O delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem Rodrigues, responsável pela segurança de Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha eleitoral de 2018, após a facada que o então candidato sofreu em Juiz de Fora (MG), foi confirmado pelo Senado nesta última quarta-feira (26) como o novo diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
A Abin, segundo o seu próprio site oficial, é responsável, entre outras coisas, pela formulação e execução de políticas de inteligência, por avaliar ameaças internas e externas à ordem constitucional, proteger conhecimento sensíveis à segurança do Estado e da sociedade e planejar e executar ações sigilosas para obtenção e análise de dados destinados a assessorar o presidente da República.
O órgão foi criado oficialmente em 1999, mas a agência federal de inteligência existe ao menos desde 2927. A atual estrutura sucedeu à do antigo SNI (Serviço Nacional de Informações), que foi amplamente usado durante a ditadura militar para monitorar e perseguir opositores ao regime.
Ramagem foi sabatinado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional e teve seu nome aprovado pelos parlamentares – a partir de agora, ele pode assumir o cargo, que vem sendo exercido pelo oficial de inteligência Janér Tesch Hosken Alvarenga, nomeado pelo então presidente Michel Temer.
A aprovação ocorreu com 64 votos favoráveis, três contrários e duas abstenções. Um dos sabatinadores de Ramagem foi o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que cobrou do novo chefe da Abin empenho na solução do caso do militar da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, preso em Sevilha (Espanha) com 39 kg de cocaína dentro do avião presidencial reserva.
“Dá vontade de utilizar palavras bem baixas para uma pessoa que faz uma coisa dessas, acreditando que não vai ser pega. Olha a relevância de se ter informações, e a iniciativa para se prevenir coisas desse tipo. É um criminoso, e bandido bom é aquele que a gente conhece deitado, enterrado. É difícil até tentar tipificar a conduta desse bandido. Se seria ‘apenas’ um traficante de drogas utilizando um avião da Presidência da República, ou se tem intenções de criar mais um problema contra o atual governo (…). Bom, o vagabundo já está detido em Sevilha e o governo irá colaborar de todas as formas para elucidarmos o caso”, afirmou Flávio.
Ramagem respondeu: “Que [o militar] seja retirado para não manchar os demais 300 mil militares neste país. Vai haver cooperação com as congêneres de polícia, de investigação e de inteligência, e os rigores da lei contra essa pessoa. Temos que investigar porque ninguém chega com essa quantidade de entorpecentes sem uma fonte de origem e sem um contato. Todas essas questões têm que ser levantadas. A inteligência tem que estar nisso”, disse.