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segunda-feira 19 de dezembro de 2022 às 14:01h

Entrevista: ‘Não serei ministro. Vou exercer meu mandato na Câmara’, diz Boulos

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Deputado federal eleito com mais votos em São Paulo, Guilherme Boulos afirma que as divergências internas no PSOL em torno da decisão de integrar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva são sinais de “democracia partidária”. Em entrevista ao jornal O Globo, Boulos nega que será ministro no ano que vem e garante que PT cumprirá acordo de não lançar um candidato à prefeitura de São Paulo em 2024.

O PSOL aprovou no sábado ser base do governo Lula, mas indicou que prefere não ocupar cargos, salvo exceções. Isso divide o partido?

Não. O PSOL decidiu pelo apoio a Lula e orientação para a bancada ser base do governo. A decisão vai contra uma visão que existia de independência do partido em relação ao novo governo. O PSOL também decidiu que não pleiteará ou terá cargos no governo. No entanto, vamos respeitar e apoiar caso Sônia Guajajara seja indicada para o Ministério dos Povos Originários, por entender que essa é uma conquista histórica do movimento indígena.

O PSOL corre o risco de reviver a dissidência do primeiro governo Lula?

Não. Divergência interna é sinal de democracia partidária. De um partido vivo, militante e que não é cartorial.

Integrantes do partido dizem que a resolução autoriza apenas Sônia Guajajara a ser ministra. É isso?

A Sônia é a única filiada ao PSOL cotada para ministério. É por isso que o nome dela entrou na resolução. Uma corrente no partido defendia que os filiados fossem punidos caso aceitassem cargos no governo. Essa posição não prevaleceu. Prevaleceu a decisão de que as pessoas precisarão se afastar das instâncias de direção se forem para o governo, como é habitual em outros partidos, inclusive o PT.

E se o senhor for convidado?

A resolução diz que o PSOL não pleiteará e nem terá cargos. Foi a mediação possível a se fazer para manter a unidade partidária. No meu caso, não sou candidato a ministro. Cabe ao presidente Lula, que teve mais de 60 milhões de votos, montar o time dele. Nós defendemos que o Ministério da Cidades fique com a esquerda, e há grandes nomes para isso. Eu pretendo estar na Câmara dos Deputados no ano que vem. Até porque devo ser candidato a prefeito de São Paulo daqui a um ano e meio. Se fosse chamado para o ministério ficaria um ano, teria de me desincompatibilizar e não daria para fazer um trabalho com começo, meio e fim.

O senhor não será ministro, então?

Não. Sou deputado federal eleito e vou exercer o meu mandato na Câmara.

O PSOL terá outros ministérios além da pasta que pode ficar com Sônia?

Isso não está colocado.

Há quem diga que o alinhamento com o governo Lula descaracteriza o PSOL. Concorda com isso?

Hoje temos uma extrema-direita organizada. O PSOL teve a responsabilidade histórica de compor a frente para derrotar o presidente Bolsonaro e estar com o Lula. O fato de apoiar o governo Lula e estar na base no Congresso não faz com que o partido abandone suas bandeiras. Vamos estar lá defendendo o que a gente sempre defendeu: uma reforma tributária com taxação de grandes fortunas, o aprofundamento da democracia participativa, a revogação da reforma trabalhista e do teto de gastos. Compor base não significa dizer amém para tudo. Isso ficará claro no dia 1º de fevereiro, quando não votaremos pela reeleição de Arthur Lira.

Discorda do apoio do PT à reeleição de Lira para a presidência da Câmara?

Compreendo a decisão do PT para compor uma base mais ampla de governabilidade. Mas não concordo. Lira está muito ligado ao apoio a Bolsonaro. O ideal era buscar outro nome de unidade da coalizão que elegeu Lula.

Integrantes do PT-SP querem que o partido não o apoie nas eleições municipais. Há risco de descumprimento do acordo feito este ano?

Não vejo risco algum. O acordo foi chancelado e verbalizado publicamente pelo presidente da República e principais lideranças nacionais e estaduais do PT.

Lula negocia ministérios com PSD, MDB e União Brasil. Ainda acha que o governo será de esquerda?

Esses partidos vão tentar puxar a agenda política para a centro-direita. E nós devemos puxar a agenda mais à esquerda. Naturalmente haverá um processo de disputa dos rumos do governo.

Como PSOL vai se posicionar sobre a proposta do prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB) de implantar a tarifa zero para o transporte público em São Paulo?

Tarifa zero sempre foi uma bandeira nossa. Me preocupa que, da forma como ela está sendo articulada e por quem está sendo articulada, vire uma bolsa para a máfia do transporte. Não se pode dar um subsídio de R$ 10 bilhões para as empresas a partir de um valor que elas dizem gastar, sem aferir os custos.

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