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segunda-feira 26 de junho de 2023 às 09:39h

Rebelião na Rússia: analistas avaliam futuro do grupo Wagner e população teme guerra interna

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“Tive medo, porque era óbvio que ninguém pensaria no que estava acontecendo com as pessoas, com os territórios, com os soldados que foram enviados para atirar nas colunas que seguiam em direção a Moscou, com aqueles que seriam mortos. Poderiam dizer algo como: ‘acabamos de bombardear com nossos aviões todos que estavam por lá, lamentamos muito, vamos pagar uma indenização’. É assim que o Estado deve se comportar?”, questionou.

A moradora afirmou ainda que, no momento, Moscou parece segura, mas que a insegurança é recorrente. “Quando penso no que vai acontecer a seguir, digo a mim mesma: agora eles concordaram, mas em três semanas ou um mês, outra coisa vai acontecer e aí, no que isso vai dar? Vai começar de novo? Eu não entendo o que eles resolveram entre eles. Ninguém fala sobre isso. E aqueles que falam, não podemos acreditar de maneira alguma. Para mim, isso é a coisa mais assustadora”, disse.

Por fim, ela lamentou não poder se expressar, porque isso custaria sua liberdade. “É um risco muito alto para mim expressar meu descontentamento e raiva”, finalizou.

Rússia e Ocidente aliviados com fracasso do motim

O diplomata e escritor Vladimir Fedorovski também conversou com a RFI sobre os acontecimentos do último fim de semana. Para ele, esse é o momento de analisar os próximos passos e, assim, avaliar os prejuízos sofridos nos dois lados. Apesar disso, ele não acredita que o grupo Wagner tenha ameaçado, de fato, o governo russo. “Nenhum militar russo, em todo o país, apoiou Ievguêni Prigojin, assim como nenhum órgão da imprensa”, destacou.

Sobre o avanço das tropas Wagner a cerca de 200 quilômetros de Moscou sem enfrentar nenhuma resistência, Fedorovski considera que houve uma falta de organização do Kremlin, mas, por outro lado, ele avalia que Vladimir Putin deu instruções imediatas para evitar perdas civis. Isso fez com que o presidente não saísse necessariamente fragilizado da tentativa de golpe, deixando o país aliviado.

“E outros países, bem como os Estados Unidos, também ficaram aliviados. O Ocidente hoje está bastante consciente que a desestabilização de uma nação com seis mil ogivas nucleares é algo gravíssimo”, disse.

“Putin conhece Prigojin muito bem, ele é sua criatura”

De acordo com o Washington Post, o governo americano sabia há alguns dias sobre os planos do líder do grupo Wagner. Questionado se Putin também estaria informado sobre a operação que estava sendo preparada, Fedorovski afirma que o presidente russo também sabia.

“Sim, o Kremlin tinha informações, ele conhece Prigojin muito bem, ele é sua criatura. Mas Putin pensava que ele não ousaria ir até o fim. Entretanto, agora Putin está furioso e ele não vai perdoá-lo”.

Nesta segunda-feira (26), todas as agências de notícias russas anunciaram que a investigação criminal contra o líder do grupo paramilitar ainda estava em andamento. No âmbito de um acordo apresentado como resultado de uma mediação do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, os combatentes Wagner, que servem como auxiliares do exército russo na guerra da Ucrânia, concordaram em retornar às suas bases e garantiram sua segurança enquanto supoõe-se que Prigojin se estabeleça no país.

Putin prometeu no sábado esmagar o que ele chamou de “motim” e “traição”. Conforme a lei russa, Prigojin, que ainda não reapareceu em público desde sua retirada de Rostov, pode pegar entre 12 e 20 anos de prisão.

O futuro do grupo Wagner

Uma das questões principais diante do motim é sobre o futuro do exército paralelo formado pelo grupo Wagner tanto nas relações com o Kremlin quanto na guerra na Ucrânia. Quando perguntado sobre o tema, o diplomata Fedorovski afirma que o governo russo tenta controlar os mercenários no ambiente da guerra e reintegrá-los no exército, porque é uma força muito eficaz.

“O governo vai querer continuar a aproveitar esses profissionais na guerra, porque eles são muito experientes, mas é preciso gerir essa situação. Entretanto é um cenário muito preocupante. Nós caminhamos para uma guerra total, eu diria mesmo uma guerra mundial. Essa é a maior crise enfrentada pela Europa desde a Segunda Guerra Mundial. E será preciso muito conhecimento para gerenciar essa questão”, finalizou.

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