A nota da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) justificando sua estadia na Embaixada da Hungria foi classificada pela Polícia Federal como “risível” e “patética”, registra o colunista Valdo Cruz, da Globo News.
Para os investigadores, foi quase uma confissão de que o ex-presidente planejava uma fuga se fosse alvo de pedido de prisão no inquérito que investiga uma trama golpista durante seu governo.
A justificativa dada, de que Bolsonaro estava fazendo contatos com autoridades da Hungria, não passa, para a PF, de uma desculpa mais do que frágil.
A revelação de que o ex-presidente ficou “refugiado” durante dois dias na embaixada húngara, depois de ter seu passaporte apreendido, foi do jornal “The New York Times”. Segundo investigadores, as circunstâncias serão apuradas pela Polícia Federal.
A PF vai esperar a confirmação oficial do caso, que virá por meio da explicação cobrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no prazo de 48 horas.
Depois disso, a PF vai cruzar as informações com dados sobre as movimentações e articulações do ex-presidente já em posse do órgão. Não estão descartadas medidas preventivas para evitar que Bolsonaro busque um asilo numa embaixada, para escapar a qualquer decisão contra ele.
Embaraço internacional
Por outro lado, para sinalizar que não gostou do que é visto como uma tentativa de interferência da Hungria em temas domésticos, o Ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador húgaro no Brasil, Miklos Halmai, para que apresentasse explicações ao Itamaraty.
Uma forma de demonstrar a reprovação do governo brasileiro ao gesto do governo do primeiro-ministro Viktor Órban.
O embaixador foi recebido pela diretora do departamento de Europa e América do Norte, Maria Luísa Escorel, e não pelo chanceler Mauro Vieira.
Halmai, segundo diplomatas, estava visivelmente constrangido com o episódio, principalmente com a divulgação de imagens em que a embaixada se coloca a serviço de Bolsonaro para hospedá-lo durante dois dias.