sexta-feira 3 de maio de 2024
Mineiro, de Belo Horizonte, Carlos Eduardo Vieira, 48 anos, é diretor de matéria-prima e florestas da Gerdau. Formado em engenharia mecânica na UFMG, Vieira está na Gerdau há quase 23 anos. - Foto: Fred Magno
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quinta-feira 7 de abril de 2022 às 07:51h

Gerdau é a maior produtora de carvão vegetal do mundo

NEGÓCIOS, NOTÍCIAS


Com 254 mil hectares de florestas, sendo 90 mil de área de preservação ambiental, distribuídos em 90 municípios mineiros, a Gerdau é a maior produtora de carvão vegetal do mundo. O plantio se dá por meio de fazendas próprias e parcerias com produtores. Em entrevista à coluna Minas S/A, no jornal O Tempo, o diretor de matéria-prima e florestas da Gerdau, Carlos Eduardo Vieira, 48, fala sobre a expansão de 20% na base de produção de biorredutor como parte do investimento de R$ 6 bilhões em Minas Gerais.

O que é a Gerdau atualmente?

A Gerdau nasceu no Brasil, no Rio Grande do Sul em 1901. Então hoje completamos mais de 121 anos e já é uma empresa multinacional brasileira presente em mais de 10 países. Hoje, somos mais de 30 mil colaboradores operando mais de 30 usinas principalmente nas Américas. Temos plantas nos Estados Unidos, no Canadá, no México, na República Dominicana, na Colômbia, no Peru, na Argentina, no Uruguai e no Brasil.

Sobre a área florestal, são 254 mil hectares, como começou essa história da Gerdau na área florestal?

Começou lá em 1988 quando a Gerdau adquiriu a Cimetal na época era uma empresa estatal que produzia aço em Barão de Cocais aí adquirimos a Cimetal. E com isso já veio o maciço florestal na região de Três Marias que hoje a gente continua a operar. Mais tarde a Gerdau, em 1993,1994, também fez aquisição da usina que hoje chamamos Usina de Divinópolis que era do grupo Korf e era chamada na época de usina Pains. E aí com esta usina também vieram mais terras também na região de Três Marias, nos municípios de Lassance, Corinto e Várzea da Palma. E com isso a gente ainda expandiu um pouco mais a nossa operação florestal. Nesses últimos 30 anos, a gente continua fazendo essa expansão e agora operamos essa estrutura florestal para produção do que chamamos de “biorredutor” que é matéria-prima junto com o minério de ferro que nos abastece principalmente em três usinas: Divinópolis, Barão de Cocais, e uma outra planta em Sete Lagoas.

Qual é a diferença do carvão vegetal na produção da Gerdau? Como é esse processo todo até ele chegar na usina? 

É um processo longo de ciclo de 6 anos,7 anos de produção. Nós temos a área a ser plantada, nós fazemos todo o preparo daquela área, tem também a fase de plantio e depois a floresta passa por um período de crescimento de seis anos aproximadamente quando ela chega no ponto de colheita nós colhemos essa floresta. Permanece a madeira colhida para o tempo para secagem, diminui o percentual de umidade da madeira depois ela vai ser direcionada para nossas plantas de carbonização. Temos mais de 20 plantas de carbonização espalhadas por Minas Gerais e nessas plantas ocorre um processo que é da madeira se transformar em biorredutor, o carvão vegetal como é conhecido.

E aí o carvão vai para a usina para trabalhar na produção do ferro-gusa e do aço?

Depois que é produzido esse carvão vegetal nas nossas plantas, a gente transporta até essas três usinas e abastecem hoje especificamente essas três usinas seis alto-fornos que operam exclusivamente com biorredutor.

Em 2021 aconteceu o anúncio da Gerdau de investimento de R$ 6 bilhões em Minas Gerais que é o Estado onde a Gerdau tem a principal atuação dela no Brasil. Nesse investimento bilionário a área florestal também vai ser contemplada?

