O procurador Anselmo Lopes, responsável pela força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga fundos de pensão, anunciou nesta sexta-feira (4) que vai deixar o cargo.
A decisão de Lopes veio após a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter prorrogado a força-tarefa até o fim do ano, mas somente com um procurador em dedicação exclusiva – o próprio Lopes.
Os demais colegas dividiriam o trabalho com dezenas de outras investigações.
É a terceira força-tarefa envolvida em grandes investigações a sofrer mudanças na composição nesta semana.
Em Curitiba, Deltan Dallagnol deixou a coordenação da Operação Lava Jato, por problemas familiares. Depois, a Lava Jato em São Paulo sofreu debandada de sete procuradores, insatisfeitos com a gestão da coordenadora.
O modelo de força-tarefa sofre resistência na cúpula da PGR, que quer unificar as forças-tarefas e concentrar poderes sobre elas.
A Greenfield foi criada em julho de 2016 para apurar desvios nos maiores fundos de pensão do país.
Investigou desvios na Caixa, e foi a responsável pela apreensão das malas de dinheiro com R$ 51 milhões de Geddel Vieira Lima, ex-ministro do governo Michel Temer.
A operação também resultou nas denúncias de políticos como o próprio Temer e os ex-deputados Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, além de Geddel e de Lúcio Funaro.
“Por maior que seja o espírito público e a vontade de lutar pela Justiça, permanecer como único membro de dedicação exclusiva à força-tarefa pareceu-me inaceitável”, afirma Lopes na carta de despedida aos colegas.
A decisão de deixar apenas um integrante exclusivo para a Greenfield foi do vice-procurador-geral, Humberto Jacques, que, em junho, fez duras críticas ao modelo de forças-tarefas.
Em agosto, o procurador Anselmo Lopes pediu a participação de mais uma procuradora para ajudá-lo. Ele obteve a autorização no Conselho Superior do Ministério Público, mas dependia ainda de um aval final da PGR, que nunca veio.