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Valdemar da Costa Neto — Foto: José Cruz/ABr
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quarta-feira 10 de novembro de 2021 às 06:43h

Maioria dos deputados bolsonaristas devem seguir para o PL e evita críticas a Costa Neto

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A decisão quase sacramentada do presidente Jair Bolsonaro de se filiar ao PL provocará um troca-troca nos partidos da base de apoio do governo, mas parte dos aliados dele não pretende acompanhá-lo no novo partido. O motivo, contudo, são questões regionais, e não o comando de Valdemar Costa Neto, condenado e preso por envolvimento no esquema do mensalão.

A deputada Alê Silva (PSL-MG), que denunciou o ex-ministro do Turismo e deputado Marcelo Álvaro (PSL-MG) por candidaturas laranjas em 2018, disse que nunca recebeu convite do PL e que já está com a filiação quase certa ao Republicanos. “Hoje um partido só não elege todos os deputados bolsonaristas em Minas Gerais, temos que nos dividir”, pontuou. Ela declarou que Valdemar comandar o futuro partido do governo não é o problema e que apoiará Bolsonaro. “Não vou segui-lo, mas não por causa do partido, por causa das questões locais”, declarou.

O PSL, com 53 deputados, era o partido de Bolsonaro até que ele entrasse em conflito com o presidente nacional, o deputado Luciano Bivar (PE). O atual líder da sigla na Câmara, major Vítor Hugo (GO), disse que ele e outros 20 deputados devem se filiar ao PL, mas que outros já assumiram compromissos com as demais legendas da base do governo.

Apesar de a maioria dos deputados bolsonaristas ter sido eleita com discurso de combate à corrupção e apoio à operação Lava-Jato, eles agora evitam criticar o partido presidido por Valdemar, que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e ficou preso dois anos e meio (mais da metade em prisão domiciliar).

O deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) afirmou que seguirá Bolsonaro e que não há constrangimento de entrar no partido presidido por um ex-presidiário. “Nenhum. Se fosse assim, não encontraria um partido sequer para me filiar. Não acredito em partidos, acredito em ideais. No Brasil, é necessário estar filiado a um partido para concorrer a um cargo público eletivo. No dia que isso mudar, aí essas questões serão superadas”, afirmou.

A deputada Caroline de Toni (PSL-SC) também se filiará para o PL, de olho na política nacional e também local. “Já íamos apoiar o senador Jorginho [Mello, do PL] para o governo de Santa Catarina. A filiação ao PL é o melhor cenário possível”, comentou. Ela não quis comentar a situação de Valdemar. “Deixa isso de fora”, pediu.

A maioria dos deputados do partido não quis comentar em público sobre a situação do comandante do futuro partido. Um deles, ligado a polícia, disse em privado que as alternativas eram problemáticas e todos os partidos tinham seus problemas. O PTB é presidido por Roberto Jefferson, que “radicalizou”, o PP tinha forte resistência nos diretórios do Nordeste, o PSC tem influência do pastor Everaldo, também denunciado, e o Patriota entrou em guerra interna.

O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) negociava a filiação ao PSC, mas disse que seguirá o presidente, a não ser que o próprio Bolsonaro decida que seus aliados precisam se espalhar por vários partidos. Ele se esquiva de responder sobre Valdemar. “Eu estou olhando da seguinte maneira: estou acompanhando o presidente Bolsonaro. Estou indo junto com ele, sendo parceiro dele. Não estou analisando mais nada, só o apoio ao presidente”, disse.

No caso de Nunes, a filiação estará alinhada também a um dos palanques regionais de Bolsonaro. O ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, hoje no DEM, avisou que concorrerá ao governo do Rio Grande do Sul pelo PL, mesmo se o presidente escolhesse outra legenda – o PP, a outra alternativa, lançará a candidatura do senador Luis Carlos Heinze.

Relator da PEC do Voto Impresso na Câmara, o deputado Filipe Barros (PSL-PR) é outro que analisa o cenário local e avalia convites do PP, do PL e até do União Brasil, sigla que nascerá da fusão entre PSL e DEM. “Acredito que o União Brasil vai acabar apoiando o Bolsonaro lá na frente. A disputa será entre ele e o Lula e eles não tem o que ganhar com outro candidato.”

No PL, há expectativas de dissidências entre parlamentares do Nordeste, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem muito apoio, e do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM) – que entrou em conflito com Bolsonaro após presidir uma sessão em que foi aprovado o aumento do fundo eleitoral e que é adversário do candidato do presidente ao Senado no Amazonas. Ramos, contudo, tem dito que vai aguardar antes de se manifestar.
Em outros locais, a conta é pragmática. Espera-se que os aliados de Bolsonaro tenham grande votação nos Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste e ajudem a alavancar as chapas do PL. Em São Paulo, por exemplo, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) foi o mais votado da história em 2018 e, se repetir a votação, pode ajudar a eleger cinco ou seis deputados. No Rio, o governador Cláudio Castro já é do PL e tentava o apoio de Bolsonaro à reeleição.

O deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), que tem base sindical, afirmou que continuará no partido mesmo com a filiação do presidente. “Não pretendo sair. Têm eleitores meus que apoiam ele e têm outros que não. O PL sempre me deu liberdade e tentarei mostrar para os trabalhadores que é importante ter um representante deles, independentemente do partido.”

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