Esse investimento anunciado nos próximos cinco anos de R$ 6 bilhões será efetuado em diversas plantas em Minas Gerais e diversas atividades. Então compreenderá não somente as três usinas que se utilizam do biorredutor – em Divinópolis, Barão de Cocais e Sete Lagoas -, também a nossa planta na cidade de Ouro Branco além dos nossos processos de mineração e da Gerdau Florestal também. Então o investimento que está previsto aí a gente terá uma criação entre postos diretos e indiretos de 6.000 postos de trabalho nos próximos cinco anos.

A gente não tem como calcular desses R$ 6 bilhões o que vai ser investido só na área florestal não?

Ainda não temos esse número aberto especificamente mas é um montante expressivo desses R$ 6 bilhões que serão investidos na área florestal, na expansão da nossa base de produção, então a gente visa uma expansão de mais de 20% na nossa base de produção de biorredutor – cultivo de floresta, entre outras atividades – modernização das nossas plantas, modernização dos postos de trabalho e aí a gente espera essa criação desses 6.000 postos de trabalho.

Por que precisa ter esse aumento da área plantada: é pelo volume de aço, pela demanda que está maior, ou porque a Gerdau quer cada vez mais instituir o carvão vegetal na produção dela, qual que é aí o plano estratégico para esses próximos anos focado na área florestal?

É um pouco disso tudo que você disse. Temos também o planejamento de expansão da nossa produção de aço em Minas Gerais. Mas além disso também o nosso investimento na nossa base florestal propiciará uma solução de menor emissão de gases de efeito estufa então a gente visa através dessa utilização mais intensiva de biorredutor nos nossos processos produtivos que a gente tenha uma menor emissão desses gases de efeito estufa.

E esse plano estratégico pode ser revisto de acordo com a demanda do mercado ou outros fatores ou não ele já está definido aí para os próximos cinco anos? 

Esse plano pode dar um ajuste em função da demanda mas hoje nós trabalhamos internamente com a condução dos nossos projetos visando realmente essa ampliação de 20% da nossa base florestal e a concretização desse investimento de R$ 6 bilhões em cinco anos então a gente acredita nos projetos que estamos conduzindo e estamos trabalhando hoje para que esse plano se realize conforme está sendo planejado.

Desses 254 mil hectares, 90 mil hectares são para a reserva legal. São 90 municípios que têm a área plantada da Gerdau. Como foi essa escolha desse ambiente da Gerdau?

Hoje nesses 90 municípios nós temos várias formas de operar então nós temos fazendas próprias da Gerdau que a gente faz esse cultivo de eucalipto. E aproveitando só para um breve ajuste apesar de ser uma matéria sobre extrativismo o eucalipto é plantado então a gente tem que separar porque apesar de somente floresta nós não estamos falando de corte de floresta nativa. O eucalipto hoje só é plantado em áreas antropizadas, ou seja, áreas que já tinham a ação do homem através da agricultura e pecuária e a gente hoje realiza o plantio de eucalipto. Então nós estamos hoje em 90 municípios. Nós temos alguns projetos como projeto de fomento florestal, de produtor florestal que são parcerias. E aí temos áreas em 50% dos municípios e os outros 39 municípios são áreas entre as próprias e as arrendadas de produtores que existem parceria para poder efetivar esse plantio de eucalipto mas aproximadamente da nossa área total cerca de 10% a 20% são arrendadas e o restante são áreas próprias que a Gerdau opera.

A Gerdau pretende continuar com esse tipo de produção arrendando terras ou caminha para ter as próprias terras e não depender de terceiros? 

