Brasileiros de todas as idades se mostram uníssonos na internet quando o assunto é preocupação com saúde mental, segurança e meio ambiente. Segundo reportagem de Natália Flach, do jornal Valor, as gerações — prateada (formada por pessoas com mais de 60 anos), X (de 43 a 59 anos), Y (de 27 a 42 anos) e Z (jovens com até 26 anos) — também são taxativas quanto à importância da cultura. Essas são as conclusões de um estudo feito pelo Centro de Pesquisa Ponto MAP, a partir de 19,6 mil publicações feitas no quarto trimestre do ano passado por influenciadores digitais, formadores de opinião e público em geral.
Segundo Marília Stabile, fundadora da Ponto MAP, as postagens no Facebook, Instagram, TikTok e X (ex-Twitter) foram comparadas com dados levantados por institutos de referência, como IBGE, DataSUS, Caged, Ipea, entre outros. “O objetivo era entender se as redes sociais apontavam para uma tendência ou se eram apenas sensações”, explica.
A conclusão, segundo a especialista, é que os anseios nas plataformas digitais são um retrato da sociedade. A preocupação com a saúde mental nas redes, por exemplo, vem a reboque do aumento de casos de depressão no Brasil, enquanto a angústia com as mudanças climáticas são reflexo dos desastres naturais que estão cada vez mais intensos e frequentes.
Mas o estudo não traz apenas consenso. De acordo com a pesquisa, cada geração é impactada por esses temas de forma distinta. A geração Z, por exemplo, é a que mais se ressente da qualidade de vida, tendo como referência a autoavaliação da saúde mental.
Saúde mental
Quanto maior o número, maior a confiança relacionada ao tema (a escala vai até 100)
Fonte: Pesquisa Pulso de Gerações
O gráfico aponta que todas as gerações estão pessimistas com qualidade de vida, pois estão abaixo de 50%. A geração prateada, no entanto, está quase nesse limiar, uma vez que não usa as redes apenas para debater os problemas, mas também alternativas, como terapias, esporte e lazer.
Bandeiras contra o preconceito
Quanto maior o número, maior o ativismo nas redes sociais (a escala vai até 100)
Fonte: Pesquisa Pulso de Gerações
A geração Z é a mais ativista nas pautas sociais, combatendo crimes como homofobia e transfobia, e imposição de padrões corporais. “Para esses jovens, não basta não ser racista, é preciso combater todo o tipo de preconceito”, afirma Giovanna Masullo, presidente do centro de pesquisa. Por sua vez, personalidades conservadoras, que somam 30% dos pesquisados das gerações X e prateados, usam as redes sociais para reduzir a importância desse ativismo.
Já no que se refere à segurança pública o levantamento mostra que há uma aflição generalizada; porém, as gerações Z e Y são as menos confiantes no sucesso das políticas públicas. Por sua vez, os mais jovens lideram o debate de violência policial e cobram autoridades.
Segurança
Quanto maior o número, maior o otimismo com as políticas públicas na área (a escala vai até 100)
Fonte: Pesquisa Pulso de Gerações
São os jovens que também se afligem mais com o aquecimento global, apesar de serem os que menos se mobilizam nas redes. Nesse debate, os adultos da geração Y são os que mais empunham a bandeira ao expor um cotidiano prejudicado por eventos climáticos extremos. Já a geração X endossa publicações sobre queimadas e desmatamento, mas não emite opinião nas plataformas.
Mudanças climáticas
Quanto maior o número, maior o otimismo com a situação ambiental (a escala vai até 100)
Fonte: Pesquisa Pulso de Gerações
Otimismo com a cultura
As quatro gerações se mostram otimistas com a cultura, que cumpre papel tanto na redução da desigualdade social, quanto na melhora da qualidade de vida. No caso dos jovens, o foco é a cultura pop, com destaque na música, no cinema e em séries. Por sua vez, os millennials (Y) se mostram esgotados com as franquias de filmes infindáveis, como as de super-heróis. Já a geração X exalta o cinema nacional como forma de valorizar a cultura brasileira, e os prateados veem o tema pelo viés político, como uma ferramenta de educação e inclusão social.
Redes sociais favoritas
Os idosos são os que mais usam o Facebook atualmente. Já as gerações X e Y são imagéticas e, por isso, elegem o Instagram como principal plataforma. Por sua vez, os jovens respondem pela maior fatia dos usuários do TikTok, apesar de serem os mais presentes no Twitter.