Apesar dos últimos dados da Demografia Médica no Brasil 2018 indicarem que as mulheres estão ganham maior espaço na medicina, dados levantados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) indicam que as médicas brasileiras têm salários menores que os médicos mesmo trabalhando em condições semelhantes.
Os pesquisadores mapearam salários e condições de trabalho de uma amostra de 2,4 mil médicos brasileiros. Foram levados em conta o local de trabalho, carga horária e especialidade desses profissionais.
Os dados levantados levaram os pesquisadores a constatar que 80% das mulheres se concentram nas três categorias inferiores de remuneração da profissão, de um total de seis. Entre os homens, essa proporção é de 50,8%.
O estudo ainda mostrou que as médicas brasileiras trabalham mais no Sistema Único de Saúde (SUS), e também estão mais presentes na atenção primária. Elas ainda fazem menos plantões que os homens. Eles acabam dominando as especialidades cirúrgicas e têm mais representantes na faixa etária a partir de 60 anos.
A análise da diferença salarial entre médicos e médicas desconsiderou essas variáveis. Os pesquisadores aplicaram um modelo estatístico que isolou esses fatores. O resultado mostrou que, ainda assim, a diferença de remuneração entre homens e mulheres persiste. A chance de um homem estar na faixa mais elevada de salário é de 17,1%, enquanto entre as mulheres esse índice é de 4,1%, segundo a Folha de S. Paulo.