Na quarta-feira passada, o coluna Radar mostrou que integrantes do Palácio do Planalto fizeram chegar a ministros do STF, do STJ e representantes do Parlamento que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, estava pela hora no governo.
Na esteira da trégua que está sendo construída por interlocutores de Jair Bolsonaro com os demais poderes, a saída de Weintraub, que chamou os ministros da Corte de “vagabundos” e defendeu a prisão de todos eles, foi dada como certa pelos palacianos.
Na versão do Planalto revelada pelo Radar, Weintraub teria sido convencido por interlocutores de Bolsonaro de que o pedido de demissão era a forma “honrosa” de deixar o governo. Melhor do que sair demitido depois de tantas brigas e confusões provocadas na mais importante das pastas do governo, a Educação.
A nota publicada pelo Radar levou os filhos de Bolsonaro, Eduardo e Carluxo à frente — com o apoio de alguns blogs bolsonaristas –, a deflagrar uma operação para segurar o ministro no cargo desqualificando a notícia. A degradação das relações de Weintraub com Bolsonaro, no entanto, é compartilhada por boa parte dos ministros do governo.
O apoio ao ministro da Educação se limita a uns poucos radicais seguidores de Olavo de Carvalho. E foi ao guru do presidente que Weintraub chorou as pitangas nos sábado à noite, segundo interlocutores do Planalto.
Foi para tentar segurar o ministro da Educação no cargo que Olavo ameaçou o presidente nesta madrugada. “Continue covarde e eu derrubo essa merda de governo aconselhado por generais covardes ou vendidos”, disse Olavo.
A dor de Olavo está ligada a outro bastidor revelado na revista Veja. A ala moderada do Planalto, concentrada nos ministros militares, já tem substituto para Weintraub. Trata-se do empresário Carlos Wizard, que torrou parte do seu capital ao opinar na lambança dos dados da Saúde.
Para conselheiros de Bolsonaro fora do governo, Weintraub ainda tem a carta da demissão para sair por cima do governo. Pode pegar a história da falta de recursos e pedir demissão colocando a culpa em Paulo Guedes, por exemplo. Mas esse prazo está se esgotando.