Há quatro anos, a companhia aérea espanhola Air Europa se reposicionou. E colocou em prática uma série de ações para avançar em um mercado altamente concorrido, que contempla voos internos na Espanha, para dezenas de cidades do território europeu e para outros continentes. Os resultados têm aparecido. Após dois anos difíceis em decorrência da pandemia, a empresa consolida sua recuperação e fechará o segundo semestre de 2022 com lucro histórico de 160 milhões de euros. O terceiro trimestre deste ano foi especialmente relevante, com rentabilidade de 87 milhões de euros, crescimento de 237% na comparação com o mesmo período do ano anterior e 27% a mais do que em 2019, ainda no momento de pré-pandemia. As perspectivas para o fechamento do balanço do quarto trimestre são também positivas, com uma estimativa para a companhia lucrar quatro vezes mais do que 2021.
A estratégia foi “unificar a frota e transportar mais passageiros sem a necessidade de operar mais voos”, disse o CEO da Air Europa, Jesús Nuño de la Rosa. Diretor geral da Air Europa no Brasil, Gonzalo Romero corrobora, ao detalhar a operação. A companhia passou a trabalhar com apenas dois tipos de aviões, o Boeing 787 Dreamliner para rotas internacionais e o Boeing 737 NZ (modelo MAX para o ano que vem) para voos dentro da Espanha e Europa. As 47 aeronaves têm média de idade que não supera quatro anos. Equipamentos que proporcionam 20% menos consumo de combustível e impacto de som na cabine 60% menor. “Isso gerou muita eficiência e melhoria dos serviços oferecidos aos passageiros”, disse o executivo argentino Romero à DINHEIRO. O plano de unificação de frota será concluído em 2023, graças a acordo estratégico firmado recentemente com a Boeing e com dois dos mais importantes locadores do mercado, AerCap e Avolon.
OCUPAÇÃO O Brasil está na rota do crescimento da Air Europa. É um dos dois principais mercados da companhia fora da Europa, juntamente com os Estados Unidos — os percentuais de representatividade na receita não são divulgados. Colômbia e Argentina também são significativos no negócio da empresa. Com cerca de 630 milhões de passageiros por ano, a companhia registra 85% de ocupação no geral — 11% a mais do que o segundo semestre de 2021 e 1% a mais que 2019. Em rotas internacionais, 91%. E na operação brasileira, o número chega a 95%.
Por aqui são sete frequências semanais São Paulo-Madrid, com voos diários, e duas frequências por semana a partir de Salvador (BA) para a capital espanhola. A partir junho de 2023 será acrescentada mais um voo a partir de Bahia – as passagens já estão à venda. “Estamos atentos à demanda para manter esse nível de ocupação. As perspectivas para ao ano que vem são boas”, afirmou Gonzalo Romero.
Um dos principais trunfos da Air Europa é o hub no Aeroporto Internacional Adolfo Suárez, no distrito de Barajas, em Madrid. De lá saem as conexões da empresa para outras cidades da Europa. Dos passageiros brasileiros que escolhem a companhia espanhola, 70% fazem escala em Madrid para outros destinos. “Temos uma conexão rápida e pontual”, afirmou o diretor geral. Para Lisboa e Porto (Portugal), por exemplo, são quatro voos diários para cada destino. Os brasileiros também optam por destino final em Paris (França), Londres (Inglaterra), Milão, Roma (Itália) e Frankfurt (Alemanha). E até para o Oriente Médico, com principal destino Tel Aviv (Israel).
A Air Europa planeja aumentar as frequências em algumas rotas nas Américas como Assunção (Paraguai), Córdoba (Argentina), Medellín (Colômbia) e Panamá (Cidade do Panamá). E abrir novos destinos no Chile, México, Costa Rica e países escandinavos. Para turbinar ainda mais seus resultados.