domingo 19 de maio de 2024
Diretores do Banco Central, que integram o Comitê de Política Monetária (Copom) — Foto: Divulgação/BC
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quarta-feira 8 de maio de 2024 às 18:35h

BC reduz Selic para 10,50%; decisão dividiu diretores indicados por Lula e Bolsonaro

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Com mais dúvidas sobre a inflação e as contas públicas, o Banco Central (BC) decidiu puxar o freio e reduzir o ritmo de corte de juros nesta quarta-feira (8). O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou a Taxa Selic — os juros básicos da economia — em 0,25 ponto porcentual, de 10,75% para 10,50% ao ano. O novo nível da Selic é o mais baixo desde dezembro de 2021 (9,25%). As informações são de Thaís Barcellos, do O Globo.

A decisão foi dividida entre os nove membros do comitê, colocando em lados opostos os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti, Ailton Aquino e Rodrigo Teixeira) e os componentes que estavam na gestão Jair Bolsonaro, incluindo o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

A opção pelo corte de 0,25 pp ocorre após seis reduções consecutivas de 0,50 pp desde o início do ciclo alívio da Selic, em agosto do ano passado. Apesar de contrariar a indicação dada pelo Copom na reunião anterior, em março, de mais uma queda da Selic de 0,50 ponto porcentual, a redução mais modesta já era esperada pela maior parte do mercado financeiro desde meados de abril.

De um total de 94 bancos e gestoras consultadas pelo Valor Data, 60 projetavam um corte de 0,25 ponto percentual nesta reunião, enquanto o resto estimava uma redução de 0,50, conforme sinalizado previamente pelo BC em março.

Em meados de abril, em evento do FMI, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reagiu a notícias negativas sobre a situação fiscal no Brasil e à inflação dos Estados Unidos, que levaram a um salto no dólar, e indicou que o BC deveria optar por uma marcha mais lenta se não houvesse diminuição da incerteza. Caso houvesse alívio, Campos Neto havia apontado que o comitê poderia seguir o plano traçado de ao menos mais um recuo de 0,50 ponto.

A declaração ocorreu na semana em que o governo brasileiro alterou as metas fiscais de 2025 em diante, prevendo alvos menos ambiciosos, o que segundo Campos Neto aumentou o cenário de incerteza sobre o controle fiscal no Brasil. Desde lá, porém, o mercado acalmou, o dólar recuou e novos dados de inflação local foram mais favoráveis, o que mantinha a redução de 0,50 ponto em jogo.

Por outro lado, houve aumento nas expectativas de inflação para 2025, ano em que o Copom está focado para trazer a inflação para a meta. No Boletim Focus, a projeção para o IPCA – índice oficial de inflação – passou de 3,52% para 3,64%, contra o centro da meta de 3,0%. Além disso, os dados de mercado de trabalho continuaram fortes, mantendo o receio sobre os impactos nos preços de serviços, outra preocupação da instituição. A inflação este ano ainda deve sofrer com as consequências provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

A divisão entre os membros do comitê também já era esperada, uma vez que o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, já havia defendido que o Copom não deveria se “emocionar muito” com flutuações de curto prazo do mercado financeiro. Galípolo foi um dos primeiros diretores a ser indicado por Lula e é o mais cotado para assumir o cargo de Campos Neto, cujo mandato termina no fim deste ano.

Com o freio na queda de juros, o BC abre novo flanco no embate com o Palácio do Planalto, que tem feito críticas abertas à gestão de Campos Neto desde o início do terceiro mandato. No Ministério da Fazenda, a avaliação é de que havia espaço para uma queda mais forte, já que o cenário melhorou desde meados de abril. Mas a queda de 0,25 ponto já estava na conta, uma vez que Campos Neto não “voltou” atrás em suas declarações.

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