domingo 12 de maio de 2024
Lira e Elmar Nascimento na Câmara dos Deputados — Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados/14.06.2022
Home / DESTAQUE / Elmar enfrenta resistência de petistas da Bahia como Rui Costa e Jaques Wagner
domingo 6 de agosto de 2023 às 12:48h

Elmar enfrenta resistência de petistas da Bahia como Rui Costa e Jaques Wagner

DESTAQUE, NOTÍCIAS, POLÍTICA


De olho na sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara em 2025, o líder do União Brasil na Casa, o deputado federal pela Bahia, Elmar Nascimento, cessou segundo Lauriberto Pompeu, do O Globo, o tom bélico que adotava em relação ao Palácio do Planalto e a antigos adversários. O novo estilo, avaliam aliados, é parte de uma estratégia em que ele busca se cacifar para chegar ao posto, missão na qual o apoio do governo poderá ser fundamental.

Lira, que publicamente evita antecipar a disputa pela própria cadeira, tem levado Elmar a eventos, além de escalar o deputado para tarefas de destaque no Legislativo. Os dois são amigos e fizeram uma viagem recente para um cruzeiro que teve o cantor Wesley Safadão como principal atração.

A principal aresta que o líder do União passou a evitar é com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que há dez dias chamou de “amadora” a atuação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), reduto de influência do parlamentar. O deputado, no entanto, escapou da dividida. Os dois têm histórico de antagonismo na Bahia, mas vêm ensaiando uma reaproximação que já incluiu um almoço, em junho.

Segundo aliados, Elmar quer demonstrar que é útil ao governo. Em um sinal de aproximação com o Planalto, o deputado esteve ao lado de Lula na posse do ministro do Turismo, Celso Sabino, do União Brasil. Na ocasião, o parlamentar disse conforme Lauriberto Pompeu, que a nomeação contribui para o partido “ajudar” o Planalto em votações no Congresso. Deputados dizem que a troca de Daniela Carneiro por Sabino foi um fator relevante para o líder da sigla amenizar a postura.

Em maio, o deputado e o chefe do Executivo já haviam se encontrado para negociar a votação da Medida Provisória que reestruturou os ministérios, momento de tensão na relação entre Câmara e Planalto.

Integrantes da cúpula do União Brasil avaliam, no entanto, que, se depender da “vontade pessoal” de Costa e do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), Elmar não será presidente da Casa. O partido vê nos movimentos do deputado uma maneira de, ao menos, fazer com que o governo não trabalhe contra a candidatura. Líderes da base pontuam que a relação não foi totalmente pacificada. Na semana passada, os três deputados do União Brasil que integram a CPI do MST votaram a favor da convocação de Costa, aprovada por 14 a 10.

— Não sabia. Não policio os deputados nas comissões. Considero equívoco (convocar Rui Costa), porque ele não tem nada a ver com invasão de terra — disse Elmar ao O Globo, reconhecendo que hoje há menos embates, mas negando relação com o pleito de comandar a Câmara. — Tem a ver com sair do palanque. As eleições acabaram.

Corrida pela cadeira de Lira

Os pontos favoráveis e desfavoráveis para Elmar na busca pela presidência da Câmara.

Movimentos:

  • Proximidade com Lira: Embora evite fazer declarações públicas sobre o sucessor, o atual presidente da Câmara tem levado Elmar a eventos e agendas de destaque do legislativo.
  • Sem confrontos: Recentemente, o deputado evitou embate com o ministro Rui Costa, adversário na política baiana, que fez críticas à Codevasf.
  • Aproximação com o governo: Na última semana, Elmar disse que chegada de Celso Sabino ao Turismo contribui para o União Brasil “ajudar” o Planalto no Congresso

Resistências

  • Busca de apoio: Para ter um apoio mais amplo, Elmar terá que driblar a resistência de petistas baianos, como a do próprio Rui Costa e Jaques Wagner
  • Pé no freio: Entrar cedo na corrida pela presidência pode torná-lo “vidraça”. Por isso, Elmar tem sido aconselhado a não fazer movimentos tão explícitos
  • Adversários: Ser o “candidato de Lira” pode não ser suficiente para barrar outras candidaturas, como a do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, entre outras

Companhia constante

Ministro da Integração Nacional, pasta que cuida da Codevasf, Waldez Góes também minimizou a reclamação de Rui Costa sobre a estatal. Ele negou impacto na bancada do União Brasil, partido que o indicou ao cargo, diz Lauriberto Pompeu .

— Não tem resistência. Ao contrário, a gente tem que resolver. A crítica é sobre a gestão do Projeto de Integração do São Francisco, mas essa é apenas uma das agendas da Codevasf. Há outras — disse Góes.

Em maio, Elmar havia culpado o ministro da Casa Civil pelo atraso na liberação de emendas parlamentares e afirmado que ele estava atrapalhando a relação com o Congresso. Sucessor de Costa no governo da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) aprova a aproximação e, em junho, disse que é necessário “jogar com todo mundo”.

Ao mesmo tempo em que evita escalar os conflitos com o governo, o deputado do União Brasil tem apostado na proximidade com Lira. Em maio, junto com o presidente da Casa, participou de uma reunião com empresários para discutir o arcabouço fiscal e taxa de juros. O encontro reuniu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Banco Central, Roberto Campos Neto, e nomes do BTG, da Riachuelo, da construtora MRV e do Grupo Esfera. Havia apenas outros dois deputados presentes: Cláudio Cajado (PP-BA), relator do novo marco fiscal, e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), responsável pelo parecer da reforma tributária.

No campo pessoal, além do cruzeiro, Elmar e Lira também estiveram juntos em viagem para Las Vegas, em fevereiro, passaram o carnaval juntos em Salvador e foram para Maracanaú (CE) comemorar o aniversário do prefeito Roberto Pessoa (União Brasil). Na semana passada, Lira levou Elmar a tiracolo para a entrevista que deu ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Temor de ser “vidraça”

Por outro lado, ainda conforme o colunista do O Globo, o líder do União na Câmara tem sido aconselhado a não fazer movimentos tão explícitos que chamem atenção para sua vontade de ser presidente da Casa. A avaliação é que antecipar o processo eleitoral o deixa exposto por mais tempo e mais suscetível a ser vidraça e ter parlamentares trabalhando contra.

Outro argumento é que ser o candidato de Lira não garante automaticamente a cadeira para o deputado do União e que o presidente da Câmara, a depender do cenário, pode não ter força para barrar uma candidatura alternativa, como a do presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), ou outra que surgir até 2025.

Quando perguntado sobre o tema, o próprio Nascimento afirma que falar sobre a eleição seria um desrespeito com a gestão de Lira, que só acaba em 2025. Nos bastidores, no entanto, aliados dizem que todos os movimentos dele são feitos pensando em comandar a Casa.

Oponentes de Elmar na sucessão de Lira na Câmara também terão barreiras a vencer

Veja também

Pacheco lamenta morte da deputada Amália Barros

O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), lamentou a morte da deputada …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!
Pular para a barra de ferramentas