Nosso objetivo é continuar com parte dessas terras próprias e parte das terras arrendadas ou através desses programas. Por exemplo nosso programa de fomento florestal que trabalha na região de Barão de Cocais e municípios vizinhos ele hoje é um fomento florestal que nós realizamos com mais de 1.500 famílias então a Gerdau fornece a muda ela fornece os insumos e dá toda assistência técnica para que essas famílias cultivem eucalipto com a máxima produtividade e depois realiza a colheita de eucalipto produzindo biorredutor. Além de garantir que este biorredutor está sendo produzido com as florestas que foram cultivadas com esse fim a gente dá toda assistência técnica e no final deste ciclo de 6 anos quando a floresta é colhida, nós realizamos a compra desse biorredutor dessas famílias então é uma forma de sustento para essas famílias e com o desenvolvimento dessa cadeia.

Esse crescimento nessas regiões vai continuar com esse foco mesmo nessa região de Minas, tem alguma diferença essa região de Minas para o plantio do eucalipto e tem alguma algum tipo de eucalipto específico que a Gerdau usa que dá mais proddutividade para o negócio? 

Nossa base de operação compreende aproximadamente 300 km ao Sul de Belo Horizonte. A gente tem duas grandes bases na região de Lavras e na região de São João del-Rei. Temos algumas operações na região passando por Belo Horizonte, região de Curvelo, Corinto e aí subimos até Três Marias. Estamos presentes também no Norte de Minas Gerais. Então temos ali três grandes regiões: Rio Pardo de Minas, e Bocaiúva, perto de Montes Claros e também na região de Urucuia já mais próximo de Brasília. Então hoje a gente pretende fazer essa expansão em todo o Estado de Minas Gerais. A gente opera em diversos biomas, estamos desde o Sul de Minas Gerais numa zona de cultivo de café, entre outras produções, até zonas mais fortes do Norte de Minas que a gente tem mais uma condição de cerrado até uma certa caatinga que a gente opera também. Já temos essas parcerias há décadas então já tem essa essa cultura de produção de eucalipto e produção de biorredutor.

São 32 indústrias da Gerdau, três usinas usam o carvão vegetal. A Gerdau tem essa visão de futuro em relação ao carvão vegetal de chegar a todos os pontos ou aí já é uma logística mais complicada? Você acha que é possível levar essa tecnologia para outras plantas da Gerdau?

Sim hoje nós temos três plantas que operam com a base de biorredutor e minério que são essas três plantas em Minas Gerais. As outras 10 plantas que nós operamos no Brasil desde o Rio Grande do Sul até no Ceará utilizam parte dessa matéria-prima que é produzida nessas três plantas então a gente produz através do biorredutor e de minério e parte dessa produção é transferida para consumo nessas outras plantas que são as aciarias elétricas então a gente tem vários projetos operando nesse sentido de forma que a gente consiga aumentar ainda mais a nossa utilização de biorredutor.

A Gerdau produz 930 quilos de gás carbônico equivalente por tonelada de aço produzido. Em relação à indústria mundial do aço a Gerdau está bem na fita, ou tem que avançar muito, ou é o mundo é que está atrás?

Em relação à media do setor a nível mundial (dados da World Steel Association) a média do setor hoje é em torno de uma emissão de 1.890 quilos de CO2 equivalente para cada tonelada de Aço produzido. A Gerdau hoje está com 930 quilos de gás carbônico equivalente para cada tonelada de aço produzido, então já é abaixo da metade da média do setor. Nós operamos três tipos de produção de aço: uma rota integrada, a rota semi-integrada que utiliza o biorredutor, o carvão vegetal e além disso a rota elétrica que é a maior base da nossa produção. Então hoje a Gerdau no mundo, nos 10 países onde nós operamos, nós produzimos com cerca de 73% à base de sucata. Então isso dá um grande diferencial na nossa emissão de gases de pegada equivalente de CO2. A sucata é reciclável. o aço pode ser reciclado infinitas vezes. Então, quando utiliza esse aço na sociedade e descarta nós pegamos aquela sucata ferrosa voltamos no forno elétrico com energia elétrica e aí a gente faz novamente esse aço e produz nossos produtos por isso que a gente tem uma emissão muito inferior à média do setor a nível mundial.

E esse reaproveitamento da sucata em 73%, ele também pode aumentar ao longo dos anos nessa busca constante de eficiência da Gerdau?

