Depois da recente turbulência, o PSDB terá nos próximos dias dois presidenciáveis em campo —João Doria (SP), pré-candidato oficial e vencedor das prévias, e Eduardo Leite (RS), que, apesar de perdedor da disputa interna, declarou-se apto e tem apoio de parte da sigla.
Após um vaivém de decisões sobre a renúncia ao cargo de governador e a candidatura presidencial, Doria deixou o Palácio dos Bandeirantes na última quinta-feira (31). No dia seguinte à tarde, já deu seu primeiro expediente no comitê eleitoral, no bairro Jardim América, região nobre da capital paulista.
O agora ex-governador paulista planeja iniciar suas viagens durante a semana, começando pela Bahia. Até agora, o tucano tem uma série de reuniões de planejamento de equipe.
Já Leite, que saiu do Governo do Rio Grande do Sul também na quinta-feira, deve desembarcar em Brasília para iniciar sua articulação política. Ele terá reunião com o grupo que o apoiou nas prévias e vai buscar integrantes de MDB, União Brasil e Cidadania.
O gaúcho também teve um encontro neste sábado (2) com Sergio Moro (União Brasil), que chegou a abrir mão da sua candidatura presidencial na quinta, mas voltou a flertar com a possibilidade nesta sexta (1º).
Leite quer rodar o país e está mapeando os estados onde teve apoio majoritário nas prévias e onde tem políticos aliados. A brecha para as viagens é a intenção de convencer jovens de todos os lugares a tirarem seus títulos.
Os dois tucanos renunciaram a seus cargos, conforme exige a lei eleitoral, com o objetivo de estarem liberados para a pré-campanha.
A renúncia de Doria, porém, se tornou uma novela que esteve a ponto de implodir o partido. Antes da reviravolta que teve início na noite de quarta (30), havia um questionamento no PSDB a respeito da atitude de Leite, que deu entrevista na segunda (28) se lançando candidato e indicando a proposta de virar a mesa das prévias.
O gaúcho foi alvo de críticas e, sobretudo na opinião de tucanos ligados a Doria, teve atitude golpista. O paulista disse ter cogitado desistir para frear a sabotagem de Leite.
Mas, após a hesitação de Doria, que também colocou em risco a candidatura de seu vice Rodrigo Garcia (PSDB), atual governador, e alianças estaduais, o peso dos questionamentos internos se voltou contra o paulista.