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quinta-feira 29 de junho de 2023 às 13:58h

França mergulha em violência após policial matar adolescente

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Ao menos 150 pessoas foram detidas na madrugada desta quinta-feira (29/06) na França, na segunda noite de tumultos após a polícia ter matado um adolescente de 17 anos na cidade de Nanterre, nos arredores de Paris. Vários prédios públicos foram atacados por manifestantes, e carros e lixeiras foram incendiados. As informações são do portal, DW.

“Uma noite de violência intolerável contra os símbolos da República: câmaras municipais, escolas e esquadras de polícia incendiadas ou atacadas. 150 pessoas detidas”, escreveu o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, em sua conta no Twitter.

O ministro pediu ainda apoio às forças de segurança e aos bombeiros “que enfrentaram corajosamente o ataque” e se queixou dos incitadores dos atos.

Manifestantes concentrados em rua de NanterreManifestantes concentrados em rua de Nanterre
Nanterre, onde ocorreu a morte de Nahel, é o epicentro dos tumultosFoto: Geoffroy Van der Hasselt/AFP
A morte do jovem Nahel, de ascendência norte-africana, por um policial que alegou ter usado sua arma em legítima defesa – uma versão desmentida pelas imagens de vídeo do incidente – já tinha provocado tumultos na noite anterior, nos quais cerca de 30 pessoas foram detidas, aproximadamente 40 veículos foram incendiados, e 24 policiais ficaram feridos.

Em Nanterre, manifestantes mascarados lançaram fogos de artifício e rojões contra forças de segurança. Ataques semelhantes foram registrados em outras cidades do país. Nos subúrbios de Paris, foram ainda incendiados um ônibus e um bonde.

Morte de Nahel

O caso reacendeu o debate no país sobre táticas policiais criticadas por grupos de direitos humanos. Na manhã de terça-feira, Nahel dirigia, sem carteira de motorista, um carro esportivo amarelo alugado pelas ruas de Nanterre quando foi parado num controle de trânsito por dois policiais.

Inicialmente, a polícia informou que um agente atirou contra o jovem, pois ele teria avançado com o carro contra ele. No entanto, um vídeo gravado por uma testemunha desmente essa versão e mostra quando um dos agentes atira à queima-roupa contra o motorista após ele dar partida no veículo para tentar fugir.

Antes do disparo, as imagens mostram os policiais parados ao lado do carro, com um deles apontando uma arma para o motorista e se ouve: “Você vai levar um bala na cabeça”. O policial então parece atirar quando o carro arranca abruptamente.

O agente está sendo investigado por homicídio. Os promotores dizem que o rapaz não não cumpriu uma ordem para parar o carro.

Uma autópsia mostrou que Nahel foi morto por uma única bala que atravessou um de seus braços e o peito.

Grupos de direitos humanos alegam haver um racismo sistêmico dentro de agências de aplicação da lei na França – uma acusação refutada pelo presidente francês, Emmanuel Macron.

Macron convoca reunião de crise

O presidente francês convocou para esta quinta-feira uma reunião interministerial de crise. Ao abrir a reunião, Macron disse serem “injustificáveis” as “cenas de violência” contra as “instituições da República” e pediu “meditação e respeito”.

A onda de violência é preocupante para Macron, que tenta superar um ano e meio de protestos que eclodiram devido à sua polêmica reforma previdenciária.

Os distúrbios se multiplicaram em França desde a morte de Nael. Apesar do epicentro ser em Nanterre, houve tumultos em vários pontos da capital e também em outras grandes cidades como Lyon (sudeste) e Toulouse (sudoeste).

Na quarta-feira, após a primeira noite de incidentes violentos, concentrados principalmente em Nanterre e noutras zonas suburbanas de Paris, Macron e vários membros do seu gabinete apelaram à calma e expressaram solidariedade para com a família de Nael, sublinhando que a sua morte é “inexplicável e indesculpável”.

O incidente alimentou as queixas de longa data de violência policial contra a população de baixa renda e miscigenada que habita os subúrbios das principais cidades da França. No ano passado, 13 pessoas foram mortas no país por se recusarem a parar em controles de trânsito. Em 2017, uma mudança na lei deu maiores poderes aos policiais para usarem suas armas.

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