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sexta-feira 6 de outubro de 2023 às 08:05h

Comando Vermelho e PCC dominam economia do crime, diz jornal

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A economia do crime prospera como nunca e continua a produzir conflitos armados e mortes em escala assustadora com a participação pouco inteligente e ineficaz das políticas de segurança pública. A crise da Bahia é só o exemplo estridente da hora, momentaneamente ofuscado pela execução de médicos no Rio, diz Marcos Augusto Gonçalves, editor do jornal Folha de São Paulo.

Para ficarmos no ramo mais lucrativo do negócio, o tráfico de cocaína, o cenário impressiona. Passa pelo território brasileiro, vizinho dos fornecedores mundiais, 50% da produção da droga. Parte fica por aqui mesmo –já somos o segundo maior consumidor do mundo, atrás dos EUA– e o restante segue rumo à Europa.

Essa montanha de cocaína, equivalente a 710 toneladas, segundo os dados mais recentes da ONU, de 2021, atinge o valor de US$ 65 bilhões a preços do mercado europeu –algo em torno de 4% do nosso PIB.

Some-se a isso o faturamento com outros entorpecentes e práticas ilícitas e nos vemos diante de uma atividade que, além de extremamente rentável, tem expressiva presença na economia nacional.

PCC planejava ataque terrorista e colocar culpa no rival Comando Vermelho - Ponte JornalismoO mercado do narcotráfico no Brasil é disputado por mais de 50 facções, todas formadas em presídios. As “majors” são o PCC (Primeiro Comando da Capital), de origem paulista, e o CV (Comando Vermelho), nascido no Rio, que já se expandiram nacional e internacionalmente. Na disputa que travam, atraem facções locais para avançar sobre posições e territórios vantajosos. Estima-se que na Bahia quase uma dezena delas estejam em guerra.

Ao mesmo tempo, novas fronteiras abriram-se nos últimos anos para o crime organizado. Em busca de “capital de giro”, oportunidades de lavagem de recursos e outras fontes de ganhos, dispararam as operações no mundo virtual (o roubo de celulares e fraudes online tornaram-se rotineiros) e as incursões em áreas da Amazônia, onde as facções se dedicam ao garimpo e outros empreendimentos predatórios.

“Temos um sistema que está se tornando híbrido, no qual o ambiente virtual já representa parcela importante”, diz Renato Sérgio de Lima, coordenador do Fórum Nacional de Segurança Pública. Ele aponta uma crescente defasagem entre os processos cada vez mais complexos da economia do crime e o modelo de segurança que permanece inalterado desde a Constituição de 1988.

Muitas crianças entram nas facções deste de cedo e vivem em média até os vinte anos – Foto: Reprodução

Predomina nos estados o enfrentamento armado ao narcotráfico, prioritariamente no varejo, sob a forma da guerra às drogas. Nem mesmo uma distinção objetiva entre usuário e traficante foi estabelecida. Com alta letalidade policial, foco em quadrilhas e efeitos colaterais insustentáveis para as populações que vivem em áreas dominadas por facções, o Brasil já naturalizou o convívio com matanças, tiroteios diários, aumento explosivo da população carcerária e índices de homicídios elevadíssimos.

Efeitos demográficos e alguma melhoria incremental nas polícias e políticas públicas ajudaram a reduzir a mortandade. Mas são ainda 47 mil homicídios por ano, patamar acima do verificado mesmo em países grandes e mais populosos, como os EUA e a Índia.

Ou o Brasil muda esse modelo, aumentando o investimento em inteligência e no aperfeiçoamento das Polícias Civis, em busca de alvos mais poderosos e estratégicos, ou continuaremos com o padrão que se repete há décadas, fomentado por bravatas e valentia eleitoreira de governantes e autoridades estaduais e federais.

Nesse aspecto não há motivo para distinguir o PT de outras siglas. O Rio, por exemplo, que recentemente perdeu o posto de estado mais violento para a Bahia, à exceção da breve passagem de Benedita da Silva, em 2002, nunca teve um petista no Guanabara. E a Bahia, onde o PT nas últimas administrações deu mostras de incompetência, a taxa de homicídios sobe há 40 anos.

A partidarização do debate não serve para nada, apenas ajuda a desviar a atenção dos problemas reais que se acumulam e clamam por solução.

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