Sem eleger prefeitos em capitais desde 2016, o PT tenta recobrar fôlego segundo César Felício, do jornal Valor, nos centros políticos, de modo mais seletivo. Segundo o senador Humberto Costa (PT-PE) coordenador do Grupo de Trabalho Estadual (GTE), a sigla tende a lançar candidaturas próprias em 12 capitais.
Caso essa perspectiva se materialize, é uma mudança grande na estratégia de não se abrir mão da cabeça de chapa. Em 2020, o partido lançou nome próprio em 20 capitais. Já está definido que o PT vai apoiar candidatos de outros partidos em São Paulo e Rio de Janeiro
Costa diz que o partido larga com maior competitividade em 5 capitais. A maior é Fortaleza (CE), onde o partido trabalha com duas hipóteses: lançar o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, que já anunciou a sua saída do PDT; ou novamente embarcar em uma candidatura da ex-deputada federal Luizianne Lins, que foi prefeita entre 2004 e 2012. Leitão é ligado ao ministro da Educação, Camilo Santana, mas tem obstáculos judiciais para a troca do partido, em razão das regras de fidelidade partidária. A Executiva Nacional da sigla ameaça ir à Justiça para retirar seu mandato. Luizianne controla o diretório municipal do PT.
O partido ainda vê com otimismo as disputas em quatro pequenas capitais: Natal, com a deputada federal Natália Bonavides; Vitória, em que o provável nome é o do ex-prefeito João Coser; João Pessoa, com o também ex-prefeito Luciano Cartaxo; e Aracaju, em que são citados o ministro da Secretaria Geral, Marcio Macêdo e a secretária nacional de Renda da Cidadania, Eliane Aquino, que administra o Programa Bolsa Família.
“Temos dificuldades, mas não teremos mais uma eleição como a de 2016 ou a de 2020”, disse Costa. Em 2016 o PT ganhou apenas em Rio Branco. Em 2020 perdeu em todas as capitais que disputou. Para Humberto Costa, o cenário é favorável à reeleição dos atuais prefeitos, o que é um complicador para as candidaturas petistas em capitais como Porto Alegre e Goiânia. Mas o panorama mais difícil para o partido está na região Norte.
Nas sete capitais nortistas há dificuldade até em viabilizar candidaturas próprias. Costa diz que o partido não descarta apoiar ou ser apoiado pelo PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas ressalva que não há, no momento, nenhuma capital com negociações neste sentido.
A presidente nacional do PT Gleisi Hoffman já se reuniu com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, para a discussão de alianças, a pedido do último. O principal interesse do PSB é garantir apoio para a reeleição do prefeito do Recife, João Campos.
É uma aliança possível, já que o PT participa da administração de Campos, mas Costa, que é pernambucano, afirmou que ainda não há acordo fechado e que o partido pode lançar candidatura própria na cidade.
Nem todas as candidaturas próprias do PT são competitivas. O partido caminha para lançar o deputado federal Rogério Corrêa em Belo Horizonte, embora o PT tenha obtido 1,9% dos votos válidos na capital mineira em 2020.