As exportações baianas atingiram US$ 548,4 milhões em maio, queda de 32% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, de janeiro a maio, as exportações do estado acumularam US$ 2,44 bilhões, com queda de 3,7% sobre o mesmo período de 2019. O volume embarcado de produtos (quantum) também registrou queda em maio de 19,6%, totalizando 952,1 mil toneladas. Entretanto, no ano, o volume exportado que chegou a 5,254 milhões de toneladas, é 26% maior que em igual período do ano anterior, demonstrando o forte recuo dos preços internacionais dos produtos exportados pela Bahia – em média de 23,5% quando comparados ao mesmo período de 2019, como único responsável pela queda nas receitas de exportação da Bahia. As informações foram analisadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria de Planejamento (Seplan).
Já as importações somaram US$ 343,2 milhões no mês passado e tiveram recuo ainda maior, de 40,7% sobre maio do ano anterior. No acumulado de 2020, as importações somaram US$ 2,01 bilhões, com redução de 34%, em relação ao mesmo período de 2019. Nos cinco meses de 2020, o saldo acumulado pelo estado foi de US$ 1,06 bilhão, 590% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
Em maio, houve crescimento de 82,5% nas vendas de minerais, puxado pelo minério de níquel, que voltou a ser exportado pelo Porto de Ilhéus; de 13,8% nas de metais preciosos, sobretudo ouro, que teve uma valorização de 50% comparada a maio de 2019; e do aumento de 1.235% nas vendas de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, alavancado pelos embarques de partes/peças e componentes para a indústria de equipamentos eólicos instalada no estado, que além de atender a demanda local/nacional passa a partir deste ano a exportar. Por outro lado, houve queda de 96% nas receitas de derivados de petróleo; de 99% no setor automotivo; de 43,3% no petroquímico, e de 18,1% nos produtos do agronegócio, afetados pela queda de preços devido ao agravamento da crise global e do acirramento da desglobalização das cadeias de produção e aumento do protecionismo.
A indústria de transformação, incluindo a do agronegócio, ainda não conseguiu se beneficiar da desvalorização cambial – o câmbio simplesmente não resolve quando a demanda é reduzida, e as exportações do setor encolheram 7,5% de janeiro a maio, num contexto em que recessão global provavelmente ampliará a capacidade ociosa nas economias industrializadas, com o risco ainda de uma sobreoferta de importados no mercado local.
É bom destacar que a recessão global causada pela pandemia da Covid-19 deu tração e velocidade a uma mudança no perfil das exportações baianas, acelerando o espaço da China e de outros países asiáticos como destino das nossas exportações. De 43% no período jan/maio do ano passado, a Ásia passou a absorver emblemáticos 52,5% dos produtos vendidos em igual período de 2020. Houve crescimento de 15,6% das receitas para a região e de 51,4% nos embarques no período. Além da China, que sozinha respondeu por 1/4 das vendas externas baianas, Cingapura, Coréia do Sul, Turquia e Paquistão se destacam com compras, sobretudo, de derivados de petróleo e produtos do agronegócio (como soja, celulose e algodão).
As importações continuam em queda livre, afetadas pela depreciação cambial e pelo efeito da semiparalisação da atividade por conta das medidas de isolamento social. A retomada na demanda interna, já duvidosa antes mesmo do agravamento da pandemia, como também pelo impacto da perda de renda sobre o consumo da atividade doméstica, é tida como improvável em 2020.