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quarta-feira 14 de fevereiro de 2024 às 17:19h

Mais de 2 bilhões de pessoas em 80 países irão às urnas em eleições neste ano de 2024

MUNDO, NOTÍCIAS


Nunca tantas pessoas votaram em 80 países no mundo em um mesmo ano quanto votarão em 2024.

Segundo o Centro para o Progresso Americano, um instituto de pesquisa nos Estados Unidos, mais de 2 bilhões de pessoas vão às urnas em eleições gerais ou municipais nos próximos 12 meses.

Oito dos dez países mais populosos do mundo realizarão eleições em 2024: Bangladesh, Brasil, Índia, Indonésia, México, Paquistão, Rússia e Estados Unidos. As 27 nações da União Europeia também escolherão seus novos representantes no Parlamento Europeu em junho.

E se consideradas as populações totais dos quase 80 países com pleitos previstos, os processos envolverão pouco mais da metade da população mundial, de acordo com o think tank Council on Foreign Relations.

Nem todas essas eleições devem ser realizadas de forma livre e justa, mas ainda assim devem ter um grande impacto na política mundial dos próximos anos.

Dos Estados Unidos à pequena ilha de Taiwan, confira a seguir algumas das eleições que serão decisivas no mundo em 2024.

Estados Unidos

Nenhuma outra eleição de 2024 deve produzir um impacto tão grande no mundo quanto a dos Estados Unidos.

Os eleitores americanos vão votar em 5 de novembro para escolher seu novo presidente, um terço dos membros do Senado e todos os integrantes da Câmara dos Deputados.

Os partidos Republicano e Democrata ainda realizarão suas primárias, mas tudo indica que a corrida presidencial será uma reprise de 2020, com Joe Biden enfrentando Donald Trump.

Biden quer um segundo mandato apesar de que, se eleito, terminará o período com 86 anos.

Já Trump, se sair vencedor, igualará o feito de Grover Cleveland, o único presidente americano a cumprir dois mandatos não consecutivos (e também terminaria o mandato como presidente americano mais velho da história, aos 82 anos e 7 meses).

Essa eleição atrai interesse pelos temores de que possa representar mais uma rachadura na democracia americana, diante das constantes alegações infundadas de Trump de fraudes no pleito de 2020.

Mas também é importante pela forma como o resultado pode impactar o mundo todo.

O próximo presidente americano pode definir o futuro do apoio à Ucrânia, o papel do país no Oriente Médio e as relações com adversários importantes como a China – além de dar as cartas em outros temas importantes como economia e combate às mudanças climáticas.

Rússia

Em março, é a vez dos russos irem às urnas.

A vitória de Vladimir Putin é vista por muitos como praticamente certa. Ele está no poder há mais de 20 anos e, segundo seu governo, vai se reeleger porque conta com apoio majoritário no país.

Mas organizações de direitos humanos e adversários políticos denunciam que qualquer tipo de oposição genuína é barrada no país.

Além disso, como a mídia independente foi quase toda expulsa do país, o ambiente de informações livres é bastante limitado.

No fim de dezembro, a ex-jornalista de TV Yekaterina Duntsova foi impedida de concorrer pela comissão eleitoral.

Defensora do fim da guerra na Ucrânia, ela recorreu à Suprema Corte, afirmando que havia sido desqualificada injustamente, mas o tribunal manteve a decisão.

Mas por mais que o resultado do pleito seja bastante previsível e não haja grandes esperanças de que possa impactar no atual conflito com a Ucrânia, analistas dizem que uma participação popular menor do que em anos anteriores pode ser um golpe para Putin, já que o voto não é obrigatório no país.

A previsão era que a Ucrânia também elegesse seu novo presidente em março de 2024, mas há um grande debate no país sobre realizar ou não o pleito em meio a uma guerra.

Todas as eleições – incluindo as presidenciais – foram proibidas pela lei marcial em vigor no país, imposta depois da invasão da Rússia em fevereiro de 2022.

Brasil

O Brasil também está na lista, pois 2024 é ano de eleições municipais para definir prefeitos e vereadores.

