Segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha, Eduardo Suplicy foi diagnosticado com a doença de Parkinson em estágio inicial, e com sintomas leves.
Ele recebeu a notícia no fim do ano passado, quando procurou especialistas depois que seu médico geriatra, Nelson Carvalhaes, percebeu os primeiros sinais do problema.
O Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva, e que causa tremores.
“Ele detectou, mas não havia nada pormenorizado”, afirma o petista, que foi eleito deputado estadual por São Paulo no ano passado.
Apesar da notícia, Suplicy afirma que nada tinha mudado até então em sua vida.
“Eu não me dei conta de que tinha Parkinson. Só mais tarde, conversando com a doutora Luana Oliveira, é que fui percebendo alguns sintomas”. A neurologista é do núcleo de Cannabis Medicinal do hospital Sírio-Libanês.
“Eu estava com certos tremores nas mãos, especificamente na hora de comer, de segurar os talheres, de tomar uma sopa. Tremia um pouco”, diz. “Tinha também dores musculares na perna esquerda.” E algum desequilíbrio, que o fazia quase cair ao tropeçar em algum objeto.
Há alguns dias, Suplicy reuniu os filhos Eduardo, o Supla, João e André para conversar sobre a doença. E comunicar que iria divulgá-la em uma entrevista à coluna.
“Você me acompanha há muitos e muitos anos. Desde o meu primeiro mandato eletivo, de deputado estadual, em 1978, a transparência sempre foi a minha norma”, afirma o parlamentar.
Desta vez, havia um motivo extra para ele revelar fatos de sua intimidade ao público: Suplicy está se tratando com a Cannabis medicinal. E defende que a sua distribuição seja regulamentada no Brasil, onde apenas pacientes que têm condições econômicas podem adquiri-la com facilidade.
Suplicy, por exemplo, importou um vidro de Cannabis industrializada para poder iniciar o seu tratamento, em fevereiro.
Ele está tomando cinco gotas do medicamento no café da manhã, cinco gotas à tarde e outras cinco no período noturno. Usa também o Prolopa, remédio tradicionalmente administrado contra o Parkinson.
A Cannabis ainda não está disponível no SUS, e pacientes que não têm recursos, em geral, conseguem o medicamento em associações terapêuticas que a fornecem autorizadas por liminares judiciais.
Nesta terça (19), Suplicy vai participar de uma audiência pública na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, convocada por iniciativa da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ). O debate será sobre a proposta que prevê a regulamentação do cultivo e da distribuição da Cannabis do Brasil.
Ele vai relatar todo o bem que o medicamento tem feito em seu dia a dia. “Tudo melhorou bastante”, relata. “A dor na perna sumiu. O tremor, na hora de comer, melhorou. Tenho caminhado com firmeza”, segue.
A personal trainer com quem faz ginástica três vezes por semana, “erguendo pesos de 3 kg, fazendo abdominais e caminhando ou correndo 1,8 km”, tem feito boletins que envia a familiares mostrando como ele melhorou a performance depois de um abalo inicial por causa da doença.
No fim do mês passado, ele viajou à zona desmilitarizada entre as Coreias do Sul e do Norte para participar de um debate sobre a renda básica universal.
Aconselhado pelos médicos e por advogados, suspendeu o uso da Cannabis, que é proibida naquela parte do mundo.
Na volta, se mostrou mais impaciente, andava devagar. Tomou de novo a Cannabis, e tudo voltou a melhorar.
Suplicy afirma que tem procurado um entendimento “com Deus e os orixás para só partir deste mundo depois de ver instituída no Brasil a Renda Básica”.
“Universal. E incondicional”, completa Suplicy, que em junho celebrou seus 82 anos de vida.