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Bombeiros encontram mochila submersa em rio com pertences dos desaparecidos no AM

Projeto de monitoramento equipa e treina indígenas para fazer vigilância da região - Foto: BRUNO ARAÚJO/UNIVAJA
segunda-feira 13 de junho de 2022 às 05:34h

Conforme a Folha. bombeiros encontraram neste último domingo (12) uma mochila e objetos pessoais pertencentes ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista Dom Phillips, desaparecidos desde 5 de junho na região do Vale do Javari (AM).

O material encontrado estava submerso numa área às margens do rio Itaquaí, onde estão concentradas as buscas pelos dois.

Na noite deste domingo, a Polícia Federal confirmou que os objetos pertencem a Pereira e Phillips. O órgão disse em nota que foram encontrados um cartão de saúde de Pereira, um chinelo, uma calça e um par de botas, também pertencentes ao indigenista. Foram achadas ainda botas e uma mochila do jornalista britânico, além de roupas pessoais.

Mais cedo, agentes do Corpo de Bombeiros do Amazonas que participaram da operação de busca disseram que havia entre os pertences encontrados um notebook, mas o comunicado da PF não menciona esse item.

Pereira e Phillips viajavam pelo rio Itaquaí à cidade no dia do desaparecimento, mas não chegaram ao destino.

Os artigos dos dois foram encontrados por mergulhadores dos bombeiros. De acordo com eles, a mochila estava amarrada numa árvore submersa no igapó —área de mata inundada por água, à margem do rio. Ela foi entregue à Polícia Federal.

A expectativa das autoridades que atuam na investigação é que os pertences ajudem a destravar as investigações.

Indígenas e representantes da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) disseram já no local que os objetos pertencem aos desaparecidos, ainda segundo os bombeiros.

Um dos envolvidos nas buscas, que conhece o indigenista, havia dito à Folha na tarde de domingo ter visto um documento de Pereira entre o material recolhido.

Pereira é servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio) e, até o desaparecimento, atuava como colaborador da Univaja.

Às 17h11, horário de Atalaia do Norte (19h11 em Brasília), a equipe de policiais federais chegou ao porto da cidade com os pertences encontrados na perícia.

Havia no local um clima de comoção entre pessoas ligadas à Univaja.

Nove bombeiros atuaram na busca deste domingo, sendo quatro mergulhadores. ​Eles também afirmaram que o modo como os objetos estavam depositados sob a água indica intenção de ocultamento.

Os artigos foram encontrados numa área que tinha sido isolada no sábado (11) pela Polícia Federal, nas margens do rio Itaquaí. Indígenas que auxiliam nas buscas haviam sinalizado que a vegetação no local tinha sinais de que um objeto de grandes proporções havia adentrado pela mata.

A Folha acompanhou, no sábado, o momento em que policiais federais avançaram por um igapó para uma perícia inicial do local. Os agentes isolaram com uma fita amarela o trecho onde existe a suspeita de passagem da lancha dos desaparecidos.

As autoridades retornaram à região neste domingo para realizar novas buscas, que resultaram na descoberta da mochila e dos demais objetos.

A suspeita de indígenas, relatada à Folha no sábado com o auxílio de tradutores, é que a embarcação usada por Pereira e Phillips pode ter perdido a direção, após um possível ataque, e ter avançado pelo igapó de forma descontrolada.

Na nota deste domingo, a PF diz que as procuras pela selva são “minuciosas”, “em trilhas existentes na região, áreas de igapós e furos do rio Itaquaí.”

“Nada é mais importante do que a busca pelos senhores Bruno Pereira e Dom Phillips. Os órgãos federais e estaduais reforçam o compromisso com a elucidação dos fatos e mantém a esperança de encontrá-los”, afirma a corporação.

Segundo as primeiras investigações policiais, Pereira e Phillips foram vistos pela última vez na altura da comunidade de Cachoeira, às margens do rio, onde vivem cerca de 15 famílias de pescadores e pequenos agricultores.

Os relatos de testemunhas relacionadas aos últimos momentos em que Pereira e Phillips foram vistos se tornaram elementos de prova sobre a suposta participação de Amarildo Oliveira, o Pelado, no desaparecimento.

A família de Pelado diz que ele não tem qualquer envolvimento com o desaparecimento, com atividades criminosas e com armamento ilegal. O suspeito também diz ter sido torturado pela Polícia Militar do Amazonas.

Pelado vive na comunidade de São Gabriel e teria sido visto em uma outra embarcação atrás do barco usado pela dupla, na altura de Cachoeira.

O fato de elementos de prova terem sido localizados não altera, por enquanto, o grau de suspeitas sobre Pelado, disseram, reservadamente, investigadores à Folha.

Há uma incoerência entre tais relatos com o local isolado pela PF, onde foram encontrados os pertences. Isso porque o ponto em que a mochila foi encontrada é anterior à comunidade de Cachoeira, para quem está descendo o rio, como a dupla desaparecida fazia no domingo rumo a Atalaia do Norte.

Caso uma lancha tivesse desaparecido nesse ponto, ela ainda não teria passado pela comunidade.

O trabalho da PF foi feito numa parceria com indígenas que vêm empreendendo as buscas por qualquer vestígio relacionado a Pereira e Phillips. No momento do isolamento, os indígenas estavam em duas embarcações usadas no projeto de vigilância mantido pela Univaja. Uma dessas canoas foi utilizada pela Polícia Federal para isolar o local.

A área em questão não está dentro da terra demarcada, onde vivem os indígenas envolvidos nos trabalhos.

A Polícia Federal afirmou na quinta (9) que encontrou vestígio de sangue no barco de Pelado. O material será cruzado com elementos de DNA de Pereira e Phillips.

Equipes de busca localizaram no rio Itaquaí, nas proximidades do porto de Atalaia do Norte, material orgânico aparentemente humano, também encaminhado para perícia.

A Justiça do Amazonas acatou pedido da PF e decretou a prisão temporária de Pelado por 30 dias. Dias antes, ele havia sido preso, mas sob acusação de manter munição de fuzil e calibre 16, que são de uso restrito.

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