quarta-feira 9 de outubro de 2024
Foto: Arquivo/Reprodução
Home / NOTÍCIAS / Marina Silva e Heloísa Helena, que já divergiam sobre Lula, agora discordam sobre o futuro da Rede
terça-feira 11 de abril de 2023 às 07:56h

Marina Silva e Heloísa Helena, que já divergiam sobre Lula, agora discordam sobre o futuro da Rede

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Aliadas de longa data, a ex-senadora Heloísa Helena e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vivem nova disputa, agora pelo comando da Rede Sustentabilidade. Entre esta sexta e domingo segundo Luísa Marzullo, do O Globo, os dois novos porta-vozes do partido —como são chamados os dirigentes—serão escolhidos: de um lado, Heloísa e Wesley Diógenes buscam a reeleição, enquanto o grupo de Marina apoia a candidatura de Joenia Wapichana e Giovanni Mockus.

Um dos temas que opõe as duas é a eventual fusão com o PT ou o PSB. Na chapa de Heloísa, Diógenes integra a ala da Rede que veio a público defender esse caminho. O atual porta-voz chegou a subscrever, junto com 19 correligionários, um abaixo-assinado pela reformulação da sigla, o que foi repudiado pela outra frente. Em 2022, a Rede elegeu apenas dois deputados federais e um senador. Preocupado em superar a cláusula de barreira, o partido aprovou, antes da disputa eleitoral, uma federação com o PSOL. A união vale até 2026.

“Chegamos às vésperas do nosso Congresso sem ter viabilizado a Rede como um partido orgânico e capaz de impulsionar os valores que nos propusemos a construir. A Rede não conseguiu eleger uma bancada numericamente expressiva em 2022 e tampouco conseguiu manter importantes parlamentares que passaram pelo partido desde a sua fundação”, diz o texto do abaixo-assinado.

O documento teve o apoio do senador Randolfe Rodrigues (AP), que agora coloca panos quentes em seu conteúdo:

— Foi uma proposta que fiz e formulei, mas acho que esse debate já está vencido. A ampla maioria do partido compreende a viabilidade da Rede, tanto que é por isso que teremos um Congresso dia 14 — disse ele ao GLOBO.

Apesar de Randolfe avaliar o episódio como superado, apoiadores de Wapichana e Mockus apontam esta divergência como a principal.

— Tivemos cartas públicas que defendiam que a Rede deveria acabar e ser incorporada em um partido grande. A Rede vive um momento muito importante da sua história, na construção da frente ampla. Para isso, precisa continuar existindo. Estou junto de Marina Silva — afirmou a deputada estadual por São Paulo Marina Helou.

Uma possível saída de Randolfe também preocupa a sigla. Líder do governo Lula no Congresso, ele admite que já pensou em deixar a Rede, mas diz que atualmente a agenda do Executivo tem sido sua prioridade.

Diante desse cenário, o deputado Túlio Gadêlha (PE) defende uma composição entre as duas chapas:

— Hoje o cenário se desenha para uma disputa, mas nossos esforços vão para construir um entendimento sem perder ninguém. Manter o nosso partido com grandes quadros como o Randolfe Rodrigues, nosso único senador, além de líder do governo no Congresso. Evitar o confronto é a melhor opção.

As divergências entre Marina e Heloísa não se resumem à parte prática. Elas têm visões diferentes sobre a base teórica do partido. Enquanto a ministra se declara sustentabilista, a ex-senadora defende o ecossocialismo, que associa a preservação do meio ambiente à mudança do sistema econômico.

Esta, no entanto, não é a primeira vez em que as duas ficam em lados diferentes. Entre 1999 e 2003, elas eram colegas de bancada no Senado, pelo PT, e eram próximas. Mas, em 2003, Heloísa foi expulsa do partido, por se posicionar contra a reforma da Previdência proposta pelo primeiro governo Lula, e fundou o PSOL. Três anos depois a então senadora disputou o Palácio do Planalto, mas não teve o apoio de Marina. A ministra do Meio Ambiente se engajou na reeleição de Lula e só deixou o PT em 2009.

Na eleição passada, Marina reatou com Lula e o apoiou para a Presidência, enquanto Heloísa defendeu a candidatura de Ciro Gomes (PDT). “Não há força humana que me obrigue a apoiar Lula”, disse, na ocasião, a ex-senadora em entrevista ao portal Uol.

Visões distintas

Condução do partido

Os grupos da ex-senadora Heloísa Helena e da ministra Marina Silva (Meio Ambiente) disputam o comando da Rede. A ala da ex-senadora defende uma fusão com o PT ou PSB, enquanto Marina é contra.

Eleições de 2022

No ano passado, Marina reatou com Lula e o apoiou para presidente, enquanto Heloísa fez campanha para Ciro Gomes (PDT).

Trajetórias políticas

Heloísa foi expulsa do PT em 2003 por se posicionar contra a reforma da Previdência de Lula. Ela fundou o PSOL e disputou o Planalto em 2006. Já Marina permaneceu no partido até 2009 e apoiou a reeleição de Lula contra a ex-colega de bancada no Senado.

Veja também

Deputados federais fracassam nas urnas com 61 derrotas em 82 disputas

Dos 513 deputados federais, 82 foram candidatos nas eleições municipais do último domingo (6). Desses, …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!