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quarta-feira 11 de agosto de 2021 às 14:26h

Governo Bolsonaro conseguiu virar 30 deputados a favor do voto impresso na última hora

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Apesar de ter ficado bem longe dos 308 votos necessários para aprovar a proposta de adoção do voto impresso para 2022, o governo Bolsonaro surpreendeu conforme a coluna de Malu Gaspar do jornal O Globo, quando conseguiur nesta última terça-feira (10)um apoio bem maior do que o previsto pelos partidos que articulavam a oposição ao voto impresso.

A previsão que esse grupo contrário fazia em diferentes mapeamentos indicava que algo perto de 260 parlamentares diriam não ao voto impresso, enquanto no máximo 200 votariam a favor. Mas, ao final da sessão, foram 218 os que apertaram o botão do não no painel eletrônico, enquanto 229 foram pelo sim. Outros 64 não votaram, contribuindo para enterrar a proposta de emenda à Constituição.

Depois da sessão, embora satisfeitos com o resultado, vários líderes de partidos da oposição se disseram impressionados com a ofensiva do governo.

De um lado, pesou a pressão do governo, que por intermédio de seus líderes e do ministro da Casa Civil, mandou aos deputados o recado de que quem fosse contra o governo ficaria sem liberar as emendas parlamentares no Orçamento.

De outro, fez diferença a pressão das bases, especialmente de pastores evangélicos que procuraram diretamente os deputados para pedir pelo voto impresso.

Ao longo da tarde, muitos deputados não necessariamente bolsonaristas, mas com eleitores em comum com o governo,  relatavam aos líderes de oposição estar recebendo  ligações e mensagens via WhatsApp em que pediam a mudança de votos.

Além de argumentos ideológicos, os emissários do governo diziam que quem fosse contra o voto impresso iria se indispor com o presidente da República e poderia sofrer reveses na eleição de 2022.

Houve ainda quem apelasse a ameaças, com telefonemas e mensagens em que se  dizia que  “os tanques estão nas ruas”.

A pressão foi tão forte que, no final da tarde, alguns dos líderes de oposição começaram a temer por uma virada definitiva do governo. Foi quando o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, entrou em ação, enviando aos deputados mais próximos uma mensagem bastante clara: se não for ajudar a derrubar o voto impresso, o correligionário não deveria nem aparecer na Câmara.

Com essa argumentação, Lira conseguiu retirar da votação aliados mais fiéis, como André Fufuca (PP-MA), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Jonathan de Jesus (Republicanos-RR), que com suas faltas acabaram ajudando a derrubar a proposta bolsonarista.

Para o presidente da Câmara, era fundamental que a sessão convocada por ele de fato encerrasse o assunto com a derrota do voto impresso – já que ele havia convocado a votação em plenário contra a vontade de vários dos líderes que ajudaram a vencer o voto impresso na comissão especial da Câmara. Se por acaso a sessão que ele convocou acabasse dando fôlego ao projeto do voto impresso, Lira poderia perder muito de seu capital político na Casa.

Justamente por causa dessa insatisfação com o presidente da Câmara, alguns deputados acabaram não seguindo sua orientação e aparecendo para votar sim, com o governo.

Ao final da sessão, mesmo baqueados com a derrota, os governistas se conformavam dizendo ter cumprido uma espécie de “meta de consolação”: conseguir pelo menos 200 parlamentares a favor do voto impresso.

Diziam, entre eles, que o objetivo era conseguir sair do plenário sem humilhação, além de manter acesa a narrativa bolsonarista de que o voto impresso tem apoio expressivo na sociedade e no Congresso.

Pelo menos nesse aspecto, a ofensiva deu resultado. Hoje, Bolsonaro já afirmou que o apoio ao voto impresso na Câmara “não é pouca coisa” e que a votação demonstra que esses deputados “não acreditam na lisura das eleições”.

No PSDB, que não é oficialmente ligado a Bolsonaro mas tem alguns deputados mais ligados ao governo, o placar foi de 14 votos a favor e 12 contra, mais a abstenção de Aécio. O PSD de Gilberto Kassab, que se diz contra o voto impresso, teve 20 deputados aprovando a proposta.

Até no PSB, legenda de oposição a Bolsonaro, 11 deputados deram aval ao voto impresso. Embora nem todos estivessem cedendo à pressão do governo – alguns tinham um discurso antigo pró voto impresso – eles também acabaram ajudando, involuntariamente, os bolsonaristas a baterem sua meta.

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