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Cenas de bate-boca e confusão na Câmara nesta terça-feira - Foto: Reprodução
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quarta-feira 12 de abril de 2023 às 18:38h

Baixo nível durante audiências na Câmara incomoda até deputados de oposição: ‘Cena vergonhosa’, diz Feliciano

NOTÍCIAS, POLÍTICA


As discussões frequentes durante audiências na Câmara — que chegaram ao ápice na terça-feira (11), com a presença do Ministro da Justiça, Flávio Dino, na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado — vêm incomodando segundo Luã Marinatto, do O Globo, até mesmo parlamentares de oposição. Em meio às perguntas para Dino, além de vários momentos de bate-boca acalorado e até xingamentos, os deputados Zé Trovão (PL-SC) e Duarte Junior (PSB-MA) quase foram às vias de fato e precisaram ser contidos por policiais legislativos. O entrevero foi classificado como uma “cena vergonhosa” por Marco Feliciano (PL-SP), adversário do governo Lula no Congresso.

— Qualquer clima de beligerância não é producente. A experiência parlamentar me ensina que não posso e não devo cair em provocações. Pois se eu ceder, me desequilibrarei e perderei a razão. A situação sabe explorar a inexperiência, e o resultado foi a vergonhosa cena que o Brasil assistiu — criticou o parlamentar e pastor.

Feliciano afirma que tratou do tema com o Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara, logo após a audiência desta terça-feira. Segundo o pastor, Jordy — que, irritado com a postura dos colegas de bancada, chegou a proferir palavrões depois que a reunião foi encerrada — concordou que é preciso “mudar as abordagens”.

O próprio líder da oposição, no entanto, prefere responsabilizar os parlamentares de situação pela confusão. Embora reconheça que haverá uma conversa interna com um pedido por mais “sangue frio” para “não cair na pilha e nessas armadilhas”, sobretudo com “parlamentares novatos”, Jordy afirma que deputados governistas estariam utilizando “meios muito sujos para provocar e causar tumulto”.

— O que aconteceu ontem (terça-feira) é que a liderança do governo, a mando de Flávio Dino, chegou lá para tumultuar, como já fizeram em outras oportunidades. Ficam falando gracinha, interrompendo, atacando os deputados, provocando. Nós, parlamentares um pouco mais experientes, sabemos como é o modus operandi deles. Já faziam isso quando eram oposição ao governo Bolsonaro. Então, a gente tenta manter mais a calma, mas sabemos que eles fazem isso justamente para que tenha tumulto e acabe a reunião — disse o deputado fluminense, prosseguindo: — Aquilo ali foi terrível e só demonstra que eles não querem debate, não querem responder perguntas. O que eles querem é simplesmente blindar ministros censurando deputados.

Durante a audiência desta terça, Duarte Junior, que já havia discutido com Zé Trovão, chegou a ser xingado pela parlamentar bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP). O pessebista pedia ao presidente do colegiado, o deputado Sanderson (PL-RS), para garantir a ordem, em respeito ao ministro da Justiça, quando Zambelli, que estava sentada logo à frente, virou-se e soltou um: “Tomar no…”

— A Carla foi provocada. Eu não responderia da forma que ela respondeu, mas cada um sabe onde o calo aperta. O deputado da base do governo a provocou de forma injusta. Foram covardes contra uma mulher — afirmou Jordy ao ser questionado se a oposição também não estaria passando do ponto.

Na abertura da sessão desta quarta-feira, que conta com a presença de outro ministro — Silvio de Almeida, titular dos Direitos Humanos —, o presidente da Comissão de Segurança cobrou uma postura diferente dos colegas congressistas. Ele avisou que daria preferência aos membros do colegiado nas perguntas e chamou o ocorrido na véspera de “algo muito ruim para o parlamento”.

— Cada um tem uma ideia, um posicionamento ideológico e não tem problema. Nós não podemos é pessoalizar. Houve aqui ontem três situações de quase vias de fato. Quem ganha com isso aqui? Ninguém. Para movimentar uma reunião dessa há segurança, há um custo administrativo que a Câmara dos Deputados, ou seja, o povo, está pagando, passagens aéreas de deputados… Nós não podemos desperdiçar tempo e nem dinheiro público com questões pessoais. Deixe as questões pessoais lá para fora. Aqui dentro é trabalho sério — exigiu Sanderson, que prosseguiu: — Ontem (terça) nós vimos aqui algo muito feio de parte a parte. Não tem vítima e nem agressores. Eu estou vendo. As duas partes colaboraram para que acontecesse o papelão que aconteceu. E aí fica a população e a sociedade criticando com razão.

Vice-líder do PL na Câmara, o deputado Coronel Meira, de Pernambuco, fez coro com o presidente da comissão ao pedir a palavra:

— Essa comissão é séria. O deputado federal que quiser perturbar, bote uma melancia e vá para casa. Agora respeite os titulares, respeite essa Casa. Quem veio só para tumultuar, de ambas as partes, independentemente de partido. Estamos aqui para trabalhar pelo povo brasileiro e foi um absurdo o que aconteceu.

Já a deputada federal pelo Paraná e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, aproveitou as colocações de membros da oposição sobre o episódio para se manifestar nas redes sociais. Ela cobrou providências do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

“Bolsonaristas acusavam injustamente as universidades de balbúrdia, mas é nisso que estão transformando a Câmara dos Deputados. Xingamentos, gritos e ataques viraram rotina. E olha que não é só a gente que acha isso, até um parlamentar que apoia Bolsonaro lamentou o comportamento da oposição. O presidente da Casa precisa agir sob pena de o Parlamento virar chacota nacional”, escreveu a petista no Twitter

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