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sexta-feira 24 de maio de 2024 às 13:04h

Embaixador do Brasil não voltará a Israel, diz Celso Amorim

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Convocado de volta em fevereiro, em meio a graves atritos na relação bilateral, o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, não deve voltar ao posto, segundo Celso Amorim, assessor especial da Presidência. O embaixador em Tel Aviv foi chamado de volta em fevereiro em repúdio a um gesto que o governo brasileiro considerou inaceitável, quando o chanceler israelense, Israel Katz, submeteu Meyer a um sermão público no Museu do Holocausto, em Jerusalém.

— Não havia alternativa. Nosso embaixador foi humilhado — disse Amorim em Pequim, onde cumpre agenda oficial. — Acho que ele não volta. Se vai outro eu não sei, mas ele não volta. Ele foi humilhado pessoalmente e, com isso, o Brasil é que foi humilhado. A intenção foi humilhar o Brasil.

O atrito que criou a pior crise na história das relações bilaterais teve origem na forte reprovação do governo brasileiro à campanha militar de Israel na faixa de Gaza, iniciada em 7 de outubro após os ataques terroristas do grupo is lâmico Hamas no território israelense. O estopim da crise foi a declaração do presidente Lula durante viagem à Etiópia, quando comparou a ação militar de Israel ao extermínio de judeus promovido pela Alemanha nazista.

O que Lula disse na ocasião é que o que ocorre em Gaza com o povo palestino não era comparável a nenhum outro momento histórico, exceto “quando Hitler resolveu matar os judeus” durante a Segunda Guerra Mundial. A declaração provocou forte repúdio na opinião pública de Israel e levou o governo do país a romper o protocolo. Em vez de convidar o embaixador do Brasil para um protesto em privado no ministério, como costuma ocorrer pelas normas da diplomacia, o chanceler Israel Katz convocou Meyer para uma reunião no Museu do Holocausto.

No local onde é lembrado o massacre dos judeus pelos nazistas, Katz mostrou uma lista de familiares assassinados no Holocausto e declarou o presidente Lula “persona non grata em Israel até que retire o que disse”. O governo brasileiro não apenas se negou a fazer um pedido de desculpas como chamou o embaixador Meyer de volta, na prática congelando as relações. Nos dias seguintes, o chanceler israelense continuou insistindo que Lula devia um pedido de desculpas a Israel, e que suas declarações eram uma “vergonha para o Brasil e uma cusparada no rosto dos judeus brasileiros”.

Em Pequim, Amorim tratou principalmente da guerra na Ucrânia com o chanceler chinês, Wang Yi. Os dois assinaram uma proposta na quinta, em que defendem a realização de uma conferência de paz com a participação da Rússia para negociar o fim do conflito. A guerra em Gaza foi discutida, mas o centro da conversa foi a Ucrânia, disse Amorim. Para ele, é difícil vislumbrar uma solução para o conflito entre israelenses e palestinos, um tema no qual já acumulou muitas horas de voo no passado.

— O que acontece hoje me causa enorme desgosto. Durante o [primeiro] governo Lula fui cinco vezes a Israel e cinco vezes à Palestina. E eu tinha esperança. Com toda a dificuldade que havia, eu via um desejo de negociar de lado a lado. E hoje não há — disse Amorim.

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