segunda-feira 29 de abril de 2024
Michelle e Jair Bolsonaro divulgam fragrância do ex-presidente — Foto: Divulgação
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domingo 7 de abril de 2024 às 08:21h

Vinhos, cursos, kit festa e linha de maquiagem: os empreendimentos da família Bolsonaro

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Numa superlive que já acumula 2,4 milhões de visualizações, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu seus três filhos hoje com mandato — Carlos (Republicanos), Eduardo (PL) e Flávio (PL) — para anunciar mais um negócio da família: a Ação Conservadora, uma plataforma de treinamento destinada a candidatos, lideranças locais e apoiadores. O lançamento integra segundo matéria de Bianca Gomes, do jornal O Globo deste domingo (7), a estratégia da família, fortalecida nos últimos anos, de ampliar e diversificar fontes de financiamento, enquanto procura organizar e mobilizar o campo conservador.

O empreendimento chegou num momento delicado para a família, em meio ao avanço de investigações que miram, principalmente, o ex-presidente e o vereador carioca. Um dia depois da transmissão ao vivo, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Carlos, o filho 02. Bolsonaro, por sua vez, foi condenado no último mês de novembro a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder político e econômico nas comemorações do Sete de Setembro de 2022. Outros processos que tramitam na Justiça Eleitoral ainda podem lhe impor novos reveses.

Michelle Bolsonaro posa para campanha de linha de beleza que leva seu nome, ao lado do maquiador Agustin Fernandez, dono da marca homônima – – Foto: Divulgação

A Ação Conservadora, criada por Eduardo e Carlos, promete, a custo de R$ 297,90 à vista, ensinar o aluno a “desfazer as mentiras da esquerda”, “ser eleito em 2024, mesmo sem recursos financeiros” e se tornar uma “liderança local e influenciar pessoas”. Os membros do curso terão direito a uma conversa com os dois irmãos em videoconferência. Na live em que a família lançou o produto, Eduardo fez um apelo aos apoiadores, citando a necessidade de um “discurso mais uníssono”.

Em 2022, o parlamentar já havia lançado um curso na mesma linha, o Prepara Brasil, focado na formação da direita brasileira. Com módulos ministrados por figurões do bolsonarismo, como os ex-ministros Ricardo Salles e Damares Alves, o treinamento tinha até um “guia definitivo para posse de arma”.

Caneca mágica e kit festa

A Ação Conservadora aparece sob o guarda-chuva da empresa Eduardo Bolsonaro Cursos LTDA, cujo CNPJ, segundo o site da Fazenda, foi criado em abril de 2022. Na prestação de contas de 2022, Eduardo declarou ter faturado R$ 600 mil com a venda de “um treinamento on-line” pela empresa. E foi usando essa mesma firma que o filho 03 lançou, em fevereiro do ano passado, a Bolsonaro Store, com produtos que reverenciam o ex-presidente.

Lá tem de tudo. Calendário, vendido a R$ 49,90, com momentos marcantes da trajetória de Bolsonaro e uma série de fotos, como a que ele está sem camisa, mostrando a cicatriz deixada pela facada da campanha de 2018. Uma caneca “mágica” que, ao receber líquido quente, mostra a silhueta do ex-presidente (vendida a R$ 59,90). Além de uma variedade de outros produtos, como um troféu com o slogan “Deus, Pátria, Família, Liberdade”, um saca-rolhas e até um kit de festa com o tema Bolsonaro. Entre os itens mais caros estão o avental para churrasco com o contorno de Bolsonaro no canto inferior direito e o kit caipirinha, ambos por R$ 199,90.

Eduardo comemora 39 anos com kit festa da Bolsonaro Store — Foto: Reprodução
Eduardo comemora 39 anos com kit festa da Bolsonaro Store — Foto: Reprodução
 A loja virtual, segundo descrição do próprio site, surgiu para manter viva na memória “boa parte dos feitos do presidente Bolsonaro” e ser referência em produtos para o público de direita. Quando foi lançada, a loja foi motivo de piada nas redes sociais.

Para a cientista política Camila Rocha, especialista na nova direita brasileira e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o lançamento de produtos pelos Bolsonaro, além de buscar retorno financeiro, tem como objetivo criar uma marca e um sentimento de pertencimento entre seus apoiadores. Ela compara esse fenômeno ao boné com a inscrição Make America Great Again, que se popularizou entre os eleitores do ex-presidente americano Donald Trump.

— Essas iniciativas estão relacionadas ao modo de organização e mobilização da extrema direita, que se baseia muito em um apelo do tipo fandom (expressão usada para descrever uma comunidade de fãs), em que é necessário mobilizar constantemente os apoiadores, oferecendo contrapartidas. As pessoas precisam se sentir próximas das lideranças, parte do movimento, com capacidade para influenciar — explica Camila, que prossegue: — Essas lideranças de extrema direita prescindem de partidos ou de organizações tradicionais, como entidades estudantis e sindicatos, como forma de organização. O método é, de fato, mais semelhante ao de um fandom.

Dos livros à maquiagem

Outro mercado explorado pela família é o editorial. A “livraria Eduardo Bolsonaro”, fruto de uma parceria com o Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico (Cedet), vende obras do guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho e títulos como “O mínimo sobre Globalismo” e “Feminismo: perversão e subversão”. Quando foi lançada, a livraria tinha em suas prateleiras virtuais produções literárias de escritores contestados pelo bolsonarismo, a exemplo de Chico Buarque e Paulo Coelho, mas boa parte foi tirada do acervo.

Eduardo e Carlos também apostaram no lançamento de livros próprios. O deputado é coautor de “Jair Bolsonaro: Fenômeno Ignorado”, publicado em 6 setembro de 2022, no qual descreve o próprio pai como “uma das figuras mais desprezadas da política brasileira”. A obra pode ser comprada por R$ 38. O vereador, por sua vez, lançou em agosto do ano passado um livro digital sobre o início da estratégia digital que ele montou para o pai. Chamado de “Redes sociais e Jair Bolsonaro: o começo de tudo”, a obra custa R$ 54,90.

Bolsonaro como "garoto propaganda" da marca de cosméticos de Michelle — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Bolsonaro como “garoto propaganda” da marca de cosméticos de Michelle — Foto: Reprodução/Redes Sociais
 Nos últimos meses, Eduardo ainda passou a divulgar a marca Vinho Bolsonaro, criada por dois empresários apoiadores do ex-presidente. Numa publicação no Instagram em novembro, o deputado diz ter a “satisfação de estar entrando nesse projeto” e que antes era consumidor e agora está “participando de dentro”. O GLOBO procurou a marca e o parlamentar para saber qual o papel dele na empresa, mas não teve retorno.

Monetização de vídeos

Nem a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro escapou dos negócios. Já longe da presidência, Michelle fez as vezes de blogueira e lançou, em março de 2023, uma linha de produtos cosméticos que leva seu nome e é vendida no site do maquiador Agustin Fernandez. A ex-primeira-dama também virou recentemente dona de uma agência de marketing. A MPB Business LTDA iniciou suas atividades em fevereiro de 2023 tendo Michelle como única sócia e um capital social de R$ 10 mil.

Bolsonaro, Carlos, Flávio, Eduardo e Rogéria Nantes Bolsonaro (ex-mulher do ex-presidente) ainda são sócios da Bolsonaro Digital LTDA, empresa criada em 2017 para monetizar vídeos no YouTube.

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