Agendas de empresários brasileiros no exterior são o caminho. Até mesmo quando a resposta efetiva não está assegurada.
Um momento Faça-a-Coisa-Certa. É papel estratégico, é eficaz e é eficiente, diz Carlos José Marques, da Editora 3, em seu artigo. Isso porque no mundo pós-pandêmico duas quimeras passaram a assustar governantes e, especialmente, o setor produtivo global.
A primeira quimera é a de que as cadeias de suprimentos são ineficientes. Se tornaram fragilizadas, ou facilmente interrompidas.
Isso tem levado a um passo atrás no movimento de internacionalização de linhas de produção e, consequentemente, nos fluxos de capitais via investimentos diretos. Como consequência, países que se portavam como vanguarda passaram a atuar numa defesa nacionalista (e muitas vezes xenófoba).
Ao fechar fronteiras, a balança planetária se tornou desigual. Afinal, nações com margem para ampliar o endividamento público sem riscos de hiperinflação, caso dos Estados Unidos, derramam isenções e benefícios em indústrias estratégicas, como a de microprocessadores, ou nas cadeias da indústria de veículos elétricos, ou mesmo na vanguarda da inteligência artificial.
Em nome de não ficarem expostos na geopolítica, arrancam dinheiro de fundos destinados ao clima e à energia para promover o setor nacional de chips, caso da Alemanha. Benefícios bilionários. E atira-se a cartilha dos bons modos no lixo. Se a primeira quimera é a (re)nacionalização produtiva, a segunda é a de que a internacionalização — ou o nome que se queira dar com a finada globalização — foi um erro. E chovem narrativas, desde agências de notícias até supostos especialistas, de que um mundo de portas abertas se trataria de estupidez brutal. E muita gente passou a afirmar que a alternativa pelo universo plural deve ser revista.
A preponderância desse discurso é letal ao Brasil. Porque se culturalmente somos um caldo miscigenado, economicamente ainda somos o avesso. Nosso PIB é o 11º do mundo (segundo o Banco Mundial). Mas no ranking per capita (Worldometers) desabamos para o posto 83 (US$ 17,8 mil), atrás de Geórgia, Albânia e Irã, além de outras sete dezenas e meia de países. Aí voltamos a ser grandes — nossa população é a 7ª maior do mundo (Worldometers). Volta-se para a gangorra e temos IDH mais pra cadeira 90, e no índice Gini, outra vergonha. A resposta disso tudo se resume em nossa participação nas transações internacionais, que beira 1%. Está evidente que só nos tornaremos uma Nação relevante no comércio global ampliando nossos espaços e nossas interlocuções.
Assim, a inédita comitiva de mais de uma centena de empresários, governadores, prefeitos, senadores e deputados para um encontro full day em Washington (foto), como o organizado pelo grupo Lide, envolvendo organismos multilaterais do porte do BID e do Banco Mundial, são uma longa estrada no fim do túnel. Avanços consideráveis. Mais que isso: decisivos. A lamentar que não nasçam de políticas de Estado, pois ainda surgem por mérito da agenda privada.
E nada de crescimento a qualquer preço. O foco em iniciativas de infraestrutura, social e ambiental segue intrinsecamente associado a critérios que harmonizam o binômio preservação + crescimento. De certo há um novo País sendo forjado, inclusive (e especialmente) aos olhos do mundo. Uma vanguarda capitaneada pelo melhor do pensamento privado brasileiro. Aquele que não ignora nossas mazelas sociais, e que igualmente nunca teme abrir caminho e buscar soluções pela via do capital.