Sim pode e até um dos três pilares que hoje nós buscamos para reduzir ainda mais essa emissão. Primeiro pilar é esse aumento do consumo de sucata ferrosa nos nossos processos produtivos, aumentarmos esse número de 73% para percentuais maiores. O segundo pilar é aumentar a nossa base de floresta plantada que nós utilizamos uma energia limpa que é o carvão vegetal que é o biorredutor e o terceiro pilar é com relação à energia que nós utilizamos nos nossos processos então hoje nós temos investimentos já em andamento de usinas de produção de energia solar não só no Brasil mas também nos Estados Unidos e com isso nos dará uma matriz mais limpa na utilização dos nossos processos.

Na questão da redução da emissão de gás carbônico, a Gerdau quer mais e em 2031 baixar isso de 930 kg de gás carbônico equivalente por tonelada de aço produzido para 830 kg de gás carbônico equivalente por tonelada de aço produzido, não é isso?  

Nesses próximos nove anos já colocamos os objetivos e divulgamos agora recentemente essa redução de 930 para 830 quilos de carbono equivalente para tornelada de aço produzido. é um desafio muito grande. Já estamos com projetos em andamento para que a gente possa alcançar essa redução almejada. Já para 2050, temos a ambição da neutralidade (de gás carbônico).

Como vocês vão fazer para conseguir reduzir desse jeito?

Para 2050, por isso que eu disse “ambição”, ainda temos o desenvolvimento de tecnologias disruptivas para produção do aço que ainda não estão consolidados a nível industrial. A gente trabalha hoje com projeto e parcerias com entidades e organismos do setor para que a gente consiga chegar lá em 2050 com essa neutralidade na emissão atmosférica realizada.

Neutralidade de emissão de gás carbônico na atmosfera é o que, é em toda a produção da cadeia do aço?

A nossa ambição é de em 2050 chegarmos com a neutralidade (de gás carbônico) em toda a nossa produção de aço e espalhada nos 10 países. Então a gente tem essa essa ambição que depende dessas tecnologias disruptivas.

Você pode falar que tipo de tecnologias disruptivas são essas além do carvão vegetal?

Já tem alguns projetos ainda em fase embrionária de desenvolvimento de produção de aço através de hidrogênio. Tem algumas tecnologias que são de estocagem do carbono emitido mas ainda são tecnologias em fase embrionária que ainda não estão em escala industrial para poderem ser utilizadas na indústria.

São startups que estão se desenvolvendo?

Estamos com o desafio para esse ano e já é o quarto desafio que a gente faz em parceria. A gente chama de Gerdau Challenge Fiemg Lab. Então a gente faz a parceria com a Fiemg que é buscar parceria com essas startups. E o desse ano é “soluções para diminuição da emissão de dióxido de carbono”. Quem for selecionado, faremos a aceleração em busca dessas soluções.

O projeto começou com a Fiemg, e o que vocês já conseguiram garimpar nessas soluções de startups para essa guinada da neutralidade de carbono?

É um projeto muito interessante. Nós sempre temos uma adesão muito grande de várias startups. Como nós estamos espalhados por uma grande área florestal nem sempre temos conectividade. Fizemos há 2 anos em um desses projetos de aceleração junto com o Fiemg Lab a gente tinha o desafio de estimular a conectividade no campo. Então uma startup venceu o desafio, fizemos a aceleração e ela realizou a implantação de trailers móveis baseados na energia solar e com conectividade satelital então hoje nós estamos no meio da floresta e temos acesso à internet e também a condição de nos comunicar por celular tudo no meio da floresta sem a conexão por perto. Então isso nos permite ter acesso às informações dos nossos equipamentos e também permite a comunicação dos nossos operadores que estão em campo.

Sobre a a pauta ESG (ambiental, social e governança), a Gerdau também está com desafios enormes para as suas lideranças. Isso é um recado para o mercado? É uma questão que tem trazido muito resultado para as empresas, principalmente para as de capital aberto não é?

