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terça-feira 26 de julho de 2022 às 15:48h

Campanha de Bolsonaro deve priorizar participação de Michelle em eventos ao lado do presidente

NOTÍCIAS, POLÍTICA


A participação da primeira-dama Michelle Bolsonaro na convenção do PL no domingo (24), no Rio, animou o núcleo da campanha do presidente da República. Conforme  Jussara Soares, do jornal O Globo, integrantes do grupo entendem que, apesar disso, ela não deve mergulhar de cabeça no projeto eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, mas se dedicar apenas a agendas pontuais. A equipe de reeleição acredita que o casal junto “funciona melhor” para a missão de suavizar a imagem de Bolsonaro do que apostar em agendas separadas e, por isso, essa deve ser a prioridade.

A participação da primeira-dama nos eventos, porém, ainda é assunto delicado. Como mostrou a coluna Lauro Jardim, Michelle, no dia seguinte à convenção, faltou a um evento de empresárias com Bolsonaro em São Paulo e gerou reclamação de um integrante da campanha que esperava “engajamento total”.

O núcleo político do projeto da reeleição avalia que a presença dela ao lado de Bolsonaro em eventos no período eleitoral tem potencial para diminuir a resistência do titular do Palácio do Planalto entre as mulheres, grupo em que, segundo as pesquisas, o presidente não tem o mesmo desempenho que entre os homens.

Com isso, a ideia seria priorizar a participação de Michelle em eventos com o presidente em vez de ter uma agenda própria de viagens. Uma das hipóteses é que ela possa conciliar as agendas e, durante as viagens com o marido, reservar um momento para falar diretamente às eleitoras, principalmente em igrejas evangélicas ou com entidade de ações sociais ligadas às causas em que ele já atua.

No governo, a primeira-dama se empenha em eventos do programa Pátria Voluntária, de incentivo ao voluntariado, e em causas de defesa de pessoas com doenças raras e na inclusão da comunidade surda com a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Sem cobrança

Embora relevante para a campanha, integrantes do núcleo político dizem que o engajamento da primeira-dama é um tema delicado e, embora haja a expectativa de participação efetiva dela, não haverá cobrança explícita para que ela se empenhe.

Até agora a ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) tem sido a principal incentivadora da participação da primeira-dama na campanha. Preterida por Bolsonaro na disputa por uma vaga ao Senado pelo Distrito Federal, Damares, que ainda tem o futuro indefinido, disse que se descompatibilizou do cargo para ajudar no projeto de reeleição.

— Michelle sempre esteve à disposição dos coordenadores da campanha. Eu me descompatibilizei para ajudar na campanha com ela e não para ser candidata. Temos muitos convites para participar de eventos, principalmente nas igrejas em que ela fala para 6 mil, 7 mil pessoas. Nas viagens com o presidente, ela pode ir para algum encontro enquanto ele vai a outro — disse Damares ao GLOBO.

Na convenção do PL de domingo no Rio de Janeiro, Michelle, até então resistente a se engajar, foi a primeira a falar. Por 12 minutos, mesclou o discurso religioso com uma tentativa de humanizar a imagem do marido com foco no eleitorado feminino. Há um entendimento interno que Bolsonaro não mudará seu perfil considerado agressivo por esta parcela do público. Por isso, os estrategistas já vinham defendendo que Michelle falasse como ela vê o marido e contasse como o presidente é na intimidade.

— Eu sempre oro toda terça-feira no gabinete dele quando ele vai embora. Quando o Planalto se fecha, eu entro com meus intercessores e oro na cadeira dele. E eu declaro todos os dias: Jair Messias Bolsonaro ser forte e corajoso, não temas. Não temas. Ele é um escolhido de Deus, ele é um escolhido de Deus. Esse homem tem um coração puro, limpo, além de ser lindo, né? Mas é meu — disse Michelle no domingo.

A primeira-dama chegou a se filiar ao PL para participar dos programas partidários na TV, mas Michelle acabou não gravando, apesar dos apelos do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que chegou a ligar para ela pessoalmente.

— A reeleição não é por um projeto de poder como muitos pensam. Não é por status, porque é muito difícil estar desse lado. A reeleição é por um propósito de libertação, por um propósito de cura para o nosso Brasil — disse a primeira-dama.

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