Um grupo de ao menos 500 brasileiros está se mobilizando, por meio de aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram, para participar do conflito entre Rússia e Ucrânia, que acontece atualmente no território ucraniano. Segundo o portal UOL, que conversou com os interessados, os custos são de até R$ 7 mil por pessoa.
De acordo com a publicação, o grupo pretende se alistar à Legião Internacional de Defesa do Território, criada pelo governo ucraniano em meio ao conflito com as tropas russas. Aproximadamente cem pessoas formalizaram contato junto à Embaixada da Ucrânia no Brasil e 15 brasileiros já estão na zona de conflito.
Um dos integrantes do grupo é o atirador esportivo e ex-militar Adalton Silva, proprietário de uma empresa de segurança privada no interior do Rio de Janeiro. Silva, que teve três anos de experiência no batalhão de infantaria das Forças Armadas brasileiras, diz que participar de sete grupos no WhatsApp — cinco deles como administrador.
De acordo com ele, 80% do grupo de interessados em atuar no conflito é formado por ex-militares. O restante é composto por tradutores com fluência nos idiomas ucraniano ou inglês, médicos e enfermeiros.
– Temos uma equipe bem estruturada disposta a ajudar. São pessoas para as quais eu posso falar: ‘cubra a minha retaguarda’, ‘acerte um alvo a 300 metros de distância’. É gente da minha inteira confiança e subordinada a mim. Não queremos levar ninguém para morrer – afirma.
Atualmente, Silva tenta conseguir transporte para levar o grupo até a Polônia, na fronteira com a Ucrânia, onde os alistamentos para integrar a Legião Internacional de Defesa do Território estão ocorrendo. Para isso, ele chegou inclusive gravou um vídeo com pedido de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
– Eu quero pedir ajuda do governo federal para embarcar à Ucrânia e ajudar os irmãos ucranianos. Só queremos ajudar aos necessitados. A nossa ideia é oferecer ajuda humanitária. Nossos irmãos ucranianos estão sendo massacrados – diz ele.
Outro integrante do grupo é o empreendedor Bruno Evans, de 27 anos, que já tem data prevista para deixar o Brasil em direção à Polônia. Segundo ele, os gastos são de até R$ 7 mil com passagens aéreas e documentação. Com dois anos de experiência na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, ele diz estar disposto a morrer.
– Estou disposto a morrer na guerra, se necessário. Quem vai para a Ucrânia, tem que saber dos riscos. Não sei se vou sair da guerra vivo ou se vou ficar com sequelas. Mas minha ideia é ficar na Ucrânia e não voltar mais ao Brasil – declara.
Russos atentos sobre mobilização
Apesar de parecer uma iniciativa de pouco impacto diante da força militar russa, um profissional da indústria bélica internacional garantiu, de acordo com o UOL, que o serviço de inteligência da Rússia não está de olhos fechados para a movimentação de brasileiros e que monitora essas ações e outras de voluntários na América Latina.
Apoio ucraniano
Na manhã da última quinta-feira (3), as Forças Armadas da Ucrânia publicaram um comunicado em rede social confirmando que os interessados em lutar pelo país deveriam procurar as embaixadas. Segundo o documento, as despesas da viagem devem ser bancadas pelos voluntários.
O comunicado afirma ainda que interessado deve portar documentos como passaporte, uniformes e equipamento de trabalho militar. Os vistos são desnecessários. O candidato deve preencher um formulário. Se aceito, deverá arcar com os custos da viagem até a Ucrânia.
– Os representantes das embaixadas ucranianas e o comando das forças de Defesa Territorial vão providenciar ajuda na rota – completa o comunicado.