Quando a gente fala você trouxe a questão das mulheres em postos de liderança, em postos operacionais, a gente tem a questão da diversidade implantada na Gerdau há alguns anos e atuamos em 4 pilares: pilar do gênero com o aumento das mulheres nos postos de liderança e nos postos de trabalho, temos a questão de raça, temos a orientação sexual e também inclusão de PCDs (pessoas com deficiência). São metas bem definidas para que a gente possa fazer dessa empresa cada vez mais inclusiva que retrate nossa condição da sociedade que a gente, quando sai nas ruas, a gente vê que é uma sociedade diversa. Então procuramos, através disso, fazer com que a empresa consiga retratar essa condição da nossa sociedade.

É interessante porque o mercado da siderurgia, historicamente, era um mercado masculino. Não era tão fácil ver mulheres e eu cheguei aqui na Gerdau e vi várias mulheres e um ambiente bem diverso e isso é uma coisa que a Gerdau está buscando bater metas e remunerar seus líderes que derem cada vez mais esse espaço?

Hoje, nós líderes temos uma parte da nossa remuneração de longo prazo já atrelado com essas metas de diversidade. Então atuamos especificamente varia de ano a ano, e varia da condição de cada uma das unidades que são operadas para Gerdau. Mas temos metas bem claras em percentuais que a gente tem que fazer o desenvolvimento e de acordo com cada um desses pilares onde a gente atua.

Vocês encontram dificuldades de cumprir essas metas? Muitas vezes eu escuto empresa falar que tenta contratar as pessoas mas nem sempre encontra. Isso acontece também na Gerdau? 

Sim acontece e são barreiras que tem que ser vencidas. Internamente na Gerdau nós estabelecemos alguns projetos, alguns programas para que essa capacitação aconteça mais rápido. Temos o Programa Helda Gerdau é um programa que faz a capacitação de mulher já em condição de liderança. Nós temos o programa que nós chamamos G.Future que já pensando no momento dessa selerilidade dessas mulheres nas condições de liderança e temos também, por exemplo, o Projeto Pertencer, esse especificamente no setor florestal, nós temos um projeto que nós buscamos mão de obra estritamente feminina além de PCDs e que nós fazemos a capacitação prolongada. São mais de 300 horas de capacitação por seis meses e essas mulheres nos nossos postos de trabalho, nos viveiros, farão todo o desenvolvimento das nossas mudas que utilizamos para fazer o plantio das nossaas florestas.

Ainda tem também esse problema do êxodo rural, o pessoal não quer mais ficar na roça, então é um problema grande também não é?

Mas é um desafio bom de ser trabalhado porque a gente consegue dessa forma junto com a sociedade promover o emprego dessa população local. Nós estamos em mais de 90 municipios. Então são várias condições bem diferenciadas dentro de Minas Gerais e que a gente consegue promover a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho. Então existe todo investimento que é feito em capacitação dessa mão de obra para tornar uma mão de obra ainda mais apta para o trabalho a que está sedo destinado. E aí é muito gratificante quando a gente fala de um viveiro, a grande maioria dos trabalhadores no nosso viveiro florestal são mulheres que fazem esse trabalho.

E essa questão do carvão vegetal, carvão mineral, como é esse entendimento dentro da Gerdau? Ela ainda precisa usar o carvão mineral que é um elemento fóssil mas que sempre foi usado na siderurgia? Como que tem sido esse entendimento em relação ao carvão mineral? 

Hoje nós temos uma planta, que é a planta de Ouro Branco, que a base de produção dela essencialmente é o minério de ferro e o coque que é proveniente do cartão mineral, mas a grande maioria das nossas plantas utiliza como base a sucata que é uma matéria-prima renovável que é uma matéria-prima que foi descartada pela sociedade e a gente traz de novo para o ciclo do nosso processo de produção de aço e vai se transformar nos produtos que serão consumidos. Então hoje nós temos mais de 73% da nossa base de produção à base de sucata.