O primeiro turno está marcado para 6 de outubro e, apesar de não se tratar de uma eleição geral, cerca de 150 milhões de brasileiros devem estar aptos a votar, segundo dados do último pleito nacional.

Há quem diga que essas eleições podem ser uma espécie de terceiro turno das presidenciais de 2022, quando o atual mandatário Luiz Inácio Lula da Silva derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Esta eleição, eu não sei se ela será municipalizada, estadualizada ou nacionalizada. Eu, sinceramente, acho que, nessa eleição, vai acontecer um fenômeno: vai ser outra vez Lula e Bolsonaro”, disse Lula em uma conferência eleitoral do PT em dezembro.

Em algumas metrópoles essa disputa tende a ficar mais clara. No Rio de Janeiro, por exemplo, Bolsonaro tem apoiado o deputado Alexandre Ramagem, do PL, em contraponto ao atual prefeito Eduardo Paes, aliado de Lula do PSD.

Já em São Paulo o petista tem o deputado Guilherme Boulos, do PSOL, como seu pré-candidato, enquanto Bolsonaro apoia a campanha de reeleição de Ricardo Nunes, do MDB.

Mas alguns analistas dizem que, apesar da polarização persistir no Brasil, questões locais tendem a ser bastantes significativas nestas eleições, especialmente nos municípios menores.

Reino Unido

Rishi Sunak, atual primeiro-ministro do Reino Unido, deve enfrentar um grande desafio em 2024.

O Partido Conservador, que ele representa, perdeu profundamente o apoio desde que conquistou uma grande vitória nas eleições em 2019.

Sunak já é o terceiro líder da legenda nesse curto período de tempo – e escândalos políticos e instabilidade partidária voltaram os eleitores contra o partido.

Ainda não há uma data certa para a eleição parlamentar, já que ela deve ser convocada pelo próprio governo e a lei permite que isso aconteça até janeiro de 2025. Mas a expectativa é que a votação aconteça ainda neste ano.

Porém, alguns pleitos locais no Reino Unido já estão marcados, como a eleição para a Prefeitura de Londres, em maio.

Taiwan

Em Taiwan, a eleição que definirá o novo presidente em 13 de janeiro mobilizará os cerca de 23 milhões de habitantes da ilha. Mas apesar de pequeno, o pleito pode ter grande impacto.

O território se considera uma nação soberana, mas é historicamente reivindicado pela China, que o vê como uma província rebelde.

Ao mesmo tempo, a ilha tem nos Estados Unidos o seu maior aliado. Uma lei americana, inclusive, determina que Washington deve ajudar Taiwan a se defender em caso de ataque estrangeiro.

Os eleitores vão decidir entre o Partido Democrático Progressista (PDP), que defende a maior independência da China e está no poder atualmente, e o Kuomintang (KMT), mais próximo de Pequim.

A atual presidente da ilha, Tsai Ing-wen, está deixando o cargo após oito anos no poder.

Por sua defesa da soberania de Taiwan, ela é profundamente malvista por Pequim. Mas o homem que concorre para substituí-la, o atual vice-presidente William Lai, pode ser ainda pior aos olhos do governo chinês.

Apesar de dizer que não fará nada para mudar o status quo, Lai é visto pela China como defensor da independência formal de Taiwan.

Seu adversário do Kuomintang é Hou Yu-ih. As pesquisas de opinião mostram um cenário bastante apertado, com os dois partidos basicamente empatados.

E o resultado promete afetar o balanço de poder entre as duas maiores potências do mundo, que tem Taiwan como um tema extremamente sensível.

A escalada na tensão entre Estados Unidos e a China ocorre em um momento em que Pequim envia cada vez mais aviões militares para a zona de defesa aérea de Taiwan, enquanto Washington desloca navios de guerra para as águas da ilha.

Índia

Uma das eleições que mobilizará o maior contingente populacional será realizada na Índia em abril.

Apesar de o voto não ser obrigatório, o país atingiu a marca de mais populoso do mundo, com 1,42 bilhões de habitantes.

