sábado 18 de maio de 2024
O senador Otto Alencar afirma quer há falha na articulação do governo: as votações têm sido apertadas — Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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sábado 4 de maio de 2024 às 14:50h

‘Congresso não foi eleito para dizer amém ao governo’, diz Otto Alencar; leia entrevista

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Aliado do presidente Lula da Silva (PT) e líder do PSD, a maior bancada do Senado, o baiano Otto Alencar tratou em entrevista a Lauriberto Pompeu, do O Globo, como natural a provável derrota do governo na semana que vem com a derrubada de vetos e afirmou que os parlamentares não foram eleitos para darem aval a todos os desejos do Executivo. O senador também criticou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e evitou garantir o apoio do PSD a Davi Alcolumbre (União-AP) na corrida pela sucessão da presidência do Senado, articulação levada adiante pelo atual ocupante do posto, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O Senado e o governo vêm acumulando atritos, e Pacheco disse que falta diálogo por parte do Executivo. O Planalto está errando nessa relação?

Concordo com as respostas que foram dadas pelo presidente Rodrigo Pacheco. Foi uma surpresa para nós a judicialização da desoneração. Nunca nenhum líder do governo me disse que isso ia acontecer. Sobre os vetos, sobretudo a “saidinha”, vou liberar a bancada e votar para derrubar, porque sou contra. Em relação às emendas, foi acertado que seriam liberados R$ 3,6 bilhões dos R$ 5,6 bilhões (que foram vetados nas emendas de comissão). O Randolfe (Rodrigues, líder do governo no Congresso), está conversando com as lideranças para ver se resolve alguns deles.

Esse cenário de derrubada de vetos não era comum até pouco tempo atrás…

O Congresso não foi eleito para dizer amém permanentemente ao que o governo quer. Se um parlamentar, com suas convicções, se dobra, vai perder a altivez. Mas o Congresso não faltou ao governo nas pautas econômicas: aprovamos o arcabouço fiscal e a Reforma Tributária, entre outros projetos. O governo foi vitorioso, mas há de convir que os parlamentares, mesmo sendo da base, como é o meu caso, têm algumas convicções na área de costumes.

O governo corre mais risco no Senado agora, diante desse mal-estar?

A declaração do ministro (Fernando) Haddad dizendo que o Congresso precisa de responsabilidade fiscal não abalou a relação política institucional. O presidente Pacheco deixou isso bem claro, e eu concordo plenamente. Não vejo no ministro Haddad, por mais respeito que eu tenha pelo trabalho dele, autoridade política para dar reprimenda ao Congresso, a senadores e a deputados eleitos pelo voto livre e soberano do povo. Não cabe ao ministro da Fazenda, seja ele quem for, uma fala como aquela. A declaração foi inadequada e desnecessária. Toda matéria que foi encaminhada pelo ministério dele foi aprovada. Isso não altera o que é de interesse do país. Foi resolvido, não fica sequela. Votamos o Perse e vamos votar o DPVAT.

Há senadores reclamando que não são atendidos com emendas e cargos e da falta de diálogo com os ministros. Isso prejudica a formação da base?

Eu não tenho essa queixa. Minhas relações com os ministros são institucionais e boas. Agora, não é para fulanizar, mas a relação do governo de maneira geral com os senadores está bem distante. Tem muitas dificuldades nas soluções e no atendimento aos senadores da base. Isso é fato, tanto é que as votações têm sido muito difíceis e apertadas.

Há falhas do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) ou do próprio presidente Lula?

Não tenho nomes para citar, é a relação mesmo com o governo de maneira geral. Existe essa dificuldade de que as políticas públicas andem com mais celeridade.

O senhor, como um dos fundadores do PSD, vê chance de o partido apoiar a reeleição de Lula, mesmo com a proximidade de Gilberto Kassab com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e de setores da sigla no Sul com o bolsonarismo?

Em política, só se toma decisão quando o momento exige. O momento é lá para junho ou julho de 2026. Não faço avaliação futurista, sou muito do presente.

O PSD vai apoiar a volta de Davi Alcolumbre à presidência do Senado ou terá candidatura própria?

Vamos ter que reunir o partido. Não decido sozinho. Até agora não existe posição. Davi Alcolumbre é do União Brasil, não do PSD.

Pacheco tem uma relação próxima com Alcolumbre.

Comigo também, mas ele nunca tocou nesse assunto. O grande comandante na sucessão de Casa Legislativa é o próprio presidente.

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