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sábado 9 de dezembro de 2023 às 08:51h

PF achou peças de carros roubados, dinheiro do bicho e até cocaína em ação contra suposta milícia do deputado baiano

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Apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público da Bahia como o líder de uma milícia que há mais de 10 anos comete uma série de crimes em Feira de Santana, na Bahia, o deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, mais conhecido como Binho Galinha (Patriota-BA), começou a ser investigado bem antes de assumir o atual mandato como parlamentar e já chegou a ser preso em 2011. Na quinta-feira (7), ele foi alvo de mandado de busca e apreensão na Operação El Patrón, que prendeu ainda seis pessoas que integrariam a quadrilha — incluindo seu filho e sua esposa. Mas como agia essa organização criminosa, segundo as investigações?

De acordo com os promotores do MPBA, a organização criminosa supostamente liderada por Binho Galinha movimentou mais de R$ 100 milhões em contas bancárias na última década. O dinheiro, segundo a denúncia, era lavado por meio de “empresas constituídas com o intuito de garantir aparência de licitude aos recursos movimentados”. O centro do esquema era a loja de autopeças Tend Tudo, da qual o parlamentar é sócio desde 2006.

As investigações apontam que a Tend Tudo tenha movimentado mais de R$ 40 milhões sem apresentar notas fiscais que justificassem a entrada desses valores. Lá, nesta quinta, policiais federais apreenderam peças advindas de receptação de carros roubados.

De acordo com promotoria, peças de carros roubados foram achadas em comércio do deputado Binho Galinha — Foto: Divulgação / MPBA
De acordo com promotoria, peças de carros roubados foram achadas em comércio do deputado Binho Galinha — Foto: Divulgação / MP-BA

A milícia supostamente liderada por Binho contava ainda com a participação de policiais militares, que integravam o braço armado da quadrilha e eram responsáveis por efetuar cobranças, mediante violência e ameaças, de valores indevidos oriundos de jogatinas e empréstimos a juros excessivos.

De acordo como MP, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão, incluindo estabelecimentos comerciais do deputado, casas e fazendas ligadas a ele. Os agentes apreenderam dinheiro, documentos, armas, munições e até uma mala com pasta de cocaína no endereço de um dos investigados.

'El Patrón': Cocaína foi encontrada na casa de um dos suspeitos, segundo MPBA — Foto: Divulgação / MPBA
‘El Patrón’: Cocaína foi encontrada na casa de um dos suspeitos, segundo MP-BA — Foto: Divulgação / MP-BA

Além de outras 14 pessoas, Binho Galinha foi denunciado por crimes como lavagem de dinheiro do jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada, entre outros, mas não pode ser preso. Isso porque, pelo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), deputados estaduais não podem ser detidos sem julgamento se não houver flagrante de crime inafiançável. No entanto, a PF destacou que, por ter supostamente cometido esses crimes antes de sua diplomação, apesar de ser detentor de foro por prerrogativa de função, ele poderá ser processado e julgado pela justiça de primeiro grau.

Vinte e seis imóveis foram sequestrados pela PF:

  • 10 fazendas
  • 9 casas
  • 4 terrenos
  • 2 apartamentos
  • 1 sala comercial
  • 14 veículos
  • 6 empresas tiveram as atividades econômicas suspensas
  • Bloqueio de R$ 700 milhões das contas bancárias de investigados, segundo a PF
Homens do Gaeco/MPBA durante a Operação El Patron, que mirou milícia supostamente chefiada por Binho Galinha, deputado estadual — Foto: Divulgação / MPBA
Homens do Gaeco/MPBA durante a Operação El Patron, que mirou milícia supostamente chefiada por Binho Galinha, deputado estadual — Foto: Divulgação / MPBA

Ao todo, 15 pessoas foram denunciadas e 6 foram presas:

  • Kléber Cristian Escolano de Almeida (deputado estadual, suposto líder da quadrilha, possui foro por prerrogativa de função)
  • Thierre Figueiredo Silva
  • Nilma Carvalho Pereira
  • Ruan Pablo Pereira Carvalho
  • Alexandre Pereira dos Santos
  • Washington Martins Silva
  • Mayana Cerqueira da Silva (esposa de Binho, em prisão domiciliar)
  • João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano (filho de Binho, preso)
  • Jorge Vinícius de Souza Santana Piano (suposto operador financeiro, preso)
  • Jackson Macedo Araújo Júnior (policial, preso)
  • Vagney dos Santos Aquino
  • Josenilson Souza da Conceição (policial, preso)
  • Roque de Jesus Carvalho (policial, preso)
  • Bruno Borges França
  • Kleber Herculano de Jesus
Procurado, Binho Galinha ainda não se manifestou sobre as acusações.

Abatedouro, quentinhas e ferro-velho: a origem de Binho Galinha

Em 2011, Binho foi acusado de integrar uma quadrilha responsável por roubos de automóveis e caminhões e foi detido portando uma pistola. Após três dias, foi liberado pela Polícia Civil e respondeu inquérito em liberdade, que não chegou a um processo judicial. Empresário, o deputado estadual é sócio da Tend Tudo desde 2006, um ferro-velho que vende peças e acessórios para veículos automotores na cidade.

E foi do lado de fora de sua empresa que Binho Galinha se cacificou para a política. Durante a pandemia, ele começou a entregar quentinhas para pessoas vulneráveis, até que começou a chamar atenção dos caciques locais e recebeu um convite para concorrer pelo Patriota.

Durante a campanha, explicou que o apelido Binho Galinha surgiu logo após sua mudança para Feira de Santana. Quando chegou na cidade, trabalhou como entregador de um abatedouro de galinhas.

Nas eleições do ano passado, apoiou a candidatura do presidente Lula (PT) e do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT). No pleito, foi eleito com 49,8 mil votos.

À Assembleia Legislativa, informou não ter ensino superior, sendo o ensino médio completo o seu grau de escolaridade. Na Casa, é vice-líder do bloco MDB/PSB/Patriota/PSC/Avante. Em seu primeiro mandato, o político apresentou três projetos de lei: para que mulheres possam pagar meia-entrada em jogos de futebol, para que um programa estadual de tratamento e reciclagem de óleos seja instituído e para que uma associação beneficente fosse reconhecida como utilidade pública.

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