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m sua página no Facebook, Ligia Azevedo faz campanha para Zé Guilherme (PP), que seria seu concorrente para uma vaga na ALMG — Foto: Reprodução/Facebook
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quinta-feira 1 de setembro de 2022 às 15:07h

Candidata ignora a própria campanha e pede votos para concorrente

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Uma postulante ao cargo de deputada estadual por Minas Gerais, que teve sua candidatura aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na última quinta-feira (25), tem ignorado a própria campanha nas redes sociais conforme o jornal O Tempo, mas pede votos para um concorrente direto dela: o deputado estadual Zé Guilherme, candidato à reeleição pelo PP e pai do deputado federal Marcelo Aro, do mesmo partido, que tenta uma vaga no Senado. Ligia Azevedo Fernandes, de 40 anos, é filiada ao Podemos e também faz campanha para a atual presidente da Câmara de BH, a vereadora Nely Aquino, do mesmo partido. Ligia trabalha como coordenadora do Projeto Rumo Certo, ONG fundada por Nely na região de Venda Nova, na capital mineira. Em suas contas nas redes sociais, ela sempre figura ao lado da presidente da CMBH.

Outro fato também chama a atenção na candidatura de Ligia: sem a inscrição dela para o pleito, o Podemos não bateria a cota mínima de 30% de mulheres aptas a uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O partido tem 78 postulantes ao cargo registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE): 54 homens (69,23%) e 24 mulheres (30,77%). Portanto, sem o cadastro de Ligia Azevedo, o percentual de pessoas do sexo feminino cairia para 29,8%, ferindo a legislação eleitoral.

Em sua conta no Instagram, Ligia faz referências a Nely Aquino e ao Projeto Rumo Certo em praticamente todas as postagens do feed. Não há publicações pedindo votos para sua campanha. Já no Facebook, a candidata estampava, até a última sexta-feira (26), uma foto de Nely ao lado do deputado estadual Zé Guilherme, com os números de ambos nas eleições. Essa imagem de capa foi retirada após o contato da reportagem. Hoje, uma foto pessoal de Ligia ocupa o espaço.

Procurada, Ligia Azevedo confirmou sua candidatura à reportagem. “Eu sou uma mega voluntária do Projeto Rumo Certo. Sim, sou candidata a deputada estadual e apoio meu (candidato a) federal, que é a Nely Aquino”, disse em áudio enviado por um aplicativo de troca de mensagens.

Já Nely Aquino negou que Ligia seja sua funcionária e disse que a candidata a deputada estadual só presta serviços voluntários ao Rumo Certo. “Eu até liguei pra ela e falei: ‘Ligia, por que você ainda não está fazendo campanha?’. Ela me disse: ‘Nely, porque estou avaliando, talvez, desistir da candidatura’. Falei que vou fazer uma reunião com ela, porque a gente precisa da candidatura dela. Ela está nesse pensamento por questão financeira da campanha”, disse a presidente da Câmara de BH à reportagem por telefone. A ligação teria ocorrido após os questionamentos feitos pelo jornal O TEMPO.

Sobre a cota mínima de mulheres do partido, Nely, que também é presidente do Podemos em Minas Gerais, afirmou que a regra pode ser respeitada a partir da candidatura de outras pessoas filiadas à sigla. “Se ela retirar, a gente pode tentar uma outra mulher filiada para ser candidata, que já está com todo o registro, tudo certinho. Não tem nada que impede. Mas, eu vou convencê-la a não retirar”, afirmou a candidata a deputada federal.

Segundo Nely, Ligia Azevedo atua no projeto Rumo Certo “na parte de divulgação”. Em grupos de lideranças de Venda Nova no WhatsApp, é comum o compartilhamento de ações da ONG e de Nely por parte de Ligia. Apesar disso, a candidata a deputada estadual não tem promovido sua campanha em suas próprias redes sociais.

O fato de uma candidata não fazer propaganda para si própria é um dos indícios de que o Ministério Público Eleitoral (MPE) utiliza para constatar que trata-se de uma candidatura laranja. Para Nely, isso só pode ser apurado após o pleito.

“Ela me apoia, apoia a minha candidatura. Ela nunca foi minha funcionária, em momento algum. É uma averiguação (da reportagem) que deveria ser feita após as eleições. Se não teve voto (após o pleito), não fez campanha, aí sim se confirma uma desconfiança da possibilidade de ser laranja”, afirmou Nely por telefone. Perguntada se outras pessoas ligadas ao Projeto Rumo Certo se candidataram nas eleições deste ano, a atual vereadora não soube responder.

“Eu tenho vários candidatos que estão aguardando a posição com relação a recurso para saber qual o tamanho da campanha que vão fazer. Isso é normal. A pessoa não quer fazer dívida. Não quer fazer compromisso antes de saber o que realmente vai ter (de investimento)”, completou Nely.

Essa é a primeira vez que Ligia Azevedo concorre a uma eleição. Ao TSE, ela não declarou possuir qualquer patrimônio. Lígia é um nome conhecido na Câmara Municipal. Antes de se juntar ao projeto de Nely, era assessora de Cláudio Duarte, vereador cassado após denúncia de rachadinha no gabinete. Lígia chegou a depor no processo de cassação do vereador. Já Nely Aquino está em seu segundo mandato como vereadora. Em 2018, tentou ser deputada estadual, mas não obteve sucesso.

Autoridades procuradas

A reportagem fez contato com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e com o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) para saber se há alguma apuração ou denúncia acerca da candidatura de Ligia Azevedo ou do Podemos estadual. O TRE-MG informou que “não consta, até esta sexta (26), a distribuição de AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) ou Representação contra o Podemos ou contra a candidata Ligia de Azevedo Fernandes”.

Já o MPMG esclareceu que “quem acompanha o desempenho das candidaturas e apura eventual fraude na cota de gênero é a Procuradoria Regional Eleitoral”.

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