Nas eleições de 2019, 879 milhões de pessoas estavam elegíveis para votar. Esse total é mais do que o quádruplo da atual população brasileira.

O país também tem as segundas eleições mais caras do mundo, depois dos Estados Unidos.

O atual primeiro ministro, Narendra Modi, chega ao pleito como um líder poderoso e de popularidade generalizada.

Mas ele também é visto por alguns como uma figura divisiva, acusado de promover medidas que marginalizam e agridem a minoria muçulmana no país.

“Provavelmente, o populista mais bem sucedido do mundo no momento – pelo menos, eleitoralmente e em termos de consolidação do poder – é o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi”, afirmou à BBC Benjamin Moffitt, professor de política da Universidade Católica da Austrália e autor do livro Populism: Key Concepts in Political Theory (“Populismo: os principais conceitos da teoria política”, em tradução livre).

“Toda a política indiana gira em torno de Modi. Ele conseguiu construir uma divisão entre as pessoas e a elite que atingiu conotações religiosas entre os hindus como as ‘pessoas reais’, de forma que existe um sentimento nativista acontecendo ali.”

Modi agora espera se tornar um dos poucos líderes da história indiana a governar por três mandatos seguidos.

África do Sul

Já na África do Sul, o presidente Cyril Ramaphosa e o seu partido Congresso Nacional Africano (ANC) podem enfrentar seu maior desafio até hoje.

O partido está no poder de forma contínua há 30 anos e venceu todas as eleições desde o fim do Apartheid.

Mas o pleito deste ano deve acontecer sob a regência de novas leis eleitorais, que facilitam a mudança do status quo – entre outras coisas, candidatos agora podem concorrer a cargos públicos de forma independente.

Além disso, a economia está sofrendo com altas taxas de desemprego e crime. Uma crise energética de longa duração, que está causando apagões, e acusações de corrupção também prejudicam o atual governo.

O apoio ao ANC caiu para menos de 50% pela primeira vez desde as eleições de 2021 e, em uma reviravolta, o ex-presidente Jacob Zuma, antecessor de Ramaphosa pelo ANC, declarou que não irá apoiar o partido.

Mas o ANC dominou tanto a política do país nos últimos anos que provavelmente não perderá o poder completamente. Analistas preveem que o partido possa ser obrigado a fazer acordos com outras legendas ou negociar uma coalizão.

México

No início de junho é a vez de o México ir às urnas. O país provavelmente terá sua primeira presidente do sexo feminino, já que as duas principais candidatas são mulheres.

A Constituição mexicana impede o atual presidente, Andrés Manuel López Obrador, de buscar a reeleição, apesar da sua popularidade.

Por isso ele está apoiando a sua aliada de longa data e ex-prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum.

Os principais partidos da oposição se uniram sob uma única bandeira e apresentaram a ex-senadora Xochitl Gálvez como candidata.

A representante do governo aparece com uma vantagem confortável nas pesquisas, beneficiada pela queda nas taxas de pobreza e inflação e pelo crescimento econômico conquistados por López Obrador.

Mas o crime e a violência, muito ligados aos cartéis de drogas, continuam sendo um problema para a atual administração.

Venezuela

As eleições na Venezuela foram marcadas para o segundo semestre de 2024 após um acordo entre Nicolás Maduro e a oposição para estabelecer garantias eleitorais.

Em troca dos esforços do atual governo para negociar o pacto, os Estados Unidos suspenderam temporariamente suas sanções ao petróleo, gás e ouro venezuelanos.

Mas vários candidatos da oposição foram desclassificados, incluindo María Corina Machado, a favorita à vitória, que teve seus direitos políticos cassados por 15 anos.

A oposição afirma que as desqualificações de potenciais adversários são ilegais, mas o governo Maduro tem se mostrado inflexível até o momento.

Em entrevista à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Machado disse que segue confiando nas negociações com os Estados Unidos para lhe dar oportunidade de concorrer contra Maduro.

A instabilidade da política local, porém, torna o futuro eleitoral da Venezuela uma grande incógnita.

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