O chanceler Ernesto Araújo acentuou a crise gerada pela visita ao Brasil do secretário de Estado americano, Mike Pompeo. Segundo a coluna de Lauro Jardim, ao rebater as críticas de Rodrigo Maia (DEM), o ministro das Relações Exteriores reuniu em torno do deputado ex-chanceleres e provocou uma reação de senadores.
O acirramento ocorre na semana em que 32 nomes de embaixadores vão a sabatina e a voto na Comissão de Relações Exteriores e no plenário do Senado, cujos integrantes estão em Brasília para as primeiras sessões presenciais desde março, quando a Casa passou a funcionar remotamente em razão da pandemia. Entre os nomes, está o de Nestor Forster, indicado para a Embaixada em Washington.
O movimento no Senado é capitaneado por Telmário Mota (PROS-RR), que, acusando o governo de destruir as relações diplomáticas com a Venezuela, já escreveu uma carta a Jair Bolsonaro pedindo o afastamento de Araújo.
O assunto foi tratado no grupo de WhatsApp dos senadores na tarde deste domingo. No plenário, a oposição ainda tentará aprovar um requerimento do senador Humberto Costa (PT) com a convocação de Araújo para falar sobre o episódio.
Na CRE, Jaques Wagner (PT) vai puxar, juntamente com Kátia Abreu (PP-TO), uma obstrução dos trabalhos.
A trapalhada provocada pelo ministro vai render muito estresse para ser contornado pelos líderes do governo no Senado.
Presidente da comissão, Nelsinho Trad (PSD-MS) admite o abacaxi às vésperas da votação, que vem sendo organizada nas últimas semanas a muito custo, já que, além de acordos políticos, envolve o deslocamento de senadores a Brasília em meio à pandemia. Mas diz que manterá a pauta. Trad prega que muitos dos embaixadores sabatinados não concordam com os “acontecimentos em Roraima”, diferentemente do que prega o chefe Araújo.