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sexta-feira 21 de abril de 2023 às 19:28h

“Saímos da embaixada do mesmo jeito que entramos”, diz ucraniano em Portugal

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O presidente da Associação de Ucranianos de Portugal, Paulo Sadokha, esteve nesta sexta-feira (21) conforme Duda Teixeira, do O Antagonista, na Embaixada do Brasil em Lisboa com um grupo de ucranianos para entregar uma carta endereçada ao presidente Lula, que chegou hoje ao país.

Eles foram atendidos pelo secretário-geral da Presidência do Brasil, ministro Márcio Costa Macedo, que se comprometeu a levar o documento a Lula. Os ucranianos, contudo, não ficaram satisfeitos com o que ouviram dos brasileiros.

“O ministro disse que Lula quer dialogar com todos os países que podem intervir neste conflito. Mas, da nossa parte, nós dissemos a ele que infelizmente não acreditamos nessa fórmula. O Vladimir Putin, para nós, é um líder do século passado, e nós lutamos não só pelo nosso país, mas pelo mundo e pelo nosso modo de viver, que é a democracia“, diz Sadokha. “Nós ficamos gratos por eles terem recebido a nossa carta, mas saímos da embaixada do mesmo jeito que entramos.”

Segue um trecho da carta que foi entregue aos ucranianos na Embaixada do Brasil em Lisboa:

“A Federação Russa organizou e está desde o ano de 2014 e mais intensamente a partir de 24 de Fevereiro de 2022, a realizar na Ucrânia um ato contínuo de genocídio contra nação ucraniana e tártaros em todo o território nacional ucraniano com foco no Donbas e na Crimeia, regiões inalienáveis da Ucrânia, além da devastação total e absoluta de todo o nosso território e infraestruturas.”

“Em várias declarações, as lideranças russas, nomeadamente o Presidente Putin, o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa Kirill, entre outros, insultaram de nazistas os ucranianos e afirmaram que a Ucrânia, enquanto país, Estado soberano, livre e independente não pode existir.”

“A razão real para Moscou invadir a Ucrânia não é a alegada da defesa dos russófonos que vivem no território ucraniano, pois essa comunidade ucraniana russófona hoje e agora luta dia e noite contra as tropas invasoras russas, lado a lado, integrada nas Forças Armadas Ucranianas e ombro a ombro com representantes de outras nações e etnias ucranianas. O cerne da questão é que Putin não quer ter como vizinhos nenhum país soberano, livre, democrático, independente e não corrupto, porque pode dar ideias e servir de exemplo aos demais povos da Federação Russa para também realizarem mudanças do totalitarismo ou de regime com laivos totalitários para um regime democrático-liberal nos seus próprios países para, finalmente, pertencer ao rol dos países que constituem o mundo livre.”

“Mais do que os outros povos os ucranianos querem a paz justa pois somos nós que pagamos o preço com as nossas próprias vidas, sangue e devastação do nosso país quando nos defendemos das agressões bárbaras de Moscou mas os interesses dos políticos internacionais que optem por negociar com o sanguinário e ditador Vladimir Putin, para eles ganharem vantagens pessoais e sempre à custa do sofrimento dos países invadidos pela Rússia, não é inteligente e não granjeia de todo apoios para que o Brasil consiga conquistar a confiança para um lugar no Conselho de Segurança da ONU além de envergonhar um dos seus países irmãos e com parceria estreita, nomeadamente Portugal.”

“Não queremos ver e ninguém no mundo livre que ver o Brasil manchado como aliado do regime criminoso do Putin, mas as recentes declarações de Vossa Excelência têm-nos preocupado.”

“Sua Excelência o Senhor Presidente sabe muito bem qual o custo da corrupção além das punições que poderão advir daí, assim nas relações internacionais a situação não será muito diferente, há custos e há sanções. Se a intenção de Sua Excelência o Presidente da República é lutar contra a corrupção e pobreza no Brasil, mas negocia com um ditador russo que espalha a corrupção pelo mundo, para não falar da própria Rússia, onde o direito de um cidadão vale zero, qual é a imagem que Vossa Excelência quer transmitir ao seu próprio povo, ou aos seus parceiros estratégicos do mundo livre?”

“Sua Excelência o Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Luíz Inácio Lula da Silva, que paz justa quer nos propor? A paz dos campos de concentração para o extermínio da nação ucraniana com a solução inodora “Z”? Já passámos por isso e muito mais no século passado quando os nazistas não nos conseguiram exterminar e quando os comunistas organizaram o Holodomor para tentar erradicar o que sobrava de ucranianos. Resistimos e sobrevivemos.”

“Se um dia o Brasil se tornar uma província da China, o Senhor Presidente também falará da importância de paz?”

“Nós, os ucranianos, vamos continuar a lutar pelas nossas vidas, pelas nossas crianças que Putin deporta para a Rússia ao mesmo tempo que executa os seus pais, estamos pois neste momento a enfrentar uma força superior, várias vezes a nossa capacidade e precisamos sim do apoio internacional. Uma questão tornou-se evidente muito clara pois que esta guerra já dividiu o mundo em dois campos, naquele que defende a liberdade, ordem e progresso e naquele que põe os seus interesses ideológicos acima dos interesses da vida humana e do bem comum no mundo e nestas situações não existem neutralidade tal como a brava decisão do Brasil histórico no alinhamento contra o totalitarismo que assolava a Europa ocupada. Os ucranianos não se esquecem dos bravos militares brasileiros que ajudaram a libertar a Europa do jugo totalitário, é pois hora de Vossa Excelência comandar o Brasil na decisão certa alinhada ao mundo livre!”

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