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quinta-feira 15 de abril de 2021 às 13:40h

Superintendente da PF no Amazonas que pediu investigação contra Eduardo Salles é trocado

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O delegado Alexandre Saraiva, superintendente da Polícia Federal no Amazonas, mesmo que apresentou na última quarta-feira (14) notícia-crime contra o ministro Ricardo Salles, o senador Telmário Mota e o presidente do Ibana, Eduardo Bin, por crimes ambientais, advocacia administrativa e organização criminosa, vai ser trocado.

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decidiu trocar Alexandre Saraiva.

Saraiva está em atrito com o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) por causa da maior apreensão de madeira do Brasil, como  publicou a Folha.

O delegado criticou Salles, dizendo ser a primeira vez que viu um titular da pasta se posicionar contra uma ação que mira preservar a floresta amazônica.

“Na Polícia Federal não vai passar boiada”, disse Saraiva à Folha, usando termo utilizado por Salles em reunião ministerial do ano passado.

O ministro apontou falhas na investigação.

Segundo informações internas da PF, a decisão foi tomada na tarde desta quarta-feira (14), antes do documento enviado ao STF que pede apuração da conduta do integrante do governo.

Saraiva sugere na peça haver indícios de dois crimes: advocacia administrativa e tentativa de obstrução de investigação de organização criminosa.

Maiurino escolheu o delegado Leandro Almada para substituí-lo. O policial foi o número 2 da gestão de Saraiva e comandou o grupo de investigações ambientais na superintendência.

Como mostrou o Painel, o novo diretor-geral está fazendo diversas mudanças no órgão. Em São Paulo, ele tirou o chefe que não tinha nem um mês no cargo e fugiu do padrão ao escolher o substituto.

Delegado estimou em R$ 129 milhões o valor de madeira apreendida no Amazonas

No documento, que foi publicado pelo site O Antagonista, Saraiva relata que as investigações da PF no âmbito da Operação Handroanthus levaram à apreensão recorde de 226 mil metros cúbicos de madeira, em valor aproximado de R$ 129 milhões.

O delegado acusa Salles e Telmário de causarem “obstáculos à investigação de crimes ambientais” e de buscarem “patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a administração pública”.

Segundo Saraiva, a investigação, que começou com apreensão de madeira sem licença de extração e transporte, extrapolou para um enorme esquema de grilarem de terras.

“A documentação entregue na reunião convocada pelo ministro Ricardo Salles e pelo senador Telmário descortinou uma fraude na titulação de terras em nome de terceiros com a utilização e títulos de região que dista do local mais de 500 quilômetros.”

Na notícia-crime, Saraiva ressalta a “predileção injustificada” de Salles por “pouco mais de uma dezena de investigados”. Ele cita duas visitas do ministro ao local onde estão armazenadas as madeiras apreendidas, nos dias 31 de março e 7 de abril, além de entrevistas e manifestações públicas nas redes sociais.

“O ministro foi contrário ao posicionamento da Polícia Federal de qualificar os investigados como integrantes de organização criminosa. De forma parcial e tendenciosa, comportando-se como verdadeiro advogado da causa madeireira (um contrassenso com a função pública por ele exercida).”

O delegado relata também “dificuldade de acesso” à documentação completa de planos de manejo sob investigação e diz que o presidente do Ibama chegou a requerer à PF “o envio de peças de informação, incluídos os documentos técnicos/periciais, que embasam a operação e as apreensões”.

“Este requerimento veio logo após o Ministro do Meio Ambiente criticar as apreensões realizadas pela Superintendência Regional da Polícia Federal no Amazonas, o que leva a crer ser o ato de comunicação oficial o meio utilizado para ter acesso às investigações e, assim, buscar desacredita-las. O IBAMA, desde o início da operação, manteve-se inerte, desinteressado em exercer seus poderes de polícia ambiental, o que desperta a existência de interesses escusos, provavelmente a mando do Ministro do Meio Ambiente.”

Em relação ao senador Telmário Mota, o delegado Alexandre Saraiva diz que o parlamentar acusa o superintendente Regional no Amazonas “de realizar prisões ilegais, com notório objetivo de obstruir as investigações, utilizando-se da influência de seu cargo público”. Como se atuasse por “vingança privada”, relata o policial, o senador o acusa “de incidir em abuso de autoridade, sendo uma estratégia para deslegitimar a atuação da Polícia Federal como um todo, acusando-a de exigir a apresentação de ‘prova diabólica’, isto é, aquela prova excessivamente difícil ou impossível de ser produzida”.

E emenda: “Denigre a imagem da POLÍCIA FEDERAL, desdenhando da “maior apreensão de madeira da história do Brasil”, tratada por ele como um dos maiores crimes do Brasil, qualificando a operação como vergonhosa. Tudo isto caracteriza patrocínio de interesses escusos.”

Salles e Telmário negam qualquer irregularidade em suas atuações no caso.

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