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Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e o presidente Jair Bolsonaro - Carolina Antunes/PR
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sexta-feira 30 de dezembro de 2022 às 17:39h

Após live, bolsonaristas falam em ‘jogada de mestre’ e ‘Heleno presidente’

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O pronunciamento de Jair Bolsonaro na manhã desta sexta-feira (30), poucas horas antes de embarcar para os Estados Unidos antes do término do mandato, provocou inicialmente segundo a colunista Malu Gaspar, do O Globo, frustração entre apoiadores do presidente derrotado, que aguardavam por alguma sinalização para impedir a posse de Lula no próximo domingo. O clima, no entanto, mudou rapidamente a favor de Bolsonaro.

Em pouco tempo, uma narrativa se alastrou pelos grupos de WhatsApp e Telegram a favor do presidente e de bandeiras antidemocráticas: o líder demissionário deixou o Brasil em uma “jogada de mestre” para que as Forças Armadas possam intervir e impedir que Lula vista a faixa, sem responsabilizar Bolsonaro por qualquer golpe.

Desde que Bolsonaro se recolheu após a derrota para Lula em outubro, o universo bolsonarista nas redes desenvolveu uma espécie de fixação em encontrar “mensagens ocultas” alegadamente sinalizadas pelo presidente em fotos e vídeos publicados pelo presidente.

Não foi diferente com a live desta sexta-feira. Ao final da transmissão ao vivo, um auxiliar apontou a câmera para o chão. Neste momento, ouve-se uma voz masculina dizer “selva!”, um grito de guerra militar popularizado entre bolsonaristas. Apoiadores do presidente garantiram em grupos se tratar de uma incitação cifrada a favor de uma intervenção ou da ocupação de quartéis pelos militantes.

“Do livro ‘A Arte da Guerra’: Quando capaz, finja ser incapaz; quando pronto, finja estar longe; quando longe, façam acreditar que está próximo”, diz uma arte compartilhada em dezenas de grupos em referência à obra atribuída ao estrategista militar chinês Sun Tzu.

Para afiançar ainda mais a teoria conspiratória, bolsonaristas espalharam boatos de que Bolsonaro havia passado o comando do país ao seu ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, por meio de um decreto – o que é inconstitucional. Mas a fake news provocou uma corrida de apoiadores ao Diário Oficial da União (DOU).

“Aos pés frios daqui do grupo de plantão, leiam o Diário Oficial de hoje. Bolsonaro passou todo o poder para o GSI, ou seja, quem dá as cartas no Brasil a partir de agora é o General Heleno. É ele quem está com a faca e o queijo nas mãos!”, respondeu um bolsonarista a militantes decepcionados com o discurso. “General Heleno é o presidente da República. Ele é o melhor estrategista do país, talvez do mundo”, publicou outro militante.

“Não vai ter Lula. Parem de cair na lábia de quem quer derrotar o Brasil. Para que colocar isto [críticas a Lula] aqui? General Heleno é quem vai ficar no poder. O presidente precisava sair do Brasil, agora o Exército tomará conta”, escreveu uma administradora do grupo “Patriotas bolsonaristas unidos – Deus, Pátria, Família e Liberdade” no Telegram. “Em um dia de governo sob o General Heleno, o Brasil vai evoluir 100 anos!”, bradou um bolsonarista.

A tese conspiratória se espalhou por mais de dez grupos bolsonaristas monitorados pela equipe da coluna no Telegram. Não há, claro, qualquer publicação no Diário Oficial nesse sentido – e, seguindo a Constituição Federal, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) será o presidente em exercício do Brasil até a posse de Lula no domingo.

Uma publicação verdadeira no DOU, referente ao repasse de verbas para a compra de equipamentos militares pelo GSI, também provocou alvoroço nas redes. “Acham comum uma publicação dessas no dia 29 de dezembro?”, questionou uma apoiadora.

Apesar da narrativa instaurada, nem todos os bolsonaristas conseguiram se entender. Assimilada a tese de que Bolsonaro convocou os apoiadores para a “guerra”, militantes em diferentes grupos não conseguiam definir se ocupariam a porta do quartel-general do Exército, em Brasília, onde está concentrado o acampamento pró-golpe, ou a frente do Palácio da Alvorada.

Além disso, a tese replicada nos grupos também não foi unânime.

“Acabou. Não consigo acreditar”, lamentou uma bolsonarista com um emoji simulando um choro. “Flávio [Bolsonaro] está no mundo da lua. Não vai ter oposição em governo comunista, cara. Se toca!”, retrucou outra apoiadora em resposta ao senador e primogênito do presidente, que falou em fazer “oposição séria e responsável” a partir de 1º de janeiro.

Ainda durante a tarde, diversos grupos foram “invadidos” por críticos de Bolsonaro no meio da tarde de sexta-feira. No chat, vários usuários compartilharam conteúdos críticos ao presidente derrotado e zombaram das intenções golpistas de seus apoiadores, provocando ira entre bolsonaristas.

Resta saber qual será a narrativa bolsonarista da vez uma vez empossado Luiz Inácio Lula da Silva, no próximo domingo, cumprido o rito constitucional – e sem a passagem de faixa entre presidentes pela primeira vez desde 1985.

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