A planta de Ouro Branco é gigantesca, ela tem um impacto enorme na cidade, em toda região, a cadeia de fornecedores, pessoas que sempre viveram dela e deu muita riqueza a essa região de Minas Gerais. Mas existe algum projeto para que esse carvão mineral não seja utilizado lá?

Nós temos alguns projetos em andamento ainda em fase de pesquisa e muito investimento na pesquisa para que a gente consiga utilizar outras formas, outras matérias-primas, inclusive o próprio carvão vegetal em parte da produção dessa usina. É uma usina com base principalmente no coque e no minério de ferro e que tem uma linha de produtos que atinge com a linha de produção de aços planos que gera essa produção de aço para vários setores da economia.

A Gerdau foi selecionada para compor a carteira do Índice Carbono Eficiente da B3 na Bolsa de Valores de São Paulo. O que significa isso para a Gerdau, para o mercado? É mais ação, é mais investidor para a Gerdau, é mais acionista ou é para para ter ali uma fina estampa no mercado financeiro?

Com certeza ser convidado para permanecer junto da B3 exatamente nessa carteira de sustentabilidade é o reconhecimento para todos os projetos e o valor que a empresa tem com relação à sustentabilidade, aos temas do ESG. Então acreditamos que a Gerdau estar listada dentre essas empresas propicia que nossos investidores tenham a garantia de como estão sendo feitos os processos dentro da Gerdau e sempre com esse valor máximo que nós temos, os nossos projetos desenvolvidos, para a gente ter cada vez uma condição maior de sustentabilidade na produção de aço.

E vocês sentem uma adesão maior do investidor quando ele vê que tem esse adicional na ação da empresa na B3? 

Os investidores internacionais e nacionais têm uma preocupação muito grande com essa questão do ESG então acho que estar listado junto dessas empresas e ter essas condições estritas como nós temos de divulgação de metas de emissão é uma condição hoje que tem um diferencial muito grande para os investimentos que são feitos junto à Gerdau.

A Gerdau tem um programa que é do Néctar do Futuro, como ele funciona com o apoio aos produtores de abelha nessas florestas?

O Projeto Néctar do Futuro é um projeto onde a gente faz parceria com os apicultores locais de Minas Gerais e eles colocam essas caixas de abelhas nas nossas áreas de reserva ambiental. Como são áreas que a empresa é obrigada a manter a segurança e a gente preserva essas áreas de reserva legal, área de preservação ambiental, então esses apicultores colocam as suas caixas e essas abelhas vão produzir o mel e ele é embalado e tem uma condição que pode ser até exportado. Então é uma parceria muito interessante porque a gente consegue propiciar a esses apicultores é uma fonte de renda e uma garantia de sobrevivência dessas abelhas nas áreas onde elas estão instaladas nessas caixas, nas áreas de reserva que nós preservamos nos 90 mil hectares espalhados.

São quantos produtores, tem uma selação, e a produção?

Temos mais de 2.000 caixas instaladas com centenas de produtores na parceria e esse processo de produção do mel é um processo que nós acompanhamos de perto a gente poder garantir que está sendo feita é preservando as questões ambientais. São instaladas as caixas nessas áreas e temos um projeto de expansão para chegar até 3.000 caixas de abelhas instaladas nas nossas áreas de reserva.

Mais de R$ 75 milhões investidos em projetos ambientais na usina de Divinópolis, O que é esse investimento?

Para os próximos três anos ele vai ser em dois focos de atuação: um é o cinturão verde que circunda toda a nossa usina de Divinópolis e o outro é o controle de emissão de gases dessa usina então com esses investimentos a gente espera levar essa produção para um outro patamar dentro da planta de Divinópolis.

Falando das usinas da Gerdau, são usinas de ponta? 

