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terça-feira 11 de abril de 2023 às 07:56h

Marina Silva e Heloísa Helena, que já divergiam sobre Lula, agora discordam sobre o futuro da Rede

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Aliadas de longa data, a ex-senadora Heloísa Helena e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vivem nova disputa, agora pelo comando da Rede Sustentabilidade. Entre esta sexta e domingo segundo Luísa Marzullo, do O Globo, os dois novos porta-vozes do partido —como são chamados os dirigentes—serão escolhidos: de um lado, Heloísa e Wesley Diógenes buscam a reeleição, enquanto o grupo de Marina apoia a candidatura de Joenia Wapichana e Giovanni Mockus.

Um dos temas que opõe as duas é a eventual fusão com o PT ou o PSB. Na chapa de Heloísa, Diógenes integra a ala da Rede que veio a público defender esse caminho. O atual porta-voz chegou a subscrever, junto com 19 correligionários, um abaixo-assinado pela reformulação da sigla, o que foi repudiado pela outra frente. Em 2022, a Rede elegeu apenas dois deputados federais e um senador. Preocupado em superar a cláusula de barreira, o partido aprovou, antes da disputa eleitoral, uma federação com o PSOL. A união vale até 2026.

“Chegamos às vésperas do nosso Congresso sem ter viabilizado a Rede como um partido orgânico e capaz de impulsionar os valores que nos propusemos a construir. A Rede não conseguiu eleger uma bancada numericamente expressiva em 2022 e tampouco conseguiu manter importantes parlamentares que passaram pelo partido desde a sua fundação”, diz o texto do abaixo-assinado.

O documento teve o apoio do senador Randolfe Rodrigues (AP), que agora coloca panos quentes em seu conteúdo:

— Foi uma proposta que fiz e formulei, mas acho que esse debate já está vencido. A ampla maioria do partido compreende a viabilidade da Rede, tanto que é por isso que teremos um Congresso dia 14 — disse ele ao GLOBO.

Apesar de Randolfe avaliar o episódio como superado, apoiadores de Wapichana e Mockus apontam esta divergência como a principal.

— Tivemos cartas públicas que defendiam que a Rede deveria acabar e ser incorporada em um partido grande. A Rede vive um momento muito importante da sua história, na construção da frente ampla. Para isso, precisa continuar existindo. Estou junto de Marina Silva — afirmou a deputada estadual por São Paulo Marina Helou.

Uma possível saída de Randolfe também preocupa a sigla. Líder do governo Lula no Congresso, ele admite que já pensou em deixar a Rede, mas diz que atualmente a agenda do Executivo tem sido sua prioridade.

Diante desse cenário, o deputado Túlio Gadêlha (PE) defende uma composição entre as duas chapas:

— Hoje o cenário se desenha para uma disputa, mas nossos esforços vão para construir um entendimento sem perder ninguém. Manter o nosso partido com grandes quadros como o Randolfe Rodrigues, nosso único senador, além de líder do governo no Congresso. Evitar o confronto é a melhor opção.

As divergências entre Marina e Heloísa não se resumem à parte prática. Elas têm visões diferentes sobre a base teórica do partido. Enquanto a ministra se declara sustentabilista, a ex-senadora defende o ecossocialismo, que associa a preservação do meio ambiente à mudança do sistema econômico.

Esta, no entanto, não é a primeira vez em que as duas ficam em lados diferentes. Entre 1999 e 2003, elas eram colegas de bancada no Senado, pelo PT, e eram próximas. Mas, em 2003, Heloísa foi expulsa do partido, por se posicionar contra a reforma da Previdência proposta pelo primeiro governo Lula, e fundou o PSOL. Três anos depois a então senadora disputou o Palácio do Planalto, mas não teve o apoio de Marina. A ministra do Meio Ambiente se engajou na reeleição de Lula e só deixou o PT em 2009.

Na eleição passada, Marina reatou com Lula e o apoiou para a Presidência, enquanto Heloísa defendeu a candidatura de Ciro Gomes (PDT). “Não há força humana que me obrigue a apoiar Lula”, disse, na ocasião, a ex-senadora em entrevista ao portal Uol.

Visões distintas

Condução do partido

Os grupos da ex-senadora Heloísa Helena e da ministra Marina Silva (Meio Ambiente) disputam o comando da Rede. A ala da ex-senadora defende uma fusão com o PT ou PSB, enquanto Marina é contra.

Eleições de 2022

No ano passado, Marina reatou com Lula e o apoiou para presidente, enquanto Heloísa fez campanha para Ciro Gomes (PDT).

Trajetórias políticas

Heloísa foi expulsa do PT em 2003 por se posicionar contra a reforma da Previdência de Lula. Ela fundou o PSOL e disputou o Planalto em 2006. Já Marina permaneceu no partido até 2009 e apoiou a reeleição de Lula contra a ex-colega de bancada no Senado.

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