Sem conseguir intimar Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, a pagar uma dívida de R$ 360 mil, um banco requereu nesta segunda-feira à 1ª Vara Cível de Brasília que seja realizada uma pesquisa de ativos financeiros em seu nome a fim de que se efetive o arresto de seus bens — termo jurídico que significa a apreensão de carros ou imóveis, por exemplo, para garantir que o valor seja pago.
O “Zero Quatro” já é réu em outra ação, que tramita na 5ª Vara Criminal, pelos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e uso de documento falso, sob suspeita de utilizar uma declaração de faturamento com informações falsas de sua empresa para obter esse empréstimo que não foi pago.
A defesa de Jair Renan negou a Paolla Serra, do O Globo, irregularidades. Em nota enviada anteriormente, os advogados afirmaram que o filho do ex-presidente “foi vítima de um golpe montado por pessoa, que apenas depois se soube ser conhecida pela polícia e pela Justiça”. Ainda segundo os defensores, “tudo ficará esclarecido no curso do processo”.
De acordo com a petição, foi solicitada a expedição de um novo mandado de intimação para um endereço em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina, onde Jair Renan mora desde março do ano passado. Na ocasião, ele foi nomeado como auxiliar parlamentar do gabinete do senador Jorge Seif (PL-SC), onde recebe R$ 9,5 mil mensais.
Até então, o oficial de justiça vinha tentando localizar o “zero quatro” no estádio Mané Garrincha, em Brasília, onde funcionava a sede da Bolsonaro Jr. Eventos e Mídia. A empresa tinha como principal ramo de atuação fornecer “serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas”.
Segundo o inquérito da Polícia Civil, o alvo da suspeita era uma declaração de faturamento de R$ 4,6 milhões da Bolsonaro Jr. Eventos e Mídia. Com esses números falsos, Jair Renan e o sócio Maciel Alves buscavam lastro para um empréstimo bancário.
“Não há dúvidas de que as duas declarações de faturamento apresentadas ao banco são falsas, por diversos aspectos, tanto material, em razão das falsas assinaturas do Técnico em Contabilidade […], que foi reinquirido e negou veementemente ter feito as rubricas, quanto ideológico, na medida em que o representante legal da empresa RB Eventos e Mídia fez inserir nos documentos particulares informações inverídicas consistentes nos falaciosos faturamentos anuais”, afirmaram os investigadores, no relatório final do caso.
Ainda segundo as investigações, a dupla contraiu pelo menos três empréstimos no Banco Santander. Jair Renan teria se beneficiado de parte dos valores obtidos de forma ilícita, por meio do pagamento da fatura do cartão de crédito de sua empresa, no valor de cerca de R$ 60 mil.
Em depoimento, Jair Renan afirmou não reconhecer suas assinaturas nas declarações de faturamento supostamente falsas e negou ter requisitado empréstimos. Peritos, testemunhas e até imagens de seu login no aplicativo bancário vão de encontro à tese apresentada por ele.