O empresário Mark Zuckerberg até trocou o nome da empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp para dar mais eco a sua nova aposta, em outubro de 2021. Meta seria o nome da empresa, e o Metaverso, um ambiente de universo digital, seria a nova aposta.
Em março de 2023, menos de dois anos depois do anúncio e de mais de US$10 bilhões de investimento, o Metaverso foi deixado de lado pelo bilionário. A aposta, vendida como o futuro da comunicação e da interação entre as pessoas no mundo digital, foi frustrada.
“Apesar da empresa Facebook ainda ser uma das mais lucrativas do mundo, a Meta fez uma aposta ‘no escuro’ de 100 bilhões de dólares no Metaverso. Mark Zuckerberg investiu em algo que ninguém ainda sabe direito o que é, nem mesmo a Meta. Além disso, a empresa sequer disse qual seria o modelo de negócios aplicado ao empreendimento”, criticou Rodrigo Silva, professor da Faculdade de Computação e Informática do Mackenzie.
Por que não deu certo?
Em um cenário em que o mundo estava começando a sair da pandemia de Covid-19, a aposta em que as pessoas fossem passar cada vez mais tempo do seu dia em casa por ter catapultado essa iniciativa.
O Metaverso seria uma extensão da vida, onde as pessoas poderiam conviver com outros avatares, negociar itens e, até mesmo, se casar e comprar terrenos. Nada disso fez com que a tecnologia saísse do sonho do vale do silício a chegasse à realidade. O especialista em tecnologia, inovação e tendências Arthur Igreja tem algumas hipóteses do motivo que a tecnologia não vingou.
“A tecnologia ainda custa muito caro e não é simples. O headset não é tão confortável quanto precisaria ser. E quando se fala de uma experiência imersiva como essa é fundamental ressaltar que ela só faz sentido se as pessoas conseguirem encontrar os amigos, os conhecidos dentro desse mesmo ambiente. Se tiver só ‘early adopter’ como é o caso do Metaverso, isso não gera um amplo movimento. É preciso ter um certo efeito de viralização num curto espaço de tempo e não é o que ocorreu com o Metaverso”, acredita.
Qual o futuro do NFT?
Em paralelo com o Metaverso ganhou popularidade os Non Fungible Tokens (NFT). Num primeiro momento usado por artistas para comercializar artes virtuais, os Tokens Não Fungíveis seriam muito bem aproveitados no Metaverso, já que o usuário poderia comprar um artigo exclusivo para o seu avatar dentro da plataforma.
Agora, com a pisada no freio do mercado de tecnologia, os especialistas ouvidos pela IstoÉ Dinheiro são unânimes em apontar que o NFT será prejudicado. “NFT já nasceu morto. Não vejo a possibilidade de garantir que um objeto digital seja classificado como original e valer muito dinheiro. Isto poderia se tornar uma bolha financeira e dantesca”, apontou Silva. Igreja concorda que o NFT pode ser prejudicado, mas reforça que a tecnologia e o conceito vão além do que o Metaverso.
Inteligência artificial pode ir para o mesmo caminho?
A Inteligência Artificial é a nova tentativa das big techs de conseguir sair da dificuldade financeira que encontram desde que o governo norte-americano resolveu subir os juros e deixar os investimentos mais escassos. Desde então, uma série de demissões estão acontecendo em um mercado ainda bilionário. Silva afirma que não acredita que a aposta na Inteligência Artificial vá dar errado, já que é uma tecnologia bem mais consolidada.
“A vantagem da IA é que hoje já existe poder computacional para alavancar os projetos na área, que já possuíam estudos muitos anos antes. Ainda haverá muitos erros e acertos, mas a outra vantagem é que o modelo de negócio de qualquer empresa ou administração pública já existem e a IA é só aplicada aos processos”, acredita.