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segunda-feira 30 de agosto de 2021 às 05:28h

Em Nova Orleans, o furacão Ida revive trauma do Katrina

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Chester Lastie lembra do furacão Katrina, que devastou seu bairro no leste de Nova Orleans há exatamente 16 anos, enquanto as rajadas de outro ciclone, chamado Ida, sopram sobre sua casa branca.

“Estávamos sentados no jardim por volta das onze da manhã quando os diques cederam”, em 29 de agosto de 2005, conta à AFP. Então, ele pulou em um caminhão rumo à ponte de Claiborne, elevada, de onde viu o caos chegar ao Lower Ninth Ward, bairro operário de maioria negra.

“Peguei um barco com um amigo. Vimos muitas pessoas presas em casas, em telhados, refugiadas em árvores. Nós as resgatamos”, conta.

A maioria das mortes por afogamento no leste de Louisiana causadas pelo Katrina ocorreram neste bairro, segundo um boletim das autoridades publicado três anos depois da catástrofe.

Bairro parcialmente deserto

As imagens de vias e casas submersas sob as águas turvas do rio Mississípi, que banha a região, deram a volta ao mundo, fazendo do Lower Ninth Ward um símbolo dos danos causados pelo Katrina.

Lastie espera que os danos sejam menos devastadores com Ida. “Não penso que Deus o faria uma segunda vez”, suspira o homem de 50 anos, que demorou mais de um ano para reconstruir totalmente sua casa e outras propriedades.

Sua esposa, Patricia Walker, de 53 anos, também é sobrevivente do Katrina.

“Fui me refugiar no sótão com meu cachorro e esperei que o sol saísse, então vieram me resgatar”, lembra. Esta chef esperou dois anos para voltar ao Lower Ninth Ward que a viu crescer.

Muitos nunca o fizeram, como atestam os muitos terrenos cobertos por eva daninha ao longo do eixo principal do bairro, agora quase deserto.

Antes do Katrina, “as ruas viviam cheias de crianças, mas agora não há mais nada, só lotes vazios” lamenta Lastie. Ela aponta com o dedo os locais onde se erguiam grandes casas de dois andares dos vizinhos, que desapareceram com o furacão de categoria 3 em uma escala que vai até 5.

Novos diques

Mas nem todo mundo fugiu. Peter Torregiano vive com a esposa e três filhos em uma casa azul nova, cuja construção acabou em fevereiro.

“Acho que não estavam preparados para o Katrina. Agora temos diques novos”, garante, enquanto prepara, debaixo da chuva, o gerador que vai usar caso fique sem eletricidade.

Seu cômodo fica elevado para enfrentar inundações e mostra com orgulho as laterais da casa, concebidas para resistir a rajadas de vento.

Shane Boyington, que passeia com seu labrador, George, apesar da chuva e das rajadas de vento, também confia no novo sistema de diques edificados após a passagem do Katrina, que custaram mais de 14 bilhões de dólares; assim como na capacidade da sua casa para suportar o impacto de Ida, de categoria 4.

“Está elevada e tem janelas especiais para tempestades”, detalha, ao informar que foram construídas pela associação Make it right, criada em 2007 para reconstruir o Lower Ninth Ward.

“Rezo a Deus que os diques aguentem”, diz Carroll Barriere. O homem de 47 anos, dono de um estacionamento e um terreno no bairro, espera que algumas instituições essenciais possam, por fim, voltar a esta parte da cidade após a passagem do Ida.

“Penso em construir algo quando houver uma nova delegacia de polícia”, antecipa, ao mostrar uma grande picape que deve permitir que fique seguro durante o furacão.

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