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domingo 12 de março de 2023 às 08:28h

Sergio Cabral puxa reabilitação política de alvos da Lava-Jato, que miram eleições de 2024

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Menos de uma década após serem alvos de prisões e condenações com base na Operação Lava-Jato, ex-integrantes do primeiro escalão da política fluminense buscam a reabilitação política, na esteira de vitórias judiciais que anularam sentenças. O ex-governador Sérgio Cabral, solto em fevereiro após seis anos em prisão preventiva e dois meses em regime domiciliar, tenta de acordo com Bernardo Mello, Jan Niklas e Thiago Prado, do O Globo, se reposicionar como “consultor” eleitoral e ensaia uma aproximação com aliados do governador Cláudio Castro (PL) em 2024. Outros caciques do antigo PMDB no Rio, como o ex-governador Luiz Fernando Pezão e os ex-deputado Paulo Melo, miram antigos redutos.

Embora esteja inelegível e tenha restrições, como o uso de tornozeleira e proibição de fazer festas em casa, Cabral obteve margem de atuação política após decisões favoráveis da Justiça. No início de março, ele se encontrou em um restaurante na Zona Sul do Rio com o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz (PSD), lançado na política pelo prefeito da capital, Eduardo Paes, ex-aliado e hoje desafeto de Cabral.

Santa Cruz postou, e depois apagou, uma foto do encontro citando “anos de injustiças” contra Cabral. Na mesma semana, o ex-deputado Marco Antônio Cabral, seu filho, foi nomeado em cargo na Assembleia Legislativa (Alerj) pelo presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (PL), e pelo 1º secretário da Mesa Diretora, Rosenverg Reis (MDB), aliados de Castro. A mãe de Cabral, Magaly de Oliveira, está desde fevereiro de 2019 como assessora da deputada estadual Franciane Mota (União), mulher de Paulo Melo.

Preso em 2017, o ex-presidente da Alerj teve sua condenação na Lava-Jato anulada em 2022 e deve disputar a prefeitura de Saquarema no ano que vem. Melo reconhece ter havido caixa dois em campanhas, mas nega as práticas de corrupção que lhe foram imputadas pela Lava-Jato, em argumentação similar à de Cabral. O ex-governador chegou a confessar recebimento de propina, mas agora diz que foi coagido a delatar.

— O Sérgio é uma das maiores lideranças do estado, é imprescindível no processo político. Os antigos líderes foram massacrados por pessoas com moralidade pífia, e não se formaram novas lideranças — diz Melo.

Pela deferência que ainda recebe de diferentes grupos políticos e pela chance de gerar munição contra antigos correligionários, interlocutores avaliam que Cabral poderá ser um “influenciador” em campanhas. Um de seus alvos já sinalizados é Eduardo Paes, a quem apoiou em suas duas primeiras eleições na capital, em 2008 e 2012, e de quem se ressente pela falta de suporte após sua prisão. Uma das hipóteses consideradas por Cabral é ajudar na costura da chapa de Dr. Luizinho (PP), atual secretário estadual de Saúde, que deve ter o apoio de Castro.

Outro tido como persona non grata é Pezão, seu sucessor e antigo vice, devido a entreveros entre eles no período em que a ex-mulher de Cabral, a advogada Adriana Ancelmo, esteve presa. Segundo interlocutores, Cabral e Ancelmo têm mantido contato.

Também de volta à cena, Pezão atuou no ano passado para angariar apoios à campanha de André Ceciliano (PT-RJ) ao Senado em municípios do interior fluminense. O ex-governador ficou quase um ano preso, em 2019, antes de ser condenado em primeira instância pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, responsável também pela maioria das sentenças contra Cabral.

No último mês, após o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastar Bretas para apurar irregularidades em sua atuação na Lava-Jato fluminense, a defesa de Pezão voltou a se movimentar para reverter sua sentença e permitir que ele concorra à prefeitura de Piraí. Uma alternativa vislumbrada é lançar seu filho e vereador da cidade, Roberto Betão.

— Muitos me procuram pela minha experiência — afirma Pezão.

A situação dos caciques do antigo PMDB do Rio

Sérgio Cabral

O ex-governador foi solto em fevereiro após seis anos em prisão preventiva e dois meses em regime domiciliar, e ainda usa tornozeleira eletrônica. Cabral tem 24 condenações por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, parte delas confirmadas em segunda instância, o que o deixa inelegível. Sua defesa pretende pedir anulação de processos na Lava-Jato do Rio alegando irregularidades na conduta do juiz Marcelo Bretas.

Luiz Fernando Pezão

Sucessor de Cabral, Pezão estava inelegível até 2022 por uma condenação da Justiça Eleitoral por abuso do poder econômico, devido a benefícios concedidos a empresas doadoras de campanha. Preso no fim de 2018 e solto após um ano, ele foi condenado em primeira instância na Lava-Jato, e procura reverter uma medida cautelar que o proíbe de ocupar cargo público enquanto o processo estiver em andamento.

Paulo Melo

Ex-presidente da Alerj no governo Cabral, Melo foi preso em 2017 na Operação Cadeia Velha, desdobramento da Lava-Jato, mas teve a condenação anulada pelo STF. Há ainda uma sentença na Justiça Eleitoral por abuso do poder econômico em 2016, que o tornou inelegível por oito anos. A defesa entende que a inelegibilidade se encerrará dias antes da eleição de 2024, e que Melo poderá concorrer a prefeito de Saquarema.

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