segunda-feira 29 de abril de 2024
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e Lula durante o encerramento da Cúpula do G20 — Foto: Reuters
Home / Mundo / MUNDO / À frente do G20, Brasil quer liderar combate à fome, transição energética e reformas de instituições globais
domingo 10 de setembro de 2023 às 07:50h

À frente do G20, Brasil quer liderar combate à fome, transição energética e reformas de instituições globais

MUNDO, NOTÍCIAS


A partir de dezembro, o Brasil assume oficialmente a presidência do G20. O grupo reúne países que representam 80% do PIB global, como Estados Unidos, China e os membros da União Europeia. Neste domingo (10), a Índia transferiu simbolicamente a liderança do bloco ao Brasil.

Durante a cerimônia de encerramento da Cúpula do G20, em Nova Délhi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a liderança do Brasil no bloco se baseará em três prioridades:

  1. inclusão social e combate à fome;
  2. transição energética e desenvolvimento sustentável;
  3. reforma das instituições de governança global.

Em relação às mudanças climáticas, o presidente brasileiro disse que é necessária vontade política e determinação dos governantes, além de recursos.

Ao citar a reforma das instituições, Lula voltou a cobrar a inclusão de novos países no Conselho de Segurança da ONU. Atualmente, o Brasil busca se tornar um membro permanente do órgão.

O presidente brasileiro prometeu ainda a criação de duas alianças globais, sendo uma para combate à fome e à pobreza e outra para a mudança do clima.

“Precisamos redobrar os esforços para alcançar com a meta de acabar com a fome no mundo até 2030. Caso contrário, estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos”, disse.

Além disso, Lula disse que o Brasil pretende organizar os trabalhos do G20 em três orientações gerais:

  1. fazer com que as trilhas políticas e de finanças trabalhem de forma mais integrada, com recursos necessários para implementação de políticas públicas;
  2. ouvir a sociedade, assegurando a expressão e recomendação de grupos de engajamento;
  3. não deixar que questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões do bloco.

Segundo Lula, o lema da presidência brasileira no G20 será “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”.

“Não nos interessa um G20 dividido. Só com uma ação conjunta é que podemos fazer frente aos desafios dos nossos dias. Precisamos de paz e cooperação em vez de conflitos”, afirmou.

Mandato do Brasil

O mandato do Brasil na presidência do G20 começa no dia 1º de dezembro de 2023, terminando em 30 de novembro de 2024. Durante esse período, o país deve organizar 100 reuniões oficiais.

A principal delas será a Cúpula do G20 do Brasil, programada para o dia 19 de janeiro de 2024, no Rio de Janeiro.

O G20 é formado pelos seguintes países:

  • África do Sul;
  • Alemanha;
  • Arábia Saudita;
  • Argentina;
  • Austrália;
  • Brasil;
  • Canadá;
  • China;
  • Coréia do Sul;
  • Estados Unidos;
  • França;
  • Índia;
  • Indonésia;
  • Itália;
  • Japão;
  • México;
  • Reino Unido;
  • Rússia;
  • Turquia;
  • União Europeia.

Discurso de Lula

Leia abaixo, na íntegra, o discurso de Lula no encerramento da Cúpula do G20.

“Cumprimento o primeiro-ministro Narendra Modi pela condução da presidência indiana do G20 e pelo excelente trabalho na preparação desta Cúpula.

Agradeço os esforços da Índia em dar voz a temas de interesse dos países emergentes.

Dou calorosas boas-vindas à União Africana como membro pleno do G20.

Há 15 anos, este grupo se consolidou como uma das principais instâncias de governança global na esteira de uma crise que abalou a economia mundial.

Nossa atuação conjunta nos permitiu enfrentar os momentos mais críticos, mas foi insuficiente para corrigir os equívocos estruturais do neoliberalismo.

A arquitetura financeira global mudou pouco e as bases de uma nova governança econômica não foram lançadas.

Novas urgências surgiram. Os desafios se acumularam e se agravaram.

Vivemos num mundo em que a riqueza está mais concentrada.

Em que milhões de seres humanos ainda passam fome.

Em que o desenvolvimento sustentável está ameaçado.

Em que as instituições de governança ainda refletem a realidade de meados do século passado.

Só vamos conseguir enfrentar todos esses problemas se tratarmos da questão da desigualdade.

A desigualdade de renda, de acesso a saúde, educação e alimentação, de gênero e raça e de representação está na origem de todas essas anomalias.

Se quisermos fazer a diferença, temos que colocar a redução das desigualdades no centro da agenda internacional.

Por isso, a presidência brasileira do G20 terá três prioridades:

  • (i) a inclusão social e o combate à fome;
  • (ii) a transição energética e o desenvolvimento sustentável em suas três vertentes (social, econômica e ambiental); e
  • (iii) a reforma das instituições de governança global.

Todas essas prioridades estão contidas no lema da presidência brasileira – “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.

Duas forças tarefas serão criadas: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza; e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.

Precisamos redobrar os esforços para alcançar a meta de acabar com a fome no mundo até 2030, caso contrário estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos.

Agir para combater a mudança do clima exige vontade política e determinação dos governantes, e também recursos.

Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

A insustentável dívida externa dos países mais pobres precisa ser equacionada.

A OMC tem que ser revitalizada e seu sistema de solução de controvérsias precisa voltar a funcionar.

Para recuperar sua força política, o Conselho de Segurança da ONU precisa contar com a presença de novos países em desenvolvimento entre seus membros permanentes e não permanentes.

A comunidade internacional olha para nós com esperança, porque reunimos no G20 economias de países emergentes e países desenvolvidos.

Representamos 80% do PIB global, 75% das exportações e cerca de 60% da população mundial.

Para assegurar que o G20 atue de forma inclusiva e coerente, o Brasil pretende organizar os trabalhos em torno de três orientações gerais:

Primeiro, nós vamos fazer com que as trilhas política e de finanças se coordenem e trabalhem de forma mais integrada.

Não adianta acordarmos a melhor política pública se não alocamos os recursos necessários para sua implementação.

Segundo, nós temos de ouvir a sociedade.

Não existem governos sem sociedade.

A presidência brasileira vai assegurar que os grupos de engajamento tenham a oportunidade de reportar suas conclusões e recomendações aos representantes de governo.

Terceiro, nós não podemos deixar que questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões das várias instâncias do G20.

Não nos interessa um G20 dividido.

Só com uma ação conjunta é que podemos fazer frente aos desafios dos nossos dias.

Precisamos de paz e cooperação em vez de conflitos.

O caminho que nos levará de Nova Délhi ao Rio de Janeiro exigirá de todos muita dedicação e empenho.

Os grupos técnicos e as reuniões ministeriais preparatórias serão sediadas em várias cidades de todas as cinco regiões do nosso país.

Acolheremos os integrantes do G20 de braços abertos.

Terei a honra de receber a todos vocês na Cúpula do Rio de Janeiro em novembro de 2024.

Muito obrigado.”

Veja também

Vereador defender Ana Paula na vice de Bruno Reis

O deputado estadual Emerson Penalva (PDT) elogiou o deputado federal pela Bahia, Leo Prates (PDT) …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!
Pular para a barra de ferramentas