da Polícia Civil chegaram na casa do vereador. Pouco antes das 7h, agentes chegaram na Câmara do Rio, onde o gabinete de Monteiro é o alvo.

O jornal O Globo diz que tenta contato com a defesa do vereador Gabriel Monteiro. A Câmara de Vereadores do Rio também foi procurada. No entanto, ainda não se posicionou.

No dia 28 de março, Gabriel procurou a 42ª DP para registrar o vazamento de imagens íntimas em que aparece mantendo relações sexuais com uma adolescente de 15 anos. Na ocasião, ele afirmou manter um relacionamento consentido com a menina e desconhecer sua idade, o que foi confirmado por ela. O vereador disse ainda ter sentido falta de cinco HDs externos e quatro cartões de memória, deduzindo ter sido traído pelos funcionários Matheus de Souza Oliveira e Heitor de Nazaré Neto, por suposto envolvimento deles com o empresário Rafael Sorrilha, que seria ligado a chamada “máfia dos reboque”, que vinha sendo denunciada pelo parlamentar.

Na delegacia, Gabriel contou ainda ter tido ficado sabendo do vazamento de outros vídeos particulares divulgados e compartilhados pelo aplicativo WhatsApp, os quais estariam armazenados em seu celular, cuja senha era de conhecimento daqueles ex-funcionários.

Uma semana depois, seis assessores e ex-assessores da Câmara ouvidos na delegacia narraram uma rotina de trabalho desgastante e humilhante para gravação de vídeos diários para as redes sociais, além de orgias filmadas com menores na casa do parlamentar. Na delegacia, diferente do que fora  narrado por Gabriel, os funcionários afirmaram que ele tinha conhecimento que as meninas eram menores de idade, inclusive recebia uma delas de uniforme de colégio e a chamava de “novinha” e “bebê”.

Em depoimento na distrital, Fábio Neder Fernandes Di Leta, que trabalhou como auxiliar de gabinete de Gabriel por aproximadamente dez meses, contou que a residência do vereador no condomínio Mansões, na Barra da Tijuca, é tida como o QG, onde todos os funcionários trabalham em publicações para os canais dele no Tiktok, Youtube, Twitter, Instagram e Facebook. Ele contou que ficava todos os dias no local e, nos fins de semana, passava as madrugadas em “noitadas” com o vereador até 6h, 7h e que outros funcionários chegavam a dormir na residência.

Fábio relatou também que Gabriel tinha o costume de se relacionar com garotas de até 18 anos na frente de outras pessoas e conheceu a adolescente que aparece nos vídeos vazados na casa do vereador, onde ela costuma frequentar com o conhecimento da mãe. Ele reiterou que o parlamentar e todos os funcionários sabiam que a menina é menor de idade e os dois chegavam a se relacionar com outras garotas, algumas delas também menores. O auxiliar contou ainda ter, em uma ocasião, levado uma caixa de pílula do dia seguinte na residência dela.

O ex-funcionário disse as relações sexuais de Gabriel Monteiro eram filmadas pelo vereador e armazenadas no telefone celular dele, que é protegido por senha. Ele afirmou também que os HDs criptografados com as mídias do parlamentar ficam dentro de interior do seu quarto, dentro de um cofre. Essa informação também foi confirmada por Mateus Souza de Oliveira, que trabalhou como assessor de mídia do vereador, recebendo R$ 7.200 e, posteriormente, R$ 10.200 da Câmara Municipal do Rio.

Também na 42ª DP, Mateus disse que nunca trabalhou fisicamente na sede da Câmara, no Centro do Rio, vindo a exercer suas funções de casa ou da residência do vereador. No local, ele também confirmou que era comum ter “festinhas” com mulheres, inclusive menores de idade, e que as relações sexuais eram filmadas por Gabriel, que, após transar com as adolescentes, exibia os vídeos como se fossem “troféus”. O ex-assessor disse também que o parlamentar se intitulava de “hétero top” e “comedor de mulheres”.

Robson Coutinho da Silva, que foi contratado como cinegrafista por dez meses pela Câmara de Vereadores, também relatou que os funcionários tinham a casa de Gabriel como a base de trabalho e afirmou ter conhecido lá a menina que aparece nos vídeos íntimos vazados com o vereador, que, segundo ele, dizia a todos que a jovem tinha 15 anos.

O também ex-assessor Heitor Monteiro de Nazaré Neto disse que não comparecia à Câmara, pois exercia a função de produtor de gravações, vídeos, controle de qualidade e edição de roteiro, mas que deixou de trabalhar em virtude do assédio moral e sexual que sofria de Gabriel Monteiro. Ele narrou episódios se situações desconfortáveis e humilhantes, como xingamentos, atos de masturbação do vererador na sua frente e ainda a prática de sexo oral por mulheres no mesmo ambiente.

Segundo Heitor, o parlamentar pedia e insistia a ele que o acariciasse em todas as regiões do corpo, incluindo sua genitália, o que lhe era negado. O ex-assessor disse que além da adolescente de 15 anos, outras menores de idade tinham o hábito de frequentar a casa de Gabriel, no condomínio Mansões, e de manter relações sexuais com ele. O ex-funcionário confirmou ter ciência de que o vereador tinha o hábito de filmar tais relações, não importando as idades das meninas e que geralmente elas eram fãs dele, o que o fazia se aproveitar disso para assedià-las.

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