Antes de as urnas serem apuradas no primeiro turno já dá para apontar o vencedor musical das eleições municipais de 2020: “O homem disparou”, jingle genérico em ritmo de forró pisadinha, se espalhou pelo Brasil e tocou sem parar, até em campanhas concorrentes.
O hit foi além das caixas de som de comícios conforme reportagem do G1. No YouTube, só os principais vídeos com a música – que nem falam de um candidato em específico – somam mais de 6 milhões de visualizações. A faixa também entrou no top 20 de canções virais do Spotify.
A música tem versos como “ele é querido, atencioso, trouxe a liberdade paro o nosso povo”, que podem servir para qualquer candidato.
“O homem disparou” tem melodia de um músico mineiro, feita para uma banda brasiliense, reciclada por um cantor piauiense e encomendada por um agente cearense. O estouro foi no projeto de um empresário paraibano: criar um álbum só com esses jingles genéricos.
O jingle que roda o Brasil também tem uma história que cruzou o país.
Conheça a jornada de ‘O homem disparou’ em seis passos:
Em 2013, a banda brasiliense Forró Perfeito lançou “Menina pavorô”, escrita pelo mineiro João Silveira, que é cantor, compositor e empresário do grupo. Ela tocou muito no Nordeste na época, mas não chegou a ser hit nacional;
No início de 2020, o empresário cearense Francisco Neto, que mora em São Paulo, foi procurado por um pré-candidato a prefeito no interior do Piauí, em busca de um jingle. Como ainda não era período eleitoral, ele não podia citar o nome do candidato;
O jingle genérico “O homem disparou” foi composto a pedido de Francisco pelo piauiense César Araújo, com letra nova sobre um político qualquer, usando a melodia de “Menina pavorô”;
A faixa se espalhou pela internet e despertou o interesse do empresário paraibano Patrício da Costa, que mora em Recife e agencia o cantor cearense Karkará, do grupo Vilões do Forró;
Patrício e Karkará estavam montando um álbum só com esses jingles genéricos, que pudessem ser usados por vários candidatos. Eles chamaram César para participar e cantar sua faixa;
Regravada por César Araújo, Karkará e os Vilões do Forró, com direito a videoclipe, a faixa estourou de vez, usada até por campanhas que concorrem entre si.