Ex-aliados, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), e o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) serão adversários na disputa soteropolitana — Foto: Agência O Globo
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segunda-feira 26 de fevereiro de 2024 às 13:52h
Eleição em Salvador terá prefeito Bruno Reis unindo base de Lula e PL
Mesmo integrando um partido da base do presidente Lula da Silva (PT), o prefeito de Salvador, Bruno Reis(União Brasil), aposta no antipetismo e reúne outras siglas que dão sustentação ao governo federal, como o PDT, junto com o PL de Jair Bolsonaro, em torno de sua pré-candidatura à reeleição. Na outra ponta, o PT pretende apoiar o vice-governador Geraldo Júnior(MDB), que chegou a ser cotado para compor a chapa de Reis em 2020.
Com popularidade alta, Bruno Reis, que foi vice de ACM Neto na prefeitura de Salvador, tenta a recondução com o apoio de nove legendas. Entre elas, duas siglas do primeiro escalão de Lula: o Republicanos, que ocupa a secretaria municipal de Infraestrutura e Obras Públicas; e o PDT, que tenta manter Ana Paula Matos no posto de vice. Salvador é um dos últimos redutos do carlismo na Bahia.
Na outra ponta, o atual prefeito conseguiu trazer para a aliança o PL, que até o ano passado pretendia indicar o ex-ministro de Bolsonaro, João Roma, ao cargo. O partido de Bolsonaro vai caminhar com Reis apesar de não ter sido agraciado com secretaria na gestão, como um “movimento pragmático” contra o PT, na avaliação da equipe de Reis. O mandatário municipal ainda terá em seu palanque quadros da federação PSDB-Cidadania, PP, PRD (resultado da fusão entre Patriota e PTB) e DC.
Na campanha, terá como principal articulador o secretário nacional do União Brasil e seu padrinho político, ACM Neto.
— O grande cabo eleitoral será ACM Neto. Ele tem ajudado muito na condução até da gestão da cidade, pela grande experiência. Sem dúvida, opera como um dos principais articuladores — afirma Luciano Simões Filho, presidente municipal da sigla.
Ex-aliados
Principais adversários na disputa deste ano, Bruno Reis e Geraldo Júnior eram aliados de longa data na Bahia até romperem nas eleições de 2022. A relação entre o então vice-prefeito e o então presidente da Câmara Municipal de Salvador, respectivamente, garantia o MDB na base de Bruno Reis, que chegou conforme Julia Noia, do O Globo, a cotá-lo para vice nas eleições de 2020. Até o final de 2021, Geraldo Júnior defendia “até o fim” o apoio de sua sigla à candidatura de ACM Neto ao governo do estado, grupo do qual desembarcou no ano seguinte para integrar a chapa de Jerônimo Rodrigues (PT), atual governador.
Hoje tido como o candidato do PT na capital baiana, o emedebista aposta no apoio de Lula. Aliados de Geraldo Júnior afirmam que a “nacionalização ocorre naturalmente”. Eles pretendem explorar a aproximação do adversário com o PL. Desde 2013, Salvador é comandada pelo grupo do ex-prefeito, e a eventual eleição de Geraldo Júnior representaria uma vitória simbólica para o PT — Lula foi o candidato à Presidência mais votado na capital, com quase dois milhões de votos.
No PT, o cálculo para balancear um candidato de centro envolve a escolha de um vice com perfil mais à esquerda, de preferência, uma mulher. Entre os nomes discutidos nos bastidores estão o da secretária estadual de Assistência Social, Fábia Reis (PT), e o de Olívia Santana (PCdoB), deputada estadual e secretária na gestão de Jerônimo Rodrigues.
— O Geraldo Júnior é o pré-candidato do Lula. Vamos fazer a campanha como se ele fosse do PT — afirmou Éder Valadares, presidente municipal do PT.
O prefeito, por sua vez, aposta que a divisão na esquerda pode beneficiá-lo. Embora tenha o apoio dos partidos da federação PT, PV e PCdoB, Geraldo Júnior não vai contar com siglas como PSOL e PDT. No PT da capital, houve insatisfação da ala mais radical quanto à decisão de apoiar um candidato ao centro e do MDB. Apesar de já pacificado, esse grupo defendia que a sigla lançasse uma candidatura própria.