Um sorriso e um abraço marcaram o primeiro encontro entre o presidente Javier Milei e o Papa Francisco, neste domingo, no Vaticano, logo após a canonização da Beata Maria Antonia de Paz y Figueroa, a primeira santa argentina. O gesto ensaia uma possível reconciliação entre os líderes — depois de Milei tê-lo insultado em várias ocasiões durante a campanha — e soma-se a outros acenos de paz. Por outro lado, também expõe uma agenda externa do ultraliberal que rompe com a tradição argentina, forjada nos seus interesses pessoais, políticos e religiosos.
A interação ocorreu diante de centena de fiéis. Milei sentou na primeira fileira, ao lado da irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, a chanceler Diana Mondino, e os ministros do Interior e Capital Humano, Guillermo Franco e Sandra Pettovello, respectivamente. Os dois líderes também conversaram antes da missa, informou o Vaticano.
O presidente argentino, um economista de extrema direita que no passado chamou o Papa de “imbecil”, “comunista que acoberta ditadores assassinos” e “representante do maligno”, levantou-se quando Francisco entrou na basílica em uma cadeira de rodas no início da cerimônia e, na missa, ajoelhou-se durante a consagração.
Foi uma das imagens do dia e o ponto culminante de uma semana agitada para Milei, que viajou a Jerusalém, rezou emocionalmente no Muro das Lamentações, teve sua primeira grande crise com o fracasso de seu pacote de mega-reforma, lançou inúmeros insultos a seus detratores e ainda teve tempo de fazer turismo em Roma antes de ver o papa.
Primeiro contato
A reunião de domingo foi um primeiro contato antes de uma audiência na manhã de segunda-feira no Vaticano, onde Francisco e Javier Milei poderão conversar longamente. No mesmo dia, o presidente argentino se reunirá com seu colega italiano Sergio Mattarella e com a primeira-ministra de extrema-direita Giorgia Meloni.
O presidente preparou o terreno, dizendo à Rádio Mitre, da Argentina no sábado que o Papa “é o argentino mais importante da história”, acrescentando que estava confiante que teria “um diálogo muito frutífero”.