Sim. Apesar de plantas já estabelecidas há anos, há algumas décadas, são plantas que são modernizadas sempre. Todos os anos nós temos modernização dessas plantas. Só de investimentos em Minas Gerais além das nossas plantas de produção de aço, o nosso processo da florestal, nossa mineração, são R$ 6 bilhões investidos nos próximos cinco anos com a geração dos 6.000 postos de trabalho.

Esse investimento está fechado em R$ 6 bilhões ou ele pode ser revisto e até aumentar?

Por enquanto é o projeto que estamos trbalhando, são R$ 6 bilhões nos próximos cinco anos mas pode ser ajustado, pode variar em função da demanda pode variar até no próprio ciclo de amadurecimento desses projetos que são tocados nas usinas. E também tem que lembrar que são investimentos na base florestal que vai crescer 20%. São investimentos na nossa mineração, nas nossas plantas, então toda a nossa atividade em Minas Gerais que é o principal Estado hoje dentro do Brasil onde nós atuamos. Estamos falando de mais de 11.000 colaboradores diretos e indiretos no Estado de Minas Gerais nas atividades que temos: florestal, mineração e produção de aço.

Podemos esperar mais geração de empregos?

Com esse investimento de R$ 6 bilhões, nós esperamos a criação de 6.000 postos de trabalho entre empregos diretos e indiretos, além da modernização das estruturas. Se trouxermos a realidade florestal, é toda uma expansão da base florestal. Então precisamos plantar mais, colher mais, ter aumento dessa produução e a modernização das nossas plantas de carbonização. Então são vários projetos que nós visamos não só para modernização mas também tem essa criação dos postos de trabalho.

E agora a gente tem uma projeção do Instituto Aço Brasil de aumento tanto na produção de aço bruto e também crescimento nas vendas. A gente está realmente caminhando para uma retomada mais vigorosa?

Continuamos muito otimistas para 2022. Então os dados que você mencionou do Instituto aço Brasil é no aumento de produção de 2,2%, aumento das vendas internas de aço em 2,5%. São aumentos significativos e o que a gente vê a demanda do setor, principalmente os que nós atuamos que são a construção civil e a indústria; eu posso citar linha amarela que é construção pesada e terraplanagem, temos também a agropecuária com uma demanda estabelecida. A gente acredita e está muito otimista com 2022 que a gente tem essa demanda concretizada ao longo do ano e com isso as nossas produções também.

A questão é nunca depender de um mercado só como a Gerdau diversificou esse portfólio, isso garante a demanda do aço? 

Atuamos em todos os setores, da construção civil, da indústria, linha branca, linha amarela, nós temos aí agropecuária também com uma demanda bem estabelecida sem contar também de formas novas de geração de energia como investimentos em usinas eólicas, usinas de produção de energia solar, então a gente acredita que todos os investimentos realizados vão assegurar com que essa produção de aço, essa venda de aço se concretize nesses patamares em 2022.

Sobre essa esse investimento em energia eólica, em fazendas solares, como foi essa tomada de decisão da Gerdau?

Esse é um dos três pilares que atuamos a forma como é produzida a energia que nós consumimos. Então temos investimentos já divulgado em usina solar no município de Brasilândia de Minas, também em Minas Gerais, e outro investimento de fazenda solar nos Estados Unidos.

Chapas grossas também estão saindo da usina da Gerdau em Ouro Branco já foram para o mercado de energia eólica?

Sim. Elas têm utilização não só na linha amarela mas também em usinas eólicas e usinas de produção de energia solar então é um produto amplamente utilizado e nós fazemos cada vez mais o desenvolvimento desses produtos para adequarmos as normas técnicas que são exigidas na utilização por esses setores clientes que consomem o aço.

O que esperar de 2022 para a Gerdau continuar o trabalho dela e administrar essas pedras do caminho?

Estamos otimistas, a Gerdau com seus 121 anos de história já passou por várias crises. Então já passamos por questões da pandemia, gripe espanhola e outras crises. Já é uma empresa que consegue vencer essas barreiras como a gente tem mostrado historicamente. Vai ser um dos melhores anos da